INTEGRAÇÃO. Reverência a Anísio Teixeira. Integração. Guanambi, v.8, n.55, jul./ago. 2000. p.12-13.

Reverência a Anísio Teixeira

As comemorações em homenagern ao centenário do educador Anísio Teixeira mobilizaram em festa, dia oito, toda a comuidade de Caetité - berço natal do educador -, contando também com as presenças do govemador da Bahia César Borges e do presidente do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos Magalhães, do senador Paulo Souto, da filha de Anísio, Anna Cristina (Babi) Teixeira, dos secretários de estado da Bahia, Paulo Gaudenzi (Cultura e Turismo) e Eraldo Tinoco (Educação), além de muitas outras personalidades ilustres.

Na oportunidade foram inaugurados o cine-teatro, uma biblioteca pública e um busto do educador no mesmo local onde do Centro de Cultura Casa Anísio Teixeira. A programação incluiu ainda a abertura da exposição "Um olhar sobre Anísio Teixeira: 1900-2000".

Anísio Teixeira foi condecorado post mortem com o título da Ordem do Mérito da Bahia, no Grau de Grande Oficial. O final das homenagens foi abrilhantado pela apresentação da Orquestra Sinfónica da Bahia, na Praça da Catedral.

Ao reverenciar Anísio Teixeira, disse César Borges: "Ele acreditava que a educação seria a grande alavanca para combater as desigualdades sociais e criar uma verdadeira democracia no país". O govemador, na oportunidade, autorizou a licitação para construção de um Colegio-Modelo Luís Eduardo Magalhães no município de Caetité.

Espaço à cultura

A partir de agora, a comunidade caetitense vai dispor do Cine-Teatro Anísio Teixeira, que compõe, juntamente com a casa e a biblioteca homônimas, um complexo cultural significante às solicitações da comunidade local. A obra, realizada pela prefeitura de Caetité e fiscalizada pela Secretaria da Cultura e Turismo através do Ipac - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultutral -, foi financiada pelo estado e custou R$ 461.484,65.

O espaço cultural, aproveitando a área externa da casa onde nasceu o educador, com capacidade para 124 pessoas, equipado com tela deslizante, projetor de vídeo e tratamento acústico para atividades audiovisuais como o teatro, além de palestras e seminários, será administrado pela fundação Cultural Anísio Teixeira.

Apoio da INB

A construção do espaço cultural Casa de Anísio Teixeita contou com a participação efetiva da INB - Indústrias Nucleares do Brasil, que contribuiu com recursos da ordem de R$ 75 mil para instalação e informatização da biblioteca, cujo valor repassado à prefeitura de Caetité faz parte de um convênio específico firmado no ano passado entre as duas partes.

Nas homenagens prestadas ao Educador, em Caetité, a INB se fez também presente inaugurando uma placa alusiva ao centenário do nascimento do ilustre caetitense.

Vida e obra do educador

Bacharel em direito, professor, filósofo, sociólogo e grande administrador, Anísio Teixeira nasceu no dia 12 de julho de 1900, na cidade de Caetité - BA, antiga Vila do Príncipe de Caetité. Era filho do pecuarista, líder político e deputado provincial, Deocleciano Pires Teixeira e de Ana de Souza Spínola (Donana). Anísio era o nono filho do terceiro casamento de Deocleciano (todas as três irmãs).

A morte de Anísio, em 11.03.1971, até hoje é um mistério. Seu corpo foi encontrado dois dias depois de morto no poço do elevador do edifício Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde residia, no andar de cobertura, seu fiel amigo, Aurélio Buarque de Holanda. Anísio fora à casa do amigo pedir-lhe o voto para ingresso na Academia Brasileira de Letras.

O menino tímido de Caetité, de estatura raquítica e fransino, estudou o curso primário na sua cidade natal, inicialmente na escola da professora Maria Teodolina das Neves, posteriormente, na escola de sua tia Prescila Spínola. Concluído o primário, Anísio e seus irmãos Nelson e Jaime, matricularam-se no Colégio São Luiz, em Salvador. De Iá foram transferidos para o Antônio Vieira, onde concluíram o secundário.

Católico devoto e com vocação à vida missionária, Anísio decidiu-se por cursar direito, em que se formou em 1922, pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil - Rio de Janeiro. Diplomou-se, também, em 1929, em "Master of Arts" pela Columbia University, New York, USA.

Em 1923, ele retorna para Caetité e estreia como promotor de justiça interino, na vizinha cidade de Guanambi, que estava sob constantes conflitos de terra e político, e onde moravam alguns dos seus irmãos e outros familiares.

Em 18 de maio daquele mesmo ano, Anísio escrevia ao seu irmão Nelson, que morava no Rio, confessando sua indignação por não suportar a quietude e falta de perspectiva profissional nesse sertão baiano. Desestimulado por não conseguir convencer seu pai, Deocleciano, que queria vê-lo seguir a carreira política, Anísio, a essas alturas, já havia esquecido a idéia de ser missionário da ordem de Santo Inácio.

Em 1924, a convite do então governador da Bahia Góes Calmon, Anísio é empossado Inspetor Geral de Ensino. No ano seguinte, assume a função de Diretor Geral da instituição, na Bahia. Nesse ínterim, foi catedrático de Filosofia e História da Educação na Escola Normal da Bahia. Em 1931, integra a Comissão do Ministério de Educação e Saúde Pública, depois Superintendente do Serviço Geral de Inspeção. A partir daquele ano de 31, o ilustre caetitense era requisitado para outras grandes tarefas na administração federal, e vem a ocupar os seguintes postos: 1932 - Diretor-geral do Departamento de Educação da Universidade do Brasil (RJ), 1935 - Reitor da Universidade do Distrito Federal (Rio de Janeiro) e Secretário-geral de Educação do Distrito Federal; 1946 - Consultor da Educação da UNESCO, em Paris; 1947 - Secretário de Educação da Bahia (governo Otávio Mangabeira); 1951 - Secretário Geral da Companhia de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior - CAPES; 1952 - Diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP.

No seu tempo, quando ele pregava grandes transformações na educação, mesmo pagando um preço muito alto por defender idéias simples, mas de profundo alcance social, Anísio definiu seu ponto de vista sobre o ensino no contexto social da seguinte forma: "Nascemos desiguais e nascemos ignorantes, isto é, escravos. A educação faz-nos livres pelo conhecimento e pelo saber e iguais pela capacidade de desenvolver ao máximo nossos poderes inatos. A justiça social, por excelência da democracia, consiste nessa conquista de igualdade de oportunidade pela educação. Democracia é, literalmente, educação".

Anísio casou-se em 1940 com Emília Teles Fonseca Ferreira com quem teve quatro filhos: Carlos Ferreira Teixeria, Ana Cristina (Babi) Teixeira, Marta Teixeira e José Maurício Teixeira.

Um dos grandes objetivos de Anísio, para este sertão natal, era construir um Centro Educacional, em Caetité, dentro dos moldes do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, de Salvador, criado por ele.

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