ADÃES, Lucya. Bahia - Terra de Educadores. In: ADÃES, Lucya. Bahia de todos os cantos. Salvador: Bureau Gráfica, 1999. p. 11-14.

Bahia - Terra de Educadores

Esta Bahia altaneira,
Mãe de um Brasil gigante,
é berço, sim, de primeira,
de gente muito importante.

No breve ensaio que faço,
espero, sem embaraço
para mim, para os senhores
que amam esta Bahia
- terra de educadores -
desde tempos imemoriais...

Afirmo, com imensa alegria,
talvez cause até espanto
quando eu aqui disser
que a nossa "Águia de Haia"
Rui Barbosa, tão letrado,
foi aluno preparado
por um grande educador:
nosso Carneiro Ribeiro
-quem sabe? - foi o primeiro
quem desta terra emergiu...

Mas, quem de sã consciência
poderia hoje esquecer
o grande Isaías Alves,
nossa Anfrísia Santiago
e a mestra Amélia Rodrigues,
educadores pra valer?
Nesta homenagem que faço
em vinte e nove de março
deste final de milênio
à nossa terra natal
não poderia esquecer,
não citar o EDUCADOR.

Por isso agora enalteço
o mor deles, por sinal:
o ilustre Anísio Teixeira
- o Educador do Século -
que até a ONU exaltou,
colocando-o na UNESCO
por ele ter planejado
o sistema educacional
da Capital Federal
e também da Escola Parque,
sendo bom que aqui se diga
o seu nome por inteiro:
Centro Educacional
Ernesto Carneiro Ribeiro,
que bem triste, vou informando
para quem quiser saber
quase que está se acabando...

Nesta primeira cidade
deste Brasil imponente
que tem todo nosso amor,
quem foi bom educador
alguma homenagem tem
bem singela, tão pequena,
para o tanto que fizeram,
aqui ou no interior:
Rui Barbosa, tem o Forum,
bem aqui em Salvador;
uma cidade e um pouco mais que isto...

Castro Alves - uma praça,
uma cidade, uma escola.
Talvez - quem sabe? - por isso
dizem alguns em tom de riso,
que ele está a pedir esmola...

Este preâmbulo fiz
porque me sinto infeliz
quando injustiça percebo
neste mundo de meu Deus.

Às vezes, até estarrecida
fico quando uma vida
precoce e tragicamente
de todo ela é perdida...

Nossa Bahia chorou
e também todo o Brasil
quando o ilustre deputado
de carreira mui brilhante
- articulador que era -,
se foi daqui pra melhor...

A perda foi inegável...
Quanto que tinha a fazer!
O pai chorou que deu dó,
e por que não todo Estado
da Bahia por perder
seu filho Luís Eduardo?

Isso entendo e até concordo,
pois todos têm seu valor...
O que não me sai da mente
é por que ele somente
é tão homenageado?

Mostro aqui, timidamente,
com ruas e monumentos,
cidade, aeroporto
(deixou de ser Dois de Julho!!!)
e pela Bahia afora,
eu fiquei sabendo agora
já tem dezessete grupos
escolares, sim, senhor!
Por que toda essa homenagem
se não era educador?

Finalizo, dizendo aqui
merece homenagem, sim,
e respeito, o deputado.

Mas alguém tem que dizer
e digo isso por mim,
tal qual a sabedoria
popular que diz assim:
- "Se de Deus o povo é a voz!"
e "tudo demais é sobra...",
tal exagero pra quê
a constranger todos nós?...

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