MARTINS, Octavio. Os exames de admissão na UnB nos primeiros anos de seu funcionamento. Forum Educacional. Rio de Janeiro, v.4, n.1, jan./mar. 1980. p.87-96.

Os exames de admissão na UnB
nos primeiros anos de seu funcionamento

Octavio Martins *

Fui recentemente procurado por dois professores, Anna Maria Bianchini Baeta e Gaudêncio Frigotto, membros de um grupo empenhado em estudar os processos atualmente empregados para seleção dos candidatos aos cursos superiores pelo Cesgranrio. Desejavam ter comigo uma entrevista, pelo fato de ter mencionado (em recente artigo publicado no Forum Educacional sobre a personalidade de Anísio Teixeira) 1 haver sido o principal responsável pela organização dos exames de seleção para a UnB (Universidade de Brasília) durante os cinco primeiros anos de seu funcionamento. (Aliás, houve engano de minha parte quando falei nos "cinco" primeiros anos. Na realidade, foram os exames realizados de 1962 a 1965, correspondendo apenas a quatro anos.)

Julgando o assunto de interesse geral, resolvi aproveitar a circunstância para redigir um artigo que espero venha a ser publicado na mesma revista.

Para os exames de 1962, a UnB ainda não tinha sua sede instalada nem constituído seu corpo docente. Meus entendimentos para organização dos testes de admissão foram apenas realizados com o professor Darcy Ribeiro, principal responsável pelo estabelecimento dos princípios e pela estrutura que deveriam nortear o funcionamento da universidade. As primeiras questões a resolver consistiam nas respostas às seguintes perguntas: Qual o tipo de alunos que deveríamos desejar para os cursos universitários a serem instalados?

  1. aqueles que demonstrassem sólidos conhecimentos apenas das disciplinas essenciais aos cursos superiores para os quais desejavam matrícula?
  2. os que houvessem demonstrado, em seus estudos do segundo grau, qualidades de bons estudantes, pelo empenho na realização de seus deveres e compreensão das matérias do currículo?
  3. aqueles cujas aptidões mentais os apontassem como capazes de realizar com sucesso o curso superior e de se mostrar futuramente em condições de promover progressos relevantes no campo de conhecimentos a que viessem a se dedicar?

Não houve praticamente necessidade de discussões para chegarmos às conclusões desejadas: todos os aspectos indicados pelas três perguntas específicas formuladas foram considerados importantes, mas sua importância foi hierarquizada em ordem inversa à de sua apresentação.

Cabe ressaltar que este ponto de vista não era o que prevalecia então nos exames vestibulares realizados no Brasil. Tanto quanto sei pessoalmente daqueles exames e do que pude conhecer por intermédio de diversas pessoas consultadas, eles incidiam unicamente sobre o primeiro tópico, por nós admitido como o menos importante dos valores fixados para a seleção dos candidatos aos cursos da UnB. O sucesso nos estudos globais do 2º grau era apenas uma condição prévia para inscrição nos vestibulares e nenhum peso lhe era atribuído na classificação final. Além disto, não tenho conhecimento direto ou indireto de qualquer universidade ou escola superior isolada que incluísse nos vestibulares para os cursos de graduação qualquer investigação sobre as aptidões mentais dos candidatos, além das que poderiam ser inferidas dos resultados obtidos nos próprios vestibulares.

(A esta afirmativa cabe uma restrição. Cerca de 15 anos atrás, tive oportunidade de colaborar na organização dos exames vestibulares da Faculdade de Educação, Ciência e Letras, de Marília, em São Paulo – a convite da Profa Maria Luiza de Barros, que ali lecionava – e consegui obter da direção daquela faculdade a inlcusão de provas de nível mental para os candidatos aos cursos de graduação.)

Fechado este parêntese, cabe ainda assinalar outro aspecto dos exames de admissão à UnB nos primórdios de seu funcionamento, aspecto este a que darei o nome de democrático. Quando a ênfase incide apenas sobre as provas do próprio vestibular, os filhos de pais ricos ou remediados são acentuadamente beneficiados. Muitos podem apenas dedicar-se aos estudos, sem a necessidade de obter um emprego para ganhar a vida, e seus pais podem pagar-lhes a matrícula em cursinhos especializados que representam verdadeiro chauffage com o propósito de adestrar os alunos para responder às questões das provas objetivas de escolha múltipla. Quando, por outro lado, a ênfase recai acentuadamente sobre as aptidões inatas dos candidatos, os filhos de pais de poucos recursos financeiros podem, com maiores probalidades, alcançar uma boa classificação, mesmo que não tenham tido em seus estudos as mesmas facilidades dos filhos de pais mais abastados.

Note-se que este aspecto foi apenas um resultado colateral do sistema adotado e, embora considerado importante, não foi causa determinante da hierarquização dos valores tidos como desejáveis para os futuros alunos da UnB, herarquização esta que decorria de uma filosofia educacional que visava à obtenção dos melhores resultados a esperar daqueles que, pelas oportunidades que lhes seriam abertas, iriam constituir uma parcela ponderável da elite dominante do País. Como método de trabalho para a organização dos testes e conseqüente classificação dos candidatos, foram fixados os princípios a seguir:

  1. Cada prova de julgamento objetivo seria organizada mediante a aplicação prévia de duas provas experimentais, compreendendo pelo menos um número duas vezes maior de questões que as previstas para os testes finais. Esta aplicação (feita no Rio e sem que nenhuma indicação fosse dada aos aplicadores nem aos estudantes de que iriam servir para sua futura aplicação em Brasília) tinha por finalidade a determinação do grau de dificuldade e do poder discriminante de cada item. Com estes elementos, tornar-se possível organizar uma prova objetiva com uma adequada gradação de dificuldade dos itens (desde bem fáceis até bastante difíceis), cada um deles concorrendo de modo eficiente para a discriminação entre os bons e os maus estudantes.
  2. A todos os alunos, quaisquer que fossem os cursos a que aspirassem, seriam aplicadas todas as provas. Deste modo, sua classificação seria influenciada pelos resultados anteriormente alcançados durante seus estudos do segundo grau.
  3. Cada candidato deveria indicar três opções (em 1º. 2º e 3º lugares) para os cursos que pretendessem seguir. Deste modo, se sua classificação para a primeira opção o deixasse abaixo das obtidas por outros candidatos que preenchessem o número de vagas disponíveis, ainda lhe seria possível obter classificação em alguma das duas outras opções por ele indicadas.
  4. As classificação de cada candidato para cada curso seria feita por meio de uma média ponderada, em que os pesos de cada prova eram avaliados subjetivamente segundo a importância que cada teste de aptidão mental ou cada prova de escolaridade, pudesse representar para o desempenho de seus estudos universitários. Assim, o teste de visualização espacial recebia maior peso para o curso de arquitetura que para o de letras brasileiras, enquanto as provas de línguas recebiam maior peso para o segundo que para o primeiro desses cursos.
  5. Se um candidato obtivesse boa classificação geral para um dos cursos de sua escolha, embora se tivesse mostrado fraco numa das provas de escolaridade (mesmo considerada importante para este curso), não seria necessariamente reprovado. Seria admitido condicionalmente, comprometendo-se a matricular-se no Centro Integrado de Ensino Médio na disciplina em que se tivesse mostrado deficiente, sendo essa matrícula validada no caso de, depois de um semestre, ter demonstrado bom aproveitamento na disciplina em questão.
  6. Em diversos casos, o candidato era chamado para uma entrevista pessoal, o que ocorria sistematicamente quando tivesse obtido boa classificação em mais de um dos cursos de sua opção. Neste último caso, lhe eram expostos os currículos de cada curso, bem como as oportunidades prováveis de trabalho a que os cursos lhe dariam acesso. Depois da entrevista, a decisão final cabia ao candidato.

Tudo isto se passava com um mínimo de burocracia. Era-me feita a entrega, a título de adiantamento, de quantia considerada suficiente para as despesas, cabendo-me fazer posteriormente uma prestação de contas mediante a apresentação de recibos assinados pelos encarregados das aplicações dos testes preliminares, pelos professores que comigo tivessem colaborado na redação das questões, bem como os referentes a despesas de caráter geral.

Cumpre notar que este foi o processo normalmente empregado a partir de 1963. Quanto à organização das provas para 1962, houve uma exceção no que diz respeito à aplicação prévia das provas experimentais. Trabalhava eu então no CBPE (Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais) sob a chefia de Anísio Teixeira e só vim a ser convocado para prestar serviços à UnB quando já não havia tempo disponível para esta fase preliminar da organização das provas. Por isto, aquilo que considero um passo essencial para a organização de provas com as características desejáveis de precisão e validade teve de ser substituído por julgamentos subjetivos, meus e dos colegas que comigo trabalhavam no CBPE, sobretudo por Ethel Bauzer Medeiros, também responsável pela elaboração de parte do teste de aptidões mentais, nos itens iniciais que completaram as questões referentes às habilidades primárias, baseadas estas nos estudos fatoriais de Thrustone. Entretanto, algumas questões foram aproveitadas de testes por mim construídos com experimentação prévia, ou adaptadas de testes americanos padronizados.

Neste primeiro ano, somente foram empregadas provas de julgamento objetivo, que compreendiam:

  1. Quanto às aptidões mentais: um teste de vocabulário para a avaliação da compreensão verbal; um de séries numéricas para avaliação do raciocínio indutivo e (em parte) do fator numérico; um teste de visualização espacial. A este conjunto foi acrescido outro que visava à avaliação da facilidade no uso de indicações bibliográficas, no manejo de dicionários e de outras obras de referência, bem como à interpretação de quadros estatísticos e gráficos.
  2. Quanto às provas de escolaridade: foram aplicadas provas de português, latim, francês, inglês, história, geografia, matemática, física, química, história natural e desenho técnico.

A partir de 1963, foi introduzida uma prova de redação. Trata-se de elemento de grande utilidade para complementar os testes de julgamento objetivo, pois, se estes podem muito convenientemente medir o preparo de um estudante em todas as disciplinas escolares sob os vários aspectos de conhecimentos, compreensões, generalizações, julgamentos e aplicações, faltam-lhes possibilidades para uma apreciação conveniente de suas qualidades de organização lógica das idéias, de sua originalidade e de seu poder criador (não obstante as tentativas de Guilford para avaliar alguns deste elementos por meio dos testes a que deu o nome de "produção divergente").

Os defeitos essenciais das provas de redação consistem no tempo necessário à obtenção de seus resultados 2 e ainda mais, nas disparidades entre as apreciações subjetivas dos encarregados dos julgamentos dessas provas. Há entre eles os que se preocupam principalmente com a correção gramatical dos trabalhos e os que encaram sobretudo a clareza da exposição e a concatenação lógica das idéias; há os severos, que raramente concedem notas altas, ao lado dos condescendentes, que quase nunca dão notas baixas; há os tímidos que concentram suas notas em torno dos valores médios e os que aplicam notas que vão do valor zero aos valores máximos.

Para minimizar as discrepâncias então apontadas, foi adotado na UnB o seguinte processo, utilizado pela primeira vez logo em 1963. Preliminarmente foram selecionados randomicamente 30 das provas escritas pelos candidatos, que foram julgadas independentemente por seis pessoas, das quais três eram assistentes da cadeira de letras brasileiras e três outros professores, bons conhecedores da língua, mas que não se dedicavam ao seu ensino. A cada um destes seis foi pedido o julgamento das trinta provas, não pela atribuição de notas, mas pela sua ordenação desde a considerada pior até à julgada de melhor qualidade. Obteve-se depois a média dos seis julgamentos e a seguir, dentre as 30 provas, foram selecionadas onze, convenientemente escalonadas, às quais foram atribuídas notas de zero a dez. Formou-se assim uma escala de comparação e o trabalho dos julgadores consistia apenas em situar cada prova examinada entre as da escala e dar-lhe a nota correspondente. Para abreviar o trabalho, as provas da escala foram reproduzidas fotostaticamente, obtendo-se assim seis escalas absolutamente idênticas, o que permitia a vários julgadores trabalhar isolada mas simultaneamente.

Na época não existiam ainda, pelo menos no Brasil, os aparelhos eletrônicos de leitura ótica, de modo que os testes de julgamento objetivo foram avaliados por equipes em que cada pessoa se encarregava apenas de determinada parte de cada folheto. Neste trabalho de avaliação, grande auxílio foi prerstado pela Sra. Edna Soter de Oliveira e, posteriormente, pela professora Fany Malin Tchaicovsky. Esta última também muito me auxiliou, sobretudo nos entendimentos iniciais com os professores da UnB e na aplicação preliminar dos testes experimentais. A boa organização dos trabalhos de avaliação das provas permitia que fossem obtidos, em cerca de 10 dias, seus resultados, bem como as classificações dos candidatos em todos os cursos, baseadas na aplicação das respectivas médias ponderadas.

Em 1963 a UnB já tinha um corpo docente constituído para ministrar cinco cursos: letras brasileiras, direito, administração, economia e arquitetura.3 Desde então, os trabalhos preliminares para determinação das provas que deveriam constar dos exames de seleção consistia em uma ou mais reuniões em que tomavam parte, entre outras pessoas, o coordenador de cada curso ou professor por ele designado.

Quanto às disciplinas escolares, as únicas modificações importantes foram a supressão da prova de latim, o desdobramento da prova de história natural e a introdução ocasional de outras provas. Quanto às provas de aptidão mental, foram porém acolhidas diversas alterações. Dentre estas, limito-me a citar apenas duas. A primeira foi uma tentativa de avaliação da capacidade de discriminação artística dos candidatos, num teste em que eram apresentados numerosos grupos de cinco desenhos – que compreendiam desde estilos tipográficos até móveis, animais e figuras abstratas – dentro os quais o candidato deveria apontar o desenho que julgasse de melhor aspecto artístico.

O segundo exemplo se refere a um teste de aptidões lingüísticas. O teste consistia na apresentação de algumas frases em português, acompanhadas pela sua tradução na língua de algum povo primitivo. Dava-se a seguir uma ou mais frases em português, pedindo-se ao candidato sua tradução para a outra língua. Pela originalidade do teste, dou a seguir como exemplo uma questão das mais fáceis do teste empregado em 1964:

O homem viu o coelho – Niriaco pakcan soetak

O coelho viu o homem – Pakcan niriaco soetak

O menino procurou o cão – Seriason nasatak pariat

Traduza: O cão procurou o menino – ...........................................................................

Sugiro que o leitor faça uma pausa na leitura e procure resolver a questão, cuja resposta correta será dada mais adiante.

Desejo fazer ainda uma breve referência aos testes empregados para avaliar a capacidade de visualização espacial. Os empregados por Thrustone 4 eram essencialmente testes de rapidez, isto é, formados por questões relativamente fáceis, sendo o escore determinado pelo número das que fossem corretamente resolvidas em tempo determinado. Pessoalmente, sou mais favorável aos testes de dificuldade, ou sejam, aqueles que partem de questões fáceis, indo sua dificuldade aumentando até às muito difíceis. Para tais testes, é relativamente secundária uma cronometragem exata de sua aplicação. isto era sobretudo importante para os exames de admissão à UnB, onde os candidatos eram distribuídos por várias salas e os testes administrados por diversas pessoas; qualquer engano apreciável na cronometragem do teste iria beneficiar ou prejudicar sensivelmente um grupo de candidatos em relação aos demais.

Por isto organizei um teste a que dei o nome de Cubos Seccionados, no qual um cubo é representado em perspectiva, faltando-lhe porém um pedaço. Também em perspectiva são representados ao lado do cubo cinco pedaços isolados, entre os quais o examinando deve identificar aquele que deve completar corretamente o cubo. Não é difícil organizar itens bastante fáceis até bastante difíceis para este teste, cuja validade e precisão têm demonstradas experimentalmente um várias circunstâncias.

Interrompo aqui a exposição para satisfazer a curiosidade do leitor. A resposta correta ao item de aptidões lingüísticas anteriormente reproduzido é: Nasatak seriason pariat. É curioso observar que a tradução correta pode ser encontrada sem que o examinando possa identificar qual das duas primeiras palavras de cada frase é o sujeito ou o objeto direto do verbo.

Retorno agora à exposição para repetir, com algumas correções, o que escrevi no artigo citado sobre a personalidade de Anísio Teixeira. Afirmei ali que, na minha opinião, a UnB, na primeira fase de seu funcionamento, tinha sido a única universidade verdadeiramente digna deste nome que já existiu no Brasil. Mas essa organização ímpar, em que todos os professores trabalhavam em tempo integral, dedicando-se ao ensino, à pesquisa e ao atendimento pessoal aos alunos que vinham buscar esclarecimentos sobre suas dúvidas, não devia perdurar por muito tempo. Com a Revolução de 1964, passou ela a ser encarada como um centro de pregação subversiva e invadida por tropas motorizadas, ocasião em que se verificaram cenas de verdadeiro vandalismo, 5 a que felizmente não assisti e de que só vim a tomar conhecimento muito tempo depois.

Passados estes acontecimentos, já sob a direção de Zeferino Vaz, chamado de São Paulo para ocupar a reitoria da UnB, este se viu forçado a dispensar cerca de 15 professores, dos mais visados pela situação dominante. Disse ele ter jogado carga ao mar para manter a nau em condições de navegabilidade. Entretanto, sentindo provavelmente que outras imposições insustentáveis lhe seriam feitas, deixou o cargo e foi substituído por Laerte Ramos de Carvalho. Este, certamente forçado por contingências diversas, veio a criar na UnB uma atmosfera de tal modo deprimente que mais de 200 professores, dentre os de mais elevado nível dos que militavam então no ensino superior brasileiro, se firam forçados a solicitar uma exoneração coletiva.

Diante desta situação, a UnB viu-se na contingência de improvisar um novo corpo docente, cujos membros, em face de outros compromissos a que já estavam ligados, poderiam apenas comparecer rapidamente à universidade para desobrigar-se das aulas incluídas nos diversos cursos. Em tais condições, o ensino na UnB não poderia deixar de cair a níveis muito baixos, mais baixos mesmo que o da média das demais universidades então existentes no País. Vem aqui muito a propósito relembrar a frase de Abgar Renault, numa aconferência pronunciada na Academia Brasileira de Educação: "Triste Brasil, que não sabe conservar e entende que renovar é destruir e esquecer..."

Tudo o que foi relatado ocorreu há mais de 10 anos. Desde então não tive oportunidade de voltar a Brasília e perdi quaisquer contatos com seu atual corpo docente. É de supor que a UnB, embora não tenha podido alcançar a organização e o nível de ensino primitivos, se tenha reerguido de sua fase obscura e se mantenha agora em nível comparável ou superior ao da média das demais universidades e escolas superiores isoladas existentes no Brasil.

Cabe agora tratar, embora superficialmente, dos atuais exames vestibulares realizados pelo Cesgranrio. Há alguns anos vêm sendo aplicadas provas idênticas a todos os candidatos, independentemente dos cursos que pretendem seguir, parecendo ser propósito de seus dirigentes adotar de futuro pesos diferenciais para a obtenção das médias classificatórias correspondentes às profissões a que se destina.

Para o julgamento das provas de redação, constitui-se uma comissão cujo coordenador discute com os vários julgadores os critérios a serem adotados nesses julgamentos, de modo a torná-los o mais possível homogêneos, o que parece se vem conseguindo com razoável sucesso.

Deste modo, tais vestibulares apresentam alguns dos aspectos que caracterizavam os primeiros exames de admissão aos cursos da UnB. Para maior semelhança, faltam entretanto dois pontos que reputo da mais alta importância: para as classificações finais não são aplicados testes de nível mental (ou de aptidões acadêmicas), nem os diversos testes de múltipla escolha são sujeitos a uma aplicação prévia experimental para determinação da dificuldade e do poder discriminante de cada um de seus itens.

Não me seria possível (nem isto constitui finalidade do presente estudo) investigar o que ocorre nos exames vestibulares do grande número de universidades e escolas superiores isoladas existentes no Brasil e não dependentes do Cesgranrio. Pode-se entretanto supor que – exceção feita da redação das questões dos testes, confiadas aos respectivos corpos docentes – o mecanismo desses exames seja aproximadamente análogo ao indicado nos três parágrafos anteriores.

Termino o presente artigo voltando à UnB com uma interrogação: Será possível esperar que ela, sob outra direção e orientação, venha a tornar-se o que foi, isto é, um modelo digno de ser imitado por todas as demais universidades brasileiras?

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