TEIXEIRA, Anísio. Relatório apresentado ao Ex. Sr. Cons. Bráulio Xavier da Silva Pereira, Secretário do Interior, Justiça e Instrução Pública, pelo Diretor Geral da Instrução Pública, para ser encaminhado ao governador do Estado da Bahia. Salvador, Imprensa Oficial do Estado, 1928. 123p.

SUMMARIO

Reorganização do systema escolar

Ensino primario

Escola elementar

Progresso dos alumnos atravez dos annos do curso primario

Curriculum da escola elementar

Ensino na Capital

Unificado do serviço escolar

Modernização do ensino

Assistencia escolar - Caixas escolares

Ensino particular

Festas Escolares

Ensino Normal - Formação de professores

Escola Normal da Capital

Escola Normal de Caetité

Escola Normal de Feira de Sant’Anna

Escolas Normaes equiparadas

Ensino secundario

Educação vocacional

Educação Agricola

Escola Agricola

Installação material - Predio escolar

Mobiliario Escolar

Finança escolar

Directoria Geral de Instrucção

Conferencia Nacional de Educação

ANÍSIO SPÍNOLA TEIXEIRA

Director Geral de Instrucção

RELATORIO

DO SERVIÇO DE INSTRUCÇÃO PUBLICA DO ESTADO DA BAHIA, APRESENTADO AO EXº. SNR. CONSº. BRAULIO XAVIER DA SILVA PEREIRA, SECRETARIO DO INTERIOR, JUSTIÇA E INSTRUCÇÃO PUBLICA.

Quatriennio de 1924 a 1928

BAHIA

IMPRENSA OFFICIAL DO ESTADO

Rua da Misericordia nº 1

1928

Nas vesperas de se encerrar um quadriennio de governo, que procurou, sem desfallecimento, cuidar dos interesses da educação, no Estado, é de grande utilidade fazer-se uma avaliação geral do que os ultimos esforços conseguiram. Do mesmo passo, diremos dos ensinamentos que a experiencia de quatro annos de peleja trouxe e das medidas que, nos parece, se impõem para o aperfeiçoamento progressivo do nosso systema escolar.

Como ponto de referencia para o desenvolvimento dessa exposição torna-se preciso arrepiarmos caminho até o anno de 1923, afim de esclarecer a situação do ensino nessa occasião.

Si não nos quizermos deter na organização escolar propriamente dita, basta-nos alludir a alguns indices geraes numericos do serviço, para aferirmos a sua situação.

O serviço de educação publica estava por esse tempo confiado a 630 escolas elementares isoladas e um grupo escolar.

Ao lado dessas escolas estaduaes, mantinham os municípios escolas custeadas pelos cofres da Communa, em numero que se elevava a pouco mais de quinhentas.

A matricula escolar estadual em 1923 foi de 23.428, não sendo possivel obter a matricula correspondente ás escolas municipaes.

Mas, não era somente a cifra reduzida de escolares e de unidades de ensino que era para notar.

O proprio criterio de educação popular estava deturpado.

Effectivamente, nesses adiantados principios do seculo vinte, o serviço de educação publica ainda estava jungido á velha orientação colonial de educação para uma classe fina da sociedade.

Emquanto, nos referimos a esses numeros entristecedores do ensino primario, devemos registrar que a Bahia, que não possuia em 1923 uma escola primaria publica organizada e em condições de efficiencia, nem siquer em sua Capital, contava com um Gymnasio official montado com luxuosa liberalidade se o comparassemos com as classes elementares, varios collegios secundarios particulares, uma Faculdade de Direito, uma Escola Polytechnica e uma Faculdade de Medicina, considerada como uma das mais notaveis do paiz.

Todo esse ensino secundario e superior, profundamente penetrado do mais visceral espirito academico, constituia uma apparelhagem de educação que attingia menos de dois mil bahianos, isto é, apenas 1 por 2000 de toda sua população e com o qual se dispendia muito mais do que com toda a educação primaria.

A idéa de educação universal, de educação como elemento fundamental de vida democratica, não nos havia possuido.

Eramos um Estado com uma larga população analphabeta de viver primitivo e primitivo estado social e uma diminuta classe de letrados cujos indices de vida foram directamente copiados das mais amadurecidas classes educadas da Europa.

Dentro do contraste entre essa aristocracia intellectual e o ilota sertanejo, está a explicação de muitos problemas actuaes do paiz.

Quatro annos de administração são apenas um minuto para a solução de problema como o que ahi se esboça.

Mas, o que de logo desejamos registrado é a mudança de orientação.

Diante da situação escolar dos principios de 1924, o governo julgou que deveria haver um grande movimento de reorganização, que firmasse uma concepção legitima da escola primaria, estabelecesse uma ampla e universal diffusão desse ensino e prestigiasse, dando-lhe a dignidade de direito, o professor primario.

Logo se organizaram commissões de estudo e ainda em 1924, foi enviado ao Congresso um projeto de lei de reforma do serviço de ensino publico. Em meados de 1925, foi essa lei votada e sanccionada.

Essa nova lei de instrucção reorganizou o ensino primario em um largo e amplo criterio educativo, ampliando-o a sete annos de estudos, dando-lhe um sentido estreitamente condicionado às situações sociaes e geographicas de nossa terra, penetrando-o de um largo espirito democratico e universal e fazendo do seu curso a verdadeira pedra angular do systema de educação estadual.

Como base da pyramide do serviço de educação, era para esse ensino popular que haviam de convergir os esforços centraes do governo, certo de que a educação secundaria e superior haveria de chegar, progressivamente, depois que essa necessidade mais elementar e mais emergente estivesse a pique de ser satisfeita.

Nesse sentido, não se limitou o novo estatuto legal em firmar nova orientação e novas bases para o ensino primario, mas quiz tambem esteial-o em uma organização administrativa centralizada e vigorosa, que se pudesse responsabilizar pela execução do novo programma.

Disperso como se achava o ensino primario, entre a administração estadual e as administrações municipaes, essas em numero superior a 140, as disposições da lei se tornariam ficticias si não se fizesse a unificação de todo o ensino.

A escola publica, em paiz de organização democratica incipiente, deve ser a "escola unica", mesmo em suas responsabilidades administrativas.

Por outro lado, a nossa população não tem ainda a experiencia social necessaria para julgar as opportunidades educativas que o meio lhe oferece e, dahi a necessidade da regulamentação do proprio ensino particular.

Foi o segundo passo no sentido de assegurar-se responsabilidade estadual mais effectiva no serviço de educação.

Não se deteve, porém, nisto, mas lançou de logo as bases da obrigatoriedade escolar em linhas de efficiencia e exequibilidade.

A par do ensino primario, a lei traçou a figura dos institutos educativos que viriam completar a educação elementar do bahiano, todos condicionados a uma nitida finalidade de "efficiencia social", finalidade que deve presidir a educação para uma democracia.

Firmado nessa lei, o esforço administrativo desenvolveu um plano methodico de acção, collocando o problema do ensino primario no seu logar de primeiro problema, por ser o mais fundamental na ordem educativa e o mais urgente na ordem dos deveres publicos.

ENSINO PRIMARIO

Depois de quatro annos de trabalho organizado, a situação do ensino elementar se annuncia promissoramente progressiva.

O ideal escolar da lei de 1925, de ensino universal, pratico e democratico, tem procurado diffundir tanto quanto possivel as facilidades de educação. Accrescente-se a isto a ansiedade do povo bahiano pela instrucção, o seu desejo de instruir-se de qualquer sorte e isso explica a progressão da matricula e frequencia nas escolas bahianas, cujas condições internas ainda estão, aliás, longe de ser satisfactorias.

A matricula e frequencia, si não são tudo em um systema escolar, são as primeiras medidas do seu crescimento.

Ora, durante o periodo do ultimo quadriennio, a matricula ascendeu de 47.589 em 1924, a 79.884 em 1927.

As despezas com esse ensino representavam, em 1924, 4,33% (1) da receita geral do Estado; passam a representar 12,18% (2) em 1927.

O numero de promoções, em 1924, apenas attingia 4.312 e o numero de diplomados pelo curso elementar 793 e, em 1927, esses numeros ascendem, respectivamente a 19.049 (promoções) e 2.383 (diplomados).

O interesse pela instrucção é uma realidade a vista de todos.

As menores localidades estão aprendendo a ter orgulho pelas suas cousas de ensino e a se porfiar nas conquistas de educação.

A construcção dos predios escolares pelos municipios com auxilio do Estado, a solicitação de localização de escolas, o interesse local pelo bom mestre, a fiscalização escolar exercida por patriotismo, o estimulo do professor para se aperfeiçoar e progredir: são alguns exemplos demonstrativos desse largo, verdadeiro e intelligente interesse que está a percorrer todo o Estado nas cousas de educação.

Si esse interesse persistir, si os homens de governo tiverem a visão exacta do problema brasileiro, si as dotações continuarem a crescer, si a bôa vontade de criar instituições educativas corresponder á boa vontade para mantel-as e sustental-as, si o estadista bahiano tiver a coragem das grandes despezas para lucro a prazo longo, teremos a opportunidade de vêr o nosso Estado repetir um desses capitulos fascinantes da historia da educação no mundo, que agora mesmo está escrevendo esse archipelago perdido no Pacifico das ilhas Filippinas e que o pequenino Japão tambem já traçou em letras conhecidas hoje, de todo mundo.

As Filippinas resurgiram, no principio do seculo, de um longo e vagaroso periodo de colonização hespanhola, para soffrer uma intervenção cirurgica de civilização pela America do Norte.

Ao findar o primeiro quartel do seculo, as Filippinas tinham um systema integral de educação, comprehendendo escolas primarias, intermediarias, secundarias, profissionaes e superiores, e a matricula geral de alumnos subia além de 1.200.000. Em 1900 mal attingia 50.000 alumnos.

Eis como estadistas modernos resolvem problemas de civilização.

Não argumentemos com as condições ethnicas do brasileiro, nem com a impossibilidade de aperfeiçoar e dar ambições modernas ao elemento primitivo de nossas populações. A experiencia esta feita e refeita.

Para não citar o Japão, para não citar as Filipinas, basta citar uma colonia qualquer da Africa: Costa d’Ouro, esse pequenino trecho de terra que rivaliza commercialmente comnosco com as suas plantações de cacáo.

Costa d’Ouro rendia em 1919, cerca de £ 1.300.000.

Um administrador canadense, Sir Arthur Goggisburg, aportou a essas plagas, enviado do Imperio Britannico.

Abriu estradas, mas sobretudo abriu escolas e não só escolas primarias, mas um systema escolar integral, que se acaba de coroar com a Universidade de Costa d’Ouro, a que só a Inglaterra fez uma doação de cerca de 30.000 contos em especie.

Em oito annos qual foi o resultado?

A Costa d’Ouro cuja renda tributaria era em 1919, de cerca de £ 1.300.000, isto é, cerca de 52.000 contos, teve em 1926, sete annos após, pouco mais de 216.000 contos de renda.

Si esse foi o augmento da capacidade tributaria, pode se imaginar de como não ascendeu a capacidade de producção e mesmo de consummo da pequena colonia ingleza, cujo orçamento interno é cerca de 4 vezes superior ao de todo o Estado da Bahia.

Em nosso Estado a curva de crescimento do systema escolar é promissora, embora esteja longe de attingir as proporções dessas pequenas terras de populações malaias, uma (Filippinas), e africana outra, cujos administradores têm do problema educacional tão singular e exacta visão, por isso mesmo que conhecem e sabem que o primeiro producto a cultivar, na terra, é o homem.

Pelo graphico que publicamos abaixo pode-se acompanhar o desenvolvimento do actual systema escolar bahiano (Graphico n.1).

Em fins de 1924, quando nos foi possivel obter dados seguros sobre a matricula e frequencia, eram apenas 47.500 crianças que se achavam registradas em todas as escolas do Estado, inclusive as mantidas pelo municipio.

Em 1927 esse numero chegou ao total de 79.884 (matricula).

A frequencia acompanhou a mesma curva ascendente. As curvas de promoções e exames finaes acompanham largamente á distancia, a frequencia escolar.

É um esforço inteiramente recente o de fixar o alumno em sua classe.

Encerrando, o problema de ajustamento da escola ás necessidades do meio e o problema do preparo adequado do professor é o de solução mais lenta e mais difficil.

Por outro lado a permanencia do alumno na escola é uma das melhores provas da bôa qualidade dessa escola.

Ora, o movimento que ora se inicia no Estado ainda não poude offerecer ao ensino primario, nem siquer regulares condições de installação.

No graphico que representamos o numero de professores do Estado, o numero de escolas e o numero de predios proprios actuamente existentes poderemos ver qual é a espantosa necessidade de predios escolares.

E junto a este, o graphico que ennumera a matricula de nossas escolas e o numero de carteiras escolares disponivel tambem é gravemente revelador da relativa desadaptação da escola á sua alta finalidade.

Essas considerações não se justificam sem que façamos um estudo das condições com que o orçamento estadual procurou satisfazer as necessidades do ensino nos ultimos quatro annos.

Ora, não se poderá recusar que as dotações orçamentarias foram, tanto quanto possivel, amplas. E tanto mais quanto a demasiada limitação anterior tornava difficil o seu rapido alargamento.

Entretanto, o governo para executar a nova reforma, attendendo que a unificação do serviço escolar traria inevitavelmente augmento de despeza, não receiou elevar de 2.588:402$015, despeza de 1924, e de 2.629:616$334, despeza de 1925, a 6.185:055$323 despeza com o ensino em 1926.

Desses 6.185:055$323, foram recolhidos pelas municipalidades 1.598:939$115, sendo assim a despeza estadual de 4.586:116$108.

O augmento, portanto, se fez sensivel.

Em 1927, a despeza orçada foi de 8.410:480$082, sendo a despeza realizada de 7.690:728$370.

Tendo sido recolhidos pelos Municipios em 1927 2.280:217$832, a despeza estadual foi de 5.410:510$438.

Dahi se pode apurar que a despeza estadual com a Instrucção Publica augmentou de 1924 para 1926, de 1.997:714$000, e de 1926 para 1927, de 824:394$430.

O augmento geral de despeza entre o anno de 1924 e 1927 foi de 5.102:316$355.

A percentagem de augmento de despeza estadual no serviço de Instrucção, foi pois, de 77% entre o anno de 1924 e 1926, e de 109% entre 1924 e 1927.

1924

Despeza estadual

com a

Receita Geral Instrucção Publica Percentagem

56.816:275$728 2.588:402$015 4,55%

1925

Despeza estadual

com a

Receita Geral Instrucção Publica Percentagem

54.289:147$354 2.629:616$334 4,84%

1926

Despeza estadual

com a

Receita Geral Instrucção Publica Percentagem

50.257:587$000 4.586:116$108 9,12%

1927

Despeza estadual

com a

Receita Geral Instrucção Publica Percentagem

63.853:999$405 5.410:510$438 8,47%

Demonstrativo das despezas com a instrucção publica

Annos

Receita Geral

do Estado

Despeza

orçada

Despeza

realizada

Saldo

 

1924 .................... 1925 ....................

1926 ....................

1927 ....................

 

56.816:275$728

54.289:147$354

50.257:587$000

63.853:999$405

 

3.178:113$114

3.189:112$744

8.558:856$367

8.410:480$082 (1)

 

2.583:402$015

2.629:610$334

6.185:055$323

7.690:728$370

 

589:711$094

559:496$410

2.373:801$044

842:776$148

 

Felizmente, já se não pode negar que a consciencia nacional vem se despertando nos ultimos tempos, no sentido do conhecimento dos legitimos problemas brasileiros.

Em materia de educação já o estadista não tem que vencer um meio hostil ou indifferente á solução corajosa do problema mas apenas, acompanhar a opinião publica.

O que todos esperam é que encaremos a situação do paiz, com seriedade e com vontade de vencer as difficuldades que se oppõem ao nosso progresso.

Ora, neste ponto, a situação da Bahia é, ainda, muito grave.

Dobramos o raio de acção do nosso systema escolar, mas que representa isto, si attentamos que apenas 20 crianças em 100 crianças bahianas têm opportunidades educativas!

Mesmo entre os estados da federação, somos um membro da familia brasileira que acompanha muito á distancia os seus demais irmãos.

O Rio Grande do Sul, segundo as estatisticas recentemente publicadas pelo professor Raul Gomes, ministra educação primaria a 73% de sua população escolar; Paraná a 70%: Santa Catharina a 62%; São Paulo a 60%.

Dahi por diante as percentagens são entristecedoras.

No Norte, é a Bahia com 20,54; Pernambuco com 20% e finalmente, Maranhão com 8%.

O disparate entre a nossa aristocracia cultivada e directora das actividades nacionais e a grande massa popular analphabeta, não constitue somente um caso revoltante de ausencia de consciencia democratica e humana no paiz, mas, poderá, muito cêdo, reflectir-se em conflictos e incompatibilidades capazes de complicar as nossas grandes mas singelas questões, em problemas de critica e complexa solução.

Parece-nos que o dever se impõe aos governos de assumir a responsabilidade da questão do analphabetismo e resolvel-a ou procurar resolvêl-a com sinceridade, sinceridade que se demonstra pela proporção com que se distribuem as verbas orçamentarias pelo serviço.

Sentimo-nos, na obrigação, de passados quatro annos de trabalho, expôr, com sinceridade, a situação.

Si alguma coisa se fez, graças á clarividencia de um governo verdadeiramente preoccupado pelos nossos genuinos problemas, muito mais ainda resta a fazer.

ESCOLA ELEMENTAR

A importancia da escola elementar em nosso systema escolar fica reconhecida quando attentamos que a organização escolar bahiana é, essencialmente, uma organização escolar primaria.

Essa escola primaria deve ser, na forma da lei fundamental do ensino, sobretudo educativa, buscando exercitar nos meninos os habitos de observação e raciocinio, despertando-lhes o interesse pelos ideaes e conquistas da humanidade, ministrando-lhes noções rudimentares de literatura e historia patria, fazendo-os manejar a lingua portugueza como instrumento de pensamento e da expressão; guiando-lhes as actividades naturaes dos olhos e das mãos mediante formas adequadas de trabalhos praticos e manuaes; cuidando, finalmente, do seu desenvolvimento physico com exercicios e jogos organizados e conhecimento das regras elementares de hygiene, procurando sempre não esquecer a terra e o meio a que a escola deseja servir, utilizando-se o professor de todos os recursos para adaptar o ensino ás particularidades da região e do ambiente bahiano.

As escolas ruraes, além disto, farão da industria local a cadeira central do seu curso, que será dirigido no sentido de aperfeiçoar o gosto e a aptidão dos alumnos para a sua futura profissão. (Art. 65 da Lei do Ensino).

Limitado nas zonas ruraes a tres annos de curso e nas zonas urbanas a quatro, constitue o ensino elementar a educação fundamental que o Estado ministra aos alumnos bahianos.

Mas, frequentam as crianças bahianas essa escola?

Em 1924, faziamos essa pergunta.

Do poder que tiver a escola primaria para conservar e attrahir as crianças em suas classes, decorre a melhor prova de sua efficiencia.

Em 1924, diziamos: "A creança deserta da escola apenas sabe lêr, escrever e contar". A sociedade elementar onde vive, dispensa as superfluidades theoricas, que ainda lhe iriam ser ensinadas.

Iniciando de cêdo uma vida de labor, do primitivo labor que occupa e occupou os seus paes, o bahiano tem da instrucção a idéa de um ornamento muito apreciavel e muito bonito, mas, que de modo algum o auxilia na sua róça, na sua pesca, na sua criação, no seu trabalho rudimentar, emfim.

Esse facto prejudica de um modo absoluto o funccionamento da escola.

Legalmente, a questão será resolvida pela obrigatoriedade escolar.

Coagidas pela lei as creanças passarão a frequentar as escolas pelos quatro annos necessarios á sua formação primaria.

Será, entretanto, uma solução insufficiente.

A solução real, a solução sociologica deveria transformar a escola.

Abrir para o interesse da creança uma escola nova".

Esta Diretoria se empenhou, desde esse tempo, para a modificação da escola primaria.

Deu aos professores cursos de ferias. Reorganizou o programma escolar. Distribuiu, pelos inspectores escolares, assistencia e estimulo aos professores. Adiante, diremos em detalhe desses esforços.

No momento, queremos mostrar como já é sensivelmente maior o poder da escola primaria em attrahir e reter o escolar bahiano.

E antes de mais, o movimento de matricula e frequencia em nossas escolas.

Em 1924, apenas 47.589 crianças frequentaram a escola publica, isto é, cerca de 1,35% da sua população total e cerca de 15% da sua população escolar. A percentagem é mais intelligivel se a instruirmos com os dados relativos a outros systemas escolares.

A escola primaria dos Estados Unidos é frequentada por 17,88% da sua população total; nas Philipinas por 9,26%; no Japão por 14,9%.

Em 1927, a matricula escolar ascendeu a 79.884, o que salienta um augmento de 32.295 alumnos.

Em relação á população total do estado, a população matriculada passou representar 2,28% e em relação á população escolar 20,54%. No quadro abaixo, póde ser visto o movimento do quatriennio:

Anno Matricula Perc. em relação Per. em relação

população total á população es-

do Estado do Estado

1924 ....... 47.589 1,35 12,23%

1925 ....... 50.722 1,44 13,04

1926 ....... 66.657 1,90 17,17

1927 ....... 79.884 2,28 20,54

O maior interesse pela escola foi visivel. Se tomarmos a matricula vemos que augmentou de 47.589 para 79.884, isto é, em 32.295 havendo quanto á frequencia media identica progressão, de 32.772 (1924), para 58.470 (1927).

Se estudarmos esses numeros á luz do augmento de professores e de unidades escolares, poderemos observar o augmento de interesse pela escola.

O quadro a seguir é expressivo a respeito:

AUGMENTO DE MATRICULA PARA CADA UNIDADE ESCOLAR

Anno Unidades Professores Numero de alumnos Matricula

escolares e adjunctos para cada unidade escolar

escolar

1924 ....... 1.127 1.247 42,2 47.589

1925 ....... 1.228 1.339 41,3 50.722

1926 ....... 1.347 1.596 49,5 66.657

1927 ....... 1.367 1.672 58,4 79.884

 

PERCENTAGEM DE AUGMENTO EM CADA ANNO COM RELAÇÃO A 1924

Anno Unidades Professores Matricula Frequencia

escolares escolar escolar

1925 ....... 8,9% 7,1% 6,5% 16,4%

1926 ....... 19,5% 27,9% 44,27% 52,83%

1927 ....... 21,3% 34,1% 77,1% 78,4%

Esse quadro mostra como o crescimento da matricula e frequencia ultrapassa o crescimento de unidades escolares e de regentes, correspondendo assim a um maior desenvolvimento do interesse pela escola e pela educação.

Houve um accrescimo sensivel no proprio rendimento do systema escolar, accrescimo que não é inferior a 33%.

A classe que era em 1924 de 38 alumnos matriculados e 29 frequentes, passou a ser em 1927 de 57 matriculados e 41,4 frequentes.

A percentagem de frequencia tambem cresceu.

Vejamos abaixo:

Anno Matricula Frequencia Percentagem

1924 ....... 47.589 32.772 68,9%

1925 ....... 50.722 38.154 72,2%

1926 ....... 66.657 50.088 75,1%

1927 ....... 79.884 58.470 73,19%

 

Devemos ainda ponderar que a Directoria da Instrucção procede a um calculo de frequencia que peccará talvez por demasiado rigoroso.

Calcula-se pelo numero de dias lectivos de cada mez o numero absoluto de frequencias que deveria haver, se nenhum alumno faltasse; sommam-se após as frequencias, e acha-se a percentagem dessas frequencias reaes em relação áquelle numero absoluto anteriormente calculado.

Como se vê, não se levam em conta os dias em que circumstancias excepcionais fizeram suspender o ensino ou em que faltou o professor, e que, computados, fariam subir aquella percentagem.

O trabalho que está sendo levado a effeito para a adaptação efficiente da escola em nosso meio e consequente conservação do alumno em suas classes, pelo menos, atravez os quatro annos basicos do ensino primario, não fica esclarecido sem considerarmos a frequencia do alumno nos diversos annos.

Os quadros seguintes demonstram, para os annos de 1926 e 1927, um resultado que é fruto do actual esforço.

DISTRIBUIÇÃO DA MATRICULA PELOS GRÁOS ESCOLARES EM 1926

Frequencia em cada anno do curso primario

Percentagem por anno, calculada em relação á frequencia

Anno

Anno

Circum-scripções

CAPITAL

10ª

11ª

12ª

Total

 

 

4.740

5.482

1.732

2.748

3.534

930

958

1.022

1.058

1.191

1.878

1.199

3.733

---------

30.205

 

 

1.781

1.825

492

861

1.146

486

304

349

328

490

774

524

1.510

---------

10.870

 

 

915

1.164

225

470

581

313

144

240

160

287

511

251

803

--------

6.064

 

 

363

584

108

224

306

185

32

153

82

118

248

91

455

--------

2.949

Total

 

 

7.799

9.055

2.557

4.303

5.567

1.914

1.438

1.764

1.628

2.086

3.411

2.065

6.501

---------

50.088

 

 

60,78

60,54

67,73

63,86

63,48

48,59

66,62

57,93

64,99

67,09

55,06

58,06

57,42

--------

60,30

 

 

22,83

20,15

19,25

20,01

20,58

25,39

21,14

19,79

20,15

23,49

22,69

25,38

23,23

--------

21,70

 

 

11,73

12,86

8,80

10,92

10,44

16,35

10,01

13,61

9,82

13,76

14,98

12,15

12,35

--------

12,11

 

 

4,66

6,45

4,22

5,21

5,50

9,67

2,23

8,67

5,04

5,66

7,27

4,40

7,00

-------

5,89

 

DISTRIBUIÇÃO DA MATRICULA E FREQUENCIA PELOS GRÁOS ESCOLARES, EM 1927

Matricula em cada anno do curso primario

Frequencia em cada anno do curso primario

Anno

Anno

 

Circum-scripções

CAPITAL

10ª

11ª

12ª

 

Total

Percenta-gem em relação ao total ...

 

 

5.991

10.556

1.968

3.124

4.028

1.817

1.467

1.688

1.826

2.278

2.456

1.657

4.419

---------

43.275

 

 

 

53%

 

 

4.220

3.016

742

1.235

2.027

875

756

917

724

1.307

1.547

917

2.935

---------

21.218

 

 

 

27%

 

 

2.020

1.529

369

1.272

944

509

349

439

348

487

701

436

1.248

---------

10.651

 

 

 

14%

 

 

630

543

245

289

527

243

113

247

140

324

495

195

749

--------

4.740

 

 

 

6%

Somma

 

 

12.861

15.644

3.324

5.920

7.526

3.444

2.685

3.291

3.038

4.396

5.199

3.205

9.351

---------

79.884

 

 

4.040

7.772

1.166

2.423

3.230

1.426

1.107

1.224

1.125

1.605

1.792

1.218

3.455

---------

31.583

 

 

 

54%

 

 

2.930

2.132

678

941

1.145

795

639

806

625

932

1.132

754

2.009

---------

15.518

 

 

 

26%

 

 

1.483

1.120

305

674

672

374

225

304

274

328

614

343

975

--------

7.691

 

 

 

13%

 

 

590

435

182

183

234

206

96

192

103

272

402

149

634

-------

3.678

 

 

 

7%

Somma

 

 

9.043

11.459

2.331

4.221

5.281

2.801

2.067

2.526

2.127

3.137

3.940

2.464

7.073

----------

58.470

DISTRIBUIÇÃO DA MATRICULA PELOS GRÁOS ESCOLARES, EM 1927

Matricula em cada anno do curso primario

Percentagem em relação

á matricula total

Anno

Anno

CAPITAL

10ª

11ª

12ª

Total geral

 

5.991

10.556

1.968

3.124

4.028

1.817

1.467

1.688

1.826

2.278

2.456

1.657

4.419

----------

43.275

 

 

4.220

3.016

742

1.235

2.027

875

756

917

724

1.307

1.547

917

2.935

----------

21.218

 

 

2.020

1.529

369

1.272

944

509

349

439

348

487

701

436

1.248

----------

10.651

 

 

630

543

245

289

527

243

113

247

140

324

495

195

749

---------

4.740

 

Somma

 

12.861

15.644

3.324

5.920

7.526

3.444

2.685

3.291

2.038

4.396

5.199

3.205

9.351

-----------

79.884

 

 

46,58

67,47

59,11

52,77

53,52

52,75

54,67

51,29

60,10

51,81

47,31

51,70

47,26

 

 

 

32,81

19,28

22,32

20,86

26,94

25,41

28,15

27,87

23,86

29,71

29,73

28,61

31,29

 

 

15,70

9,78

11,20

21,49

12,54

14,78

12,96

13,35

11,44

11,04

13,45

13,60

13,35

 

 

4,91

3,47

7,37

4,88

7,00

7,06

4,22

7,49

4,60

7,34

9,51

6,09

8,00

 

 

DISTRIBUIÇÃO DA FREQUENCIA PELOS GRÁOS ESCOLARES - 1927

Frequencia em cada ano do curso

primario

Percentagem em relação

á frequencia total

Anno

Anno

CAPITAL

10ª

11ª

12ª

Total geral

 

4040

7772

1166

2423

3230

1426

1107

1224

1125

1605

1792

1218

3455

----------

31583

 

2930

2132

678

941

1145

795

639

806

625

932

1132

754

2009

---------

15518

 

 

1483

1120

305

674

672

374

225

304

274

328

614

343

975

---------

7691

 

 

 

590

435

182

183

234

206

96

192

103

272

402

149

634

---------

3678

 

 

Somma

 

9043

11459

2331

4221

5281

2801

2067

2526

2127

3137

3940

2464

7073

---------

58470

 

44,67

67,86

50,03

57,41

61,22

50,93

53,35

48,45

52,89

51,16

45,49

49,42

48,84

 

 

 

 

32,44

18,65

29,09

22,29

21,71

28,35

30,91

31,91

29,38

29,71

28,73

30,60

28,41

 

 

 

16,39

9,74

13,09

15,96

12,76

13,36

10,89

12,03

12,88

10,46

15,58

13,95

13,78

 

6,50

3,75

7,79

4,34

4,31

7,36

4,65

7,61

4,85

8,67

10,20

6,03

8,97

 

 

A tendencia para diminuir esse exclusivo interesse da população pelos dois primeiros annos da escola primaria, isto é, para a simples acquisição dos instrumentos essenciaes da cultura - ler, escrever e contar - é muito lenta.

Em 1925, no Districto Federal, havia nos dois primeiros annos de ensino primario 67,65 dos alumnos matriculados nos seis annos do seu curso.

Nesse mesmo anno de 1925, nas ilhas Philipinas, apezar do seu tremendo esforço educacional e da montagem de um completo systema de educação, 570.000 crianças, isto é, 65% da matricula total, se encontravam nos dois primeiros annos do curso.

Em 1925 depois de 25 annos de esforços, technicos americanos estudando o systema escolar das ilhas Philipinas, julgaram que somente em 1945, si se mantiver a porcentagem de crescimento, isto é 20 annos após, todas as crianças matriculadas no primeiro anno continuarão até o quarto. E para conserval-as até o 5º gráo, seriam precisos 40 a 45 annos.

Não ha mais tremendo problema em qualquer systema escolar do que este: attrahir a criança para a escola e conserval-a até o minimo de annos necessario para algum resultado efficiente.

O systema escolar bahiano é, de facto, ainda, um systema escolar de um anno de estudos.

Ora nada pode a escola transmittir de valor permanente em um anno de estudos.

Os esforços para melhorar a escola, apparelhando-a devidamente, os esforços para melhorar a instrucção, adaptando-a mais fortemente ao meio e os esforços para melhorar o professor, dando-lhe mais adequado preparo, serão esforços que hão de custar augmento de despezas, mas, que realmente, representarão verdadeira economia.

Despeza extravagante, será a que fizemos sem a nitida comprehensão de que uma exclusiva e apressada alphabetização não resolve o problema educativo bahiano.

É indispensavel que ao lado das despezas com a diffusão do ensino, reservemos outras despezas e grandes cuidados com a melhoria do ensino diffundido.

Não sei dizer qual desses dois problemas deva ser preferido ao outro, tão serios e tão graves são ambos.

Dar um anno apenas de escola ao bahiano, é fazer despeza inutil, sem proveito real.

A educação será um factor do desenvolvimento economico quando fôr devidamente ministrada. Fóra dahi, não ha nenhuma varinha magica que multiplique o poder de producção do bahiano só porque lhe foi ensinado o jogo das 26 letras do alphabeto.

PROGRESSO DOS ALUMNOS ATRAVEZ DOS ANNOS

DO CURSO PRIMARIO

O systema escolar bahiano, anteriormente aos actuaes esforços, não alimentava a forte preoccupação que devia ter, pelo problema, que vimos estudando, de tornar a escola verdadeiramente efficiente para todos os seus alumnos, conservando-os atravez os quatro annos de curso, promovendo-os com regularidade e diplomando-os.

Não ha situação que demonstre mais profundamente a ineffiencia do nosso systema escolar do que a situação referente a promoções e a exames finaes na escola primaria.

Não só devido a causas diversas e locaes de retirada precoce dos alumnos da escola, com sobretudo porque a repartição central do ensino, esquecendo o problema das promoções atravez os differentes gráos do curso, pôz todo o relêvo no diploma final do quarto anno, fazendo do numero de alumnos promptos a medida unica da efficiencia do professor; - a escola primaria bahiana tem sido uma escola não só inefficiente, como contraria á sua finalidade democratica.

Como o numero de alumnos promptos apresentados (geralmente, aliás, ridiculamente pequeno), correspondia á sua nota de merecimento e efficiencia na directoria de instrucção, o professor publico desde o primeiro curso começava a dar-se mais completamente a um pequeno grupo de alumnos que, as mais das vezes, por melhores condições sociaes, poderiam fazer o curso primario completo.

A grande massa de alumnos merecia apenas um interesse secundario e muitas vezes ficava toda ella a cargo dos adjunctos, emquanto a cathedratica se esforçava pelo pequeno grupo selecto, o qual nutria a esperança de dar prompto, isto é, de levar até o quarto anno.

Não digo que esse esforço, não seja de alguma utilidade, o que desejo demonstrar é quanto elle limita e condensa o esforço do nosso professor primario.

Vejamos pelos quadros abaixo, como melhorou a situação:

RELAÇÃO DOS ALUMNOS PROMOVIDOS NO ANNO DE 1924

ALUMNOS PROMOVIDOS

ALUMNOS QUE TERMINARAM O 4º ANNO

Sexo

masculino

Sexo

Feminino

Total

Sexo

masculino

Sexo

feminino

Total

10ª

11ª

12ª

 

 

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

 

Total .........................

 

555

303

222

216

115

20

188

186

83

169

126

149

--------

2.332

 

 

589

52

206

225

92

50

150

127

74

169

53

193

--------

1.980

 

1.144

355

428

441

207

70

338

313

157

338

179

342

---------

4.312

 

101

54

15

48

13

4

45

40

28

58

9

15

-------

430

 

 

118

28

14

25

8

12

26

27

18

57

2

28

-------

363

 

219

82

29

73

21

16

71

67

46

115

11

43

-------

793

RELAÇÃO DOS ALUMNOS PROMOVIDOS NO ANNO DE 1925

ALUMNOS PROMOVIDOS

ALUMNOS QUE TERMINARAM O 4º ANNO

Sexo

masculino

Sexo

feminino

Total

Sexo

masculino

Sexo

feminino

Total

Capital......

10ª

11ª

12ª

 

 

 

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

 

Total .........................

 

689

231

84

173

324

60

15

174

93

90

104

18

250

---------1.175

 

689

269

145

218

260

72

98

227

117

103

103

21

327

--------

1.475

 

1.378

500

229

391

584

132

113

401

210

193

207

39

577

---------

4.954

 

156

71

17

36

78

27

5

37

27

28

22

12

67

--------

583

 

56

88

58

12

52

20

6

36

12

37

25

11

105

-------

518

 

212

159

75

48

139

47

11

73

39

65

47

23

172

--------

1.101

 

RELAÇÃO DOS ALUMNOS PROMOVIDOS NO ANNO DE 1926

ALUMNOS PROMOVIDOS

ALUMNOS QUE TERMINARAM O 4º ANNO

Sexo

masculino

Sexo

feminino

Total

Sexo

masculino

Sexo

feminino

Total

Capital e

10ª

11ª

12ª

 

 

suburbios ..................

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

 

Total .........................

 

1.247

1.545

466

645

865

92

212

218

203

85

319

120

817

----------

6.828

 

1.657

1.402

317

949

855

30

194

189

153

154

404

125

797

----------

7.266

 

2.898

2.967

783

1.594

1.710

122

406

407

356

239

743

245

1.614

----------

14.094

 

94

146

32

62

96

5

14

48

27

13

37

1

91

-------

66

 

178

121

23

114

78

20

16

36

20

28

62

22

97

-------

815

 

272

267

55

176

174

25

30

84

47

41

99

23

188

--------

1.481

 

DEMONSTRATIVO DAS PROMOÇÕES ESCOLARES, EM 1927

1º anno

 

2º anno

3º anno

Diplo-

mados

Total

Capital......

10ª

11ª

12ª

 

 

 

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

Circumscripção .........

 

Somma ....................

 

2.227

1.530

420

859

1.495

327

178

283

344

490

603

122

1.237

------------

10.165

 

1.379

796

215

534

783

227

127

285

210

297

344

80

642

---------

5.919

 

751

357

104

287

407

157

62

94

96

118

183

44

305

----------

2.965

 

529

449

81

171

359

59

48

102

69

83

111

63

259

---------

2.383

 

4.936

3.132

820

1.851

3.044

777

415

764

719

988

1.241

309

2.443

----------

21.432

 

EM RESUMO

Anno

Matricula

Promoções

Exames

finaes

 

1924 .................

1925 .................

1926 .................

1927 .................

 

 

 

47.589

50.722

66.657

79.884

 

4.312

4.954

14.094

19.049

 

793

1.101

1.481

2.383

Os quadros acima evidenciam que ha uma crescente modificação, mas muito distante ainda de ser satisfactoria.

O que se dava, em 1924?

Dava-se o seguinte: um systema escolar com 47.589 alumnos, depois de um anno de trabalho, apresentava 4.312 crianças que haviam aprendido e 43.277 que deviam ter sido reprovadas.

Não será possivel evidencia maior da inefficiencia da escola.

Ora, eu não creio que isto se tenha dado somente devido ao desapparelhamento da escola, mas ainda devido á preocupação absorvente do professor pelos seus dois ou tres alumnos cujo exame final se foi processar no fim do anno.

Calculo que mais de 50% do esforço do bom professor bahiano se reduziu em 1924, áquelles 793 alumnos que foram diplomados.

Temos combatido tanto quanto possivel essa preocupação exclusiva do professor pelos alumnos promptos. E do esforço para fazer com que o mestre divida por egual o seu empenho por todos os alumnos, já se podem ver alguns resultados.

Em 1924, a porcentagem de aprovações era de 9%, em 1925 de 9,7%, em 1926, 21% e em 1927, 27,1%.

Essa devia ser a percentagem dos não promovidos e não dos alumnos approvados.

Não ha quadro que demonstre mais tremendamente a grave situação das escolas bahianas.

Quaes as causas e qual o remedio?

Além daquelles motivos apontados, além do absorvente interesse do professor por alguns alumnos que vão fazer exame final, ha outras causas geraes que devem ser responsabilizadas pela inefficiencia da escola publica.

Essas causas se podem resumir em duas principaes:

1) O programma escolar não se adapta ás capacidades e interesses da criança bahiana:

2) O systema de notas e exames não mede, com verdade e objectividade, os conhecimentos dos alumnos.

De principio, deve-se notar, portanto, que a fraqueza do systema escolar, em muito, se prende á deficiencia da repartição central do serviço de ensino e da formação dos professores.

Com effeito, as directorias de instrucção, entre nós, não têm constituido centros technicos de pesquizas e estudos das condições do serviço, mas, somente repartições administrativas que procuram cuidar da parte burocratica do ensino.

Ora, a organização dos programmas escolares constitue, hoje, uma das tarefas mais complexas e mais difficeis de uma administração escolar.

Por um lado, o programma escolar deve ser o intermediario entre a escola e a sociedade.

Sendo a escola a agencia de educação por meio da qual a sociedade prepara os seus novos membros para a participação plena em sua vida, ella, a escola, deve, atravez do programma escolar, refletir a sociedade.

O programma escolar deve, não somente, adaptar-se ao meio social, mas reflectil-o na escola.

Esse primeiro problema de um programma escolar verdadeiramente ajustado ás condições da sociedade bahiana e brasileira, é trabalho para continuadas pesquizas e cuidadosos estudos, que uma directoria sem robusta organização technica não pode emprehender.

Mas, o programma não só deve ser adequado ás nossas condições sociaes, como deve ainda adaptar-se ás capacidades e interesses da criança bahiana nas suas differentes idades escolares.

E, então, ao estudo da nossa sociedade, se ajunta o estudo da nossa criança.

Como, assim, contar a Bahia com uma escola verdadeira?

Até 1924, não tinhamos praticamente programmas. O professor possuia uma indicação muito geral do trabalho (organização de 1920) e tudo mais era dado pela pratica e methodos pessoaes de cada um.

Em 1924, apezar da ausencia de um corpo technico que se dedicasse ao problema, com auxilio de uma commissão eleita pelo Conselho Superior de Ensino, organizou-se o programma vigente, que é uma tentativa util, mas que precisa de constante e progressivo aperfeiçoamento.

Não só devido á falta de material e installações para a sua completa pratica, como á ausencia de um serviço de inspecção e observação minuciosa que permitisse a colheita de dados para a sua reorganização, a directoria com o seu actual quadro, não pode dar-se ao estudo dos problemas do curriculum escolar.

Urge que se organize uma divisão, na directoria geral, composta de technicos que emprehendam os trabalhos necessarios para dotar a escola bahiana de programmas verdadeiramente adaptados á nossa criança e ao nosso meio social.

O que é preciso é que a escola se occupe com leituras e actividades que digam respeito á vida bahiana e brasileira e ás suas relações com os outros povos; que esse material seja distribuido pelos differentes gráos do curso primario e experimentado em escolas escolhidas pela Directoria, para se verificar a justeza da distribuição dos estudos pelos differentes annos; e afinal que se pesquize systematicamente o tempo requerido em cada gráo para cobrir os estudos que lhe forem assignados.

Isso, em relação, á organização regular do curso de estudos e á sua razoavel execução nas escolas.

Fóra dahi o que haverá é um systema escolar que não pode garantir a validade das suas materias de estudo, nem a continuidade do seu curso elementar, nem a segurança dos seus resultados.

E outra cousa não se tem dado com a Bahia, dada a deficiencia do seu quadro de technicos da directoria do serviço.

Não é sufficiente, porém, um programma escolar devidamente organizado.

É indispensavel um systema de medidas dos resultados escolares, seguro e objectivo.

Ora, na escola publica, esse systema ainda tem a sua base nas notas mensaes e nos exames, umas e outras fundados na opinião do professor.

Não é de admirar que os conhecimentos e progressos dos alumnos sejam muito precariamente medidos e que ainda avulte tão extraordinariamente o numero dos que repetem o anno.

Em vez dos exames e das simples notas a juizo do professor, impõe-se a applicação de tests bem construidos e bem estandartizados, por meio dos quaes, se possam aferir os progressos do escolar bahiano.

Só por esse meio é, hoje, possivel, não só organizar o trabalho do professor e inspeccionar a execução de um programma, como evitar julgamentos extravagantes dos alumnos.

Por meio dos tests de escolaridade, o progresso do escolar se poderá fazer com perfeita consciencia do professor, que, assistido pela directoria, poderá controlar todo o seu trabalho no sentido de um progresso global da classe.

A organização das medidas objectivas dos resultados escolares é uma outra face, apenas, do problema do curriculum escolar.

E, tambem, para essa imprescindivel responsabilidade da repartição central do serviço, tem faltado até hoje os quadros e os elementos necessarios.

À proposta da actual lei do ensino cuidava da organização de uma secção technica na directoria que velasse pela organização de taes serviços.

Não deu o Legislativo, porém, provimento a essa solicitação.

De como tal secção, além de necessaria á mais elementar administração ecolar, é ainda de grandes resultados economicos, já está ahi acima indicado.

O numero tremendo de alumnos que repetem os annos no curso primario, representam alumnos com os quaes o Estado está despendendo o dobro, o triplo e o quadruplo do que devia gastar, se organização escolar bahiana fosse adequada, em todo o sentido.

Os technicos americanos são hoje accordes em que não deve haver repetições de anno em systema escolar.

Se o curriculum fôr devidamente organizado, de sorte a progredir, atravez dos gráos, a medida que a criança progride atravez dos annos e, por outro lado, houver um systema objectivo e scientifico de medir o progresso do escolar, não deve reprovações no systema escolar.

CURRICULUM DA ESCOLA ELEMENTAR

Pela actual lei que reorganizou o ensino, foi enriquecido o curriculum da escola elementar com varios estudos, que não só accentuam a sua finalidade educativa, como ampliam, para as necessidades da vida moderna, as opportunidades de instrucção que a escola primaria deve prover.

O programma, assim, distanciando-se do antigo ideal de ensinar ler, escrever e contar, comprehende (art. 64 da Lei do Ensino), além desses tres fundamentos, estudos de historia e geographia, de sciencias e suas applicações, de agricultura e industrias locaes, de desenho, de trabalhos manuaes e domesticos e de musica, e ainda educação physica e educação civica.

A par dessa ampliação do curriculum escolar, impõe-se o aperfeiçoamento dos methodos de ensino e do proprio manejo do trabalho de classe.

Organizamos para isso um horario, com distribuição de tempo para cada materia de accordo com a importancia e difficuldade do seu estudo e o curso de estudos, de que já fallamos, para guiar o professor no seu trabalho quotidiano.

No intuito, entretanto, de permitir uma livre e rica experimentação dos novos methodos e dos novos estudos, promptificamo-nos a acolher, na directoria, não só quaesquer suggestões, mas ainda planos de reorganização e revisão, que poriamos logo em pratica, com os professores que se quizessem responsabilizar por esse trabalho de experiencia.

Não só o curso de estudos, como o horario e distribuição de tempo para as diversas materias, fizemos, logo, constar que eram simplesmente guias geraes, bastante flexiveis para permitir todas as adaptações e soffrer todas as revisões que a pratica viesse a suggerir.

Não logramos, porém, elementos para esse processo de experimentação.

O professorado não pode ainda accudir a essas solicitações de iniciativa e cooperação com o corpo central da administração.

Os nossos methodos de ensino e as nossas praticas escolares ainda se prendem exaggeradamente aos velhos processos de rotina e de memorização.

Tudo concorre para esse estado de cousas.

A formação deficiente ainda, na parte technica, do professor primario, a falta do devido apparelhamento escolar, a imperfeição dos livros usados na classe, a ausencia de materiaes de ensino, todos esses elementos collaboram na obra de escravizar o ensino á monotonia e inefficiencia de methodos do ensino defeituosos.

Mas, parece-nos, mais do que tudo isto, a falta de uma verdadeira escola modelo, onde os normalistas vissem e praticassem os modernos processos de ensino e que os professores em trabalho visitassem e observassem, tanto quanto possivel, - é a causa mais real da falta de renovação dos nossos methodos de ensino.

Entretanto, urge reconhecer, graças aos cursos de ferias para o professorado, á boa vontade de muitos dos seus elementos e ao estimulo da inspecção, alguma cousa se tem feito pela imprescindivel renovação.

Acima de tudo o que desejamos é vencer a resistencia de uma tradicção que comprehende a escola como uma casa onde a criança entra para fazer e aprender o que se manda e pelo modo por que se manda.

Esse modo é o da repetição ou copia servil ou o de decorar compendios.

Nem a escola desperta ou educa a iniciativa individual; nem a escola concorre para criar um sentimento de originalidade ou responsabilidade; nem a escola desenvolve a capacidade de pensar e agir diante dos problemas reaes da vida; nem a escola ensina a criança a posse e o governo de si propria: nem lhe offerece opportunidade para habitual-a á vida cooperativa de grupo.

Falha, assim, a escola á sua finalidade educativa e democratica.

Bem sabemos que é trabalho lento a renovação de taes processos.

Entretanto, valha dizer, já, em muitas escolas está a despertar um espirito que se encaminha para essa nova concepção.

O trabalho manual, as artes industriaes e o desenho, têm sido, na parte de estudos, os instrumentos de renovação.

Graças a essas actividades escolares começamos a educar o nosso escolar sentido de uma realização pessoal de si mesmos e começa a robustecer-se o methodo de ensino.

Amanhã esses processos penetrarão todos os estudos e a escola iniciará o seu renascimento para a verdadeira feição activa e educadôra, que deve ter.

Por outro lado, a educação physica estimulada e encorajada por todos os modos e as festas escolares, sobretudo civicas, feitas com a participação do alumno e o escoteirismo, já nascente, e com existencia regular até em longinquas escolas do sertão, e as associações infantis, como a Liga da Bondade e outras, estão a ensaiar uma educação social mais effectiva, no sentido de despertar as idéas de cooperação e de self-government.

O verdadeiro impulso, entretanto, será dado quando fundarmos uma escola de experimentação, que funccione como modelo e laboratorio para as praticas escolares, sem o que nada se pode fazer, com segurança e com exito.

Estamos a demonstrar que essas tentativas de aperfeiçoamento do ensino elementar longe de representar uma extravagancia technica, representam progresso na economia de um systema escolar.

E, além disto, é parte essencial de um plano sincero de solução do problema de educação popular.

A nossa insistencia por ensino superior, o nosso luxo de faculdades antes de possuirmos uma escola primaria, provém, é triste dizel-o, de ignorarmos o que seja a escola primaria.

Como se ha de criar a consciencia nacional de educação popular, como se ha de criar a bôa vontade e o enthusiasmo pela escola primaria, como se ha de movimentar essa opinião publica indispensavel para as obras que exigem grandes despezas publicas, si a escola primaria que conhecemos é a da sala alugada, sem adaptação e sem recursos, onde um professor humilde se esforça para ensinar rudimentos de cultura?

A installação de uma escola primaria, em altas condições de perfeição technica e de apparelhamento, se impõe, na Bahia, como medida preliminar para a execução de um plano de diffusão e melhoramento do ensino primario.

Mas do que isto. Para dar ao nosso povo a verdadeira concepção da escola primaria, aquella que talvez elle tivesse, quando, ainda no Imperio, construiu os dois grandes edificios, onde hoje funcionam, o Superior Tribunal de Justiça e a Escola de Bellas Artes, para escolas primarias.

A construcção de uma escola primaria moderna é um dever inadiavel, por outra parte, do proprio governo que hoje utiliza para outros fins esses predios que attestam uma mentalidade que as nossas primeiras administrações não souberam conservar.

Só com esta base inicial, poderemos continuar com segurança de efficiencia um largo plano de melhoramento e adaptação da escola primaria e dos seus methodos e do seu curriculum, ás nossas condições bahianas.

O ENSINO NA CAPITAL

O ensino primario da Capital, por força da actual lei do ensino, foi avocado pelo Estado.

Atravessavam as escolas no primeiro municipio do Estado uma situação que ainda hoje produz seus effeitos deprimentes sobre a situação escolar da Bahia, junto áquelles que desconhecem o caracter e o rigor das providencias tomadas.

Hoje, se o problema do ensino não está resolvido na capital do Estado, offerece as mesmas condições de progresso e desenvolvimento por que está passando todo o systema escolar.

No fim do primeiro anno de avocação, em fins de 1926, diziamos: "Recebemos o ensino municipal distribuido por 170 escolas, com 170 professores cathedraticos e 137 professores adjuctos. Essas 170 escolas funccionavam isoladamente em salas alugadas. Succedia com as poucas que tinham predio proprio que este servia de residencia aos professores, vindo a resultar que não se podiam distinguir dos demais.

O anno que acaba de decorrer não podia proporcionar o milagre de transformar essas escolas. Entretanto, não temos motivos para descontentamentos depois de 9 mezes de trabalho.

Avocado o ensino, procedido o inventario do apparelhamento material recebido, intensificamos o serviço de inspecção, insistindo junto ao professorado pela restauração do serviço escolar, cuja decadencia visivel era motivo de verdadeiro desgosto.

Encontramos um professorado a que não haviam em nada alquebrado os longos mezes de sacrificios de que vinham, e valeu isto a possibilidade do progresso mais rapido, mais efficiente e mais solido.

Antes do mais, preoccupou o governo o melhoramento do predio escolar, quasi sempre condemnado pela Hygiene Escolar.

Foram, de prompto, atacadas as obras nos predios publicos municipaes transferidos. Cinco que eram elles - o Grupo Escolar Rio Branco, o da E. Victor Soares e o da E. da Penha e das escolas do Tororó, foram reinaugurados no anno passado; o ultimo, o das Escolas reunidas dos Mares, se inaugurou depois de completamente restaurado.

Installou-se ainda uma escola publica no salão superior do antigo Forte de Mont-Serrat, restaurado pelo governo do Estado e entregue á administração escolar.

Foram transferidas para predios mais adaptados as escolas ns. 4, 13, 16, 20, 25, 29, 38, 42, 44, 60, 61, 63, 67, 68, 69, 74, 75, 80, 81, 82, 85, 112, 115, 120, 122, 138 e 144.

Todas essas escolas foram novamente installadas em predios mais adaptados e melhor mobiliados.

Dessas, diversas foram reunidas em predios amplos, constituindo quatro Escolas Reunidas, em Nazareth, Garcia, rua do Paço e Mares, com matriculas e frequencias avultadas.

Além disto, 11 escolas transferidas para o Estado e fechadas por falta de predio, foram reabertas.

Localizou o Estado, ainda, 10 novas escolas.

De sorte que, transcorrido um anno, a avocação do ensino municipal da Capital deu os seguintes resultados: 10 escolas novas; 11 escolas reabertas; 4 Escolas Reunidas installadas e 28 escolas reinauguradas em melhores predios e melhores installações.

Quanto ao professorado tivemos um augmento de 11 cathedraticos e 30 adjunctos provenientes de novas nomeações.

O movimento de matricula nessas escolas, em 1926, foi de 11.546, com 7.799 alumnos frequentes.

Em 1925, a matricula apenas attingiu a cifra de 9.535, com 6.818 alumnos frequentes. Houve, assim, um augmento de matricula de 2.011 alumnos.

Considerando que o ensino particular da Capital registra uma matricula de 8.706, temos que, em 1926, 20.252 creanças frequentaram escolas primarias.

Tendo em vista que possuimos em edade escolar, de 7 a 11 annos, 47.812 creanças, verificamos que 42,35% dos meninos em edade escolar frequentaram as escolas.

Nas escolas publicas os resultados provenientes de maior rendimento escolar foram animadores.

Tivemos 2.898 promoções e 272 exames finaes".

No anno que finda, os mesmos progressos se accentuaram.

Continuou o movimento de melhor localização e agrupamento das escolas, conseguindo-se funccionamento mais coordenado das classes.

DEMONSTRATIVO DE PROMOÇÕES E EXAMES NAS

ESCOLAS DA CAPITAL

Anno Matr. Freq. Prom. E. finaes

1925 ....... 9.533 6.818 1.345 212

1926 ....... 11.546 7.799 2.898 272

1927 ....... 12.088 8.509 4.936 529

 

1927

PROMOÇÕES NA CAPITAL

Do 1º para o 2º anno ............ 2.277

Do 2º para o 3º anno ............ 1.379

Do 3º para o 4º anno ............ 751

Diplomados .......................... 529

 

O grande problema do ensino na Capital continúa a ser o do predio escolar e do apparelhamento material da escola. Todas as difficuldades do ensino em uma grande cidade, ganham em face da ausencia do predio escolar, uma feição de absoluta insolubilidade.

No capitulo referente á Finança e Custeio das escolas propomos uma medida que, se fôr levada a effeito, encaminhará para uma solução proxima o serio e grave problema do ensino na Capital do Estado.

UNIFICAÇÃO DO SERVIÇO ESCOLAR

A actual Lei do Ensino, n. 1.846, de 14 de Agosto de 1925, unificou o ensino primario do Estado, nas seguintes bases:

Art. 70 - O ensino primario, a cargo dos municipios, constituirá com o do Estado, um só e mesmo serviço, sob a direção geral, superintendencia e fiscalização do Governo do Estado.

Art. 71 - É reconhecida aos municipios a competencia para "crear, manter, transferir e supprimir escolas de instrucção primaria", dentro de sua circumscripção territorial, subentendido, porém, o exercicio dessa competencia nos limites da presente lei e de accordo com as suas normas e preceitos.

Os professores para essas escolas serão nomeados pelo Governador do Estado e obedecerão ás leis e regulamentos estaduaes.

Art. 72 - A quota da receita municipal attribuida ao serviço da instrucção primaria não poderá ser inferior á sexta parte da renda ou receita geral do municipio, excluida tão somente a receita com applicação especial, que entrará apenas, para aquelle calculo e computo, com o saldo ou differença verificada, entre a mesma receita e a despeza a que é especialmente attribuida.

Paragrapho unico. - É licito aos municipios crear taxas ou contribuições especiaes, destinadas ao augmento e reforço da quota da sua receita, reservada ao serviço da instrucção primaria.

Art. 73 - A despeza com a instrucção primaria municipal relativa aos vencimentos do professorado e locação escolar, passará a ser paga no Thesouro do Estado, mediante attestados do exercicio do magisterio nas cadeiras respectivas, passados pelas autoridades, com funcção identica relativamente aos professores do serviço do Estado observadas, ainda, as demais formalidades e exigencias regulamentares a respeito.

Art. 74 - Para ocorrer á alludida despeza, os intendentes municipaes recolherão ás collectorias ou estações arrecadadoras do Estado, até o terceiro dia util de cada mez, a sexta parte, no minimo, das rendas dos respectivos municipios, arrecadas no mez anterior, cumprindo-lhes juntar aos balancetes mensaes, que deverão enviar ao Governador e ao Tribunal de Contas, documento comprobatorio do recolhimento feito.

Houve quem julgasse offensiva á autonomia municipal a avocação pelo Estado do serviço de ensino a cargo dos municipios.

A constituição federal fixou a raia dessa autonomia municipal de um modo nitido e pouco sujeito a duvidas: ella se exerce sobre tudo o que fôr do peculiar interesse do municipio.

A questão surge, assim, em plena luz. O serviço de instrucção publica é do peculiar interesse do municipio?

A resposta affirmativa desmorona todo o conjunto de disposições legaes, a respeito. A negativa legitima a acção dos legisladores bahianos. Está ahi a espinha dorsal do problema.

Ora, não são precisos gastos de argumentação para demonstrar que o serviço do ensino é eminentemente geral.

Vinculada á terra a que se destina, nas suas particularidades, a instrucção, e sobretudo a instrucção primaria e popular, é o serviço nacional por excellencia, o serviço que interessa precipuamente a essa collectividade gigantesca que é o Brasil.

Póde a centralização administrativa do ensino não ser aconselhavel. Será, porém, sempre legitima. O serviço da organização intellectual de uma paiz é o serviço da sua formação.

E nunca se entendeu differentemente na Bahia. A legislação do ensino sempre foi uniforme e unica em todo o Estado.

Não seria, comtudo, legitima, a unificação administrativa do serviço?

Diz a lei organiza municipal no seu art. 47 § 6º:

"Os conselhos municipaes terão autonomia em tudo o que fôr do peculiar interesse do municipio, competindo-lhes criar, manter, transferir e suprimir escolas de instrucção primaria com o concurso do Estado, onde o municipio não puder desempenhar este serviço, e sem prejuizo das instituições congeneres que aquelle entenda criar e manter".

Diz a lei do ensino, no art. 71:

"É reconhecida aos municipios a competencia para "criar, manter, transferir e supprimir escolas de instrucção primaria", dentro de sua circumscripção territorial, subentendido, porém, o exercicio dessa competencia nos limites da presente lei e de accordo com as suas normas e perceitos.

Os professores para essas escolas serão nomeados pelo Governador do Estado e obedecerão ás leis e regulamentos estaduaes".

Mantiveram-se assim os dispositivos essenciaes da lei organica municipal sobre o assumpto. Ao municipio ficam as attribuições de julgar da conveniencia ou inconveniencia da criação, manutenção, suppressão e transferencia das escolas; retira-se-lhe tão somente a administração da mesma.

A lei organica, no seu espirito, não pensa outra cousa. A unidade de orientação escolar, a unidade pedagogica e administrativa prevista na lei nova, si não fere a autonomia municipal estatuida constitucionalmente, tambem não fere a lei organica.

Não existe, pois, a questão que se quiz levantar. Argúem, a seguir, com as sancções impostas ao intendente.

Ainda ahi se trata da applicação de normas já previstas na lei fundamental dos municipios.

Estudem-se com sinceridade os dispositivos dessa lei e da lei do ensino, respectivamente nos arts. 98 (Lei Org. Mun.) e 75 (Lei da Instrucção) e quem não ha de reconhecer a perfeita adaptação dos casos aos preceitos da propria lei organica?

Com effeito, diz a lei municipal:

"Art. 98 - Quando o Tribunal Superior de Justiça ou o Tribunal de Contas reconhecer a responsabilidade do intendente, por desfalque, alcance, abuso e desvios de dinheiros municipaes, o presidente do Tribunal mandará logo extrahir copia authentica da decisão e a remetterá, com os documentos que lhe serviram de fundamento, ao Governador, para que elle possa suspender o intendente, e fará, pelo orgão da Justiça Publica, promover a responsabilidade criminal perante o Juiz de direito da comarca, segundo prescreve o art. 113 da Constituição do Estado, além da execução para a cobrança do alcance.

Paragrapho único - Do mesmo modo se procederá contra os conselhos responsaveis".

E dispõe a lei do ensino:

Art. 75 - Verificada a inobservancia do dispositivo anterior, seja pela falta de remessa do documento a que se allude no seu final, seja por denuncia dos collectores, que são obrigados a fazel-a á Directoria do Thesouro, para que esta a encaminhe, pelos tramites regulamentares, á Directoria Geral da Instrucção, e ao Tribunal de Contas, este, ou ex-officio, ou provocado pelo Governo do Estado, apurará sem demora a responsabilidade do intendente.

§ 1º - Reconhecida a responsabilidade do Chefe do Executivo Municipal, o Presidente do Tribunal de Contas remetterá copia authentica da decisão proferida ao Governador do Estado, afim de que este providencie a respeito, suspendendo o intendente omisso e promovendo, pelos orgãos do Ministerio Publico, as acções civeis e criminaes que no caso couberem".

A lei do ensino estabelece um caso para a applicação do dispositivo da lei fundamental dos municipios.

A unificação do ensino municipal e estadual não foi somente legitima, mas sobretudo sabia e veiu satisfazer a uma exigencia irrecusavel do serviço.

Effectivamente, o ensino a cargo dos municipios se achava, nos ultimos tempos, em condições precarias.

Havia, como era natural, uma sensivel falta de orgams adequados de administração e de orientação uniforme do ensino primario.

Em via de regra, a administração do serviço escolar se confundia na administração geral. Ora, esse serviço necessita, por excellencia, de orientação directa, de constante fiscalização, de especiaes e assiduos cuidados, sem os quaes perderá o indispensavel vigôr e efficiencia.

Por outro lado, as communas assoberbadas pelos multiplos problemas materiaes e administrativos, que a sua vida de progresso nascente fez surgir, difficilmente podiam curar do serviço escolar, que exige especiaes conhecimentos technicos.

Da ligeireza com que se ia reduzindo o ensino primario a um curso apressado e empirico de leitura e escripta, poderiam provir, mais tarde, os maiores embaraços quando se cogitasse de effectivar, entre nós, um ensino que preparasse a organização intellectual do paiz.

Em municipios e não poucos, os regentes das escolas além de não diplomados eram pessoas do campo, de parcos rudimentos de cultura primaria.

O numero de professores sem diploma e sem nenhuma prova de elementar competencia, em escolas officiaes municipaes, passava de uma centena.

Accrescente-se a esse estado de coisas a falta total de apparelhamento pedagogico da escola: nem horarios, nem programmas, nem instrucções, nem fiscalização.

O municipio da capital, por motivos não de todo diversos dos anteriores, pedia, igualmente, com urgencia, a unificação.

A situação de prolongado atrazo no pagamento do professorado, a ausencia de predios escolares, de mobiliario e material didactico, emprestava ao serviço de ensino do nosso primeiro municipio as condições penosas que o vinham de longa data condemnando.

Afóra quatro escolas e um grupo que funccionam em proprios municipaes, todos aliás exigindo adaptação e reparos urgentes, as restantes escolas funccionam em predios e salas alugados. Esses predios se achavam em taes condições que a Directoria de Hygiene Infantil e Escolar, em recente classificação dos nossos estabelecimentos de ensino primario (1), reputou condemnavel uma proporção que se eleva acima de 90% do total.

No mesmo nivel de desoladora deficiencia está o apparelhamento didactico dessas escolas.

O mobiliario, antigo ou lamentavelmente estragado, e o material pedagogico absolutamente inexistente.

Empenhada a lei em reformar a escola primaria, adaptal-a ao meio, enquadral-a em moldes caracteristicamente nacionaes e uniformes, competia ao Estado o dever moral e legal (art. 109 § 6º Const.) de correr em auxilio dos municipios.

Foi em vista desses factos largamente comprovados, num momento em que o governo central assumia o conhecimento escrupuloso de todas as suas responsabilidades e enfrentava corajosamente as obrigações que dahi decorriam, que a acção legislativa, secundando a lei organica municipal, auctorizou a unificação do serviço de ensino.

Como os males eram geraes, geral houve de ser a medida e o remedio.

Ficaram congregados e reunidos todos os recursos do Estado e dos municipios para um serviço que é, por sua natureza, basico para a nossa terra e que ganhará com a unidade que lhe vem dar a lei.

Foi, assim, nos termos da lei, unificado o serviço escolar, unificação que se effectivou sem difficuldades e com exito, dada a bôa vontade e intelligencia de quasi todos os governos municipaes.

Depois de dois annos de unificação do ensino primario, tudo está a depôr a favor da sabedoria e proveito dessa medida legislativa.

Os resultados escolares apresentados nessa exposição attestam, com evidencia sensivel, a verdade do que affirmamos.

A contribuição dos governos municipaes se tem feito com progressiva regularidade.

Apresentamos abaixo os resultados relativos ao anno de 1926 e 1927.

RECOLHIMENTO DAS QUOTAS DA INSTRUCÇÃO
PELOS MUNICIPIOS, NOS ANNOS DE 1926 E 1927

Contribuição dos municipios

Anno de 1926................ 1.598:939$115

Anno de 1927................ 2.280:217$832

Contribuição do municipio da Capital

Anno de 1926................ 838:152$700

Anno de 1927................ 1.405:908$300

O Governo se tem mantido na execução da parte da lei referente á contribuição municipal para o serviço de ensino em attitude meramente persuasiva, sem procurar applicar os rigores do texto legislativo, porque está convencido de que as proprias administrações municipaes depressa sentirão a necessidade e as vantagens de concorrer regularmente para o serviço escolar.

Alguns municipios longinquos allegaram no anno que findou não terem recolhido devidamente as quotas do serviço de instrucção publica, por não se acharem providas as suas respectivas escolas.

Embora esteja longe de ser regular tal modo de proceder, impõe-se uma medida diversa para casos taes, afim de não ficar a municipalidade sem os fructos decorrentes da sua contribuição para o serviço escolar no municipio.

Adiante, no capitulo referente á questão da Finança Escolar, propomos uma applicação justa, razoavel e util da contribuição municipal nos casos em que succeda não funccionarem as escolas locaes.

MODERNIZAÇÃO DO ENSINO

O esforço pela renovação dos processos escolares, pela integração da escola na vida corrente e pela sua maior efficiencia, tem sido a preoccupação persistente dos que trabalham na instrucção publica.

Mais do que nunca sentimos que a preeminencia desse serviço não será bem comprehendida, sinão quanto tivermos um ensino publico, que valorize o brasileiro e lhe crie razões de adaptação profunda ao solo e á vida nacionaes, quando, enfim, esse serviço fôr um verdadeiro serviço de educação.

Na progressão violenta com que se desenvolve a vida moderna e com que se está desenvolvendo o paiz, não é necessario encarecer as responsabilidades de um tal serviço.

Se a educação é, em um sentido geral, a influencia que exerce sobre a geração criança, a geração adulta; e se actual geração adulta continúa permanentemente, em vista das oscillações e transformações da vida moderna, a sua reeducação, ver-se-á como esse problema é de difficil e quasi impossivel fixação.

Corremos o risco, se não nos enchermos de cuidados, de previsão, de prudencia e de tacto, de criarmos uma instabilidade perigosa no serviço de educação.

O que se está chamando de modernização do ensino, de transformação escola-porque o termo de reforma já é considerado inexpressivo para a grande revolução que se deseja - será sempre uma tentativa audaciosa e arriscada, se não a comprehendermos com immensas prudencias.

Precisamos comprehender o periodo de intensa transformação da vida moderna como um momento de transição que devemos soffrer, mas poupar, tanto quanto possivel, aos que nos succederem.

Recolhamos dessa immensa trepidação da vida corrente, as suas conquistas solidas e definitivas e com ellas sós teçamos a educação que vamos transmitir aos nossos filhos.

A obra de educação deve ser uma obra profundamente solida apezar do espirito dynamico que a deve possuir, deve ser, ao mesmo tempo que de progresso, uma obra de conservação e de preservação.

Entre nós essa tarefa não é difficil.

Ha tanta cousa obsoleta a afastar da escola, que os nossos córtes, e as nossas reformas não correm o risco de abalar os bastiões da vida tradicional. Por isso, não temos corrido da acção modernizadora do ensino.

Os actuaes programmas revelam esse espirito, a reforma do ensino normal está cheia dessa preoccupação.

Cumprindo o dispositivo legal em 1927 e 1928 levamos a effeito cursos de ferias que foram, para as necessidades da hora presente, cursos de modernização do ensino.

Esses cursos tiveram grande exito.

Destinados a facilitarem a adaptação do professorado ás modernas e justas exigencias de reforma da escola publica, o curso de 1927 obedeceu ao seguinte programma:

a) orientação moderna do ensino primário;

b) finalidade e correlação entre as suas diversas disciplinas;

c) orientação profissional pela escola;

d) saúde e hygiene na escola;

e) pedologia.

Esse curso foi frequentado por professores do municipio da Capital.

O seu programma foi assim detalhado:

DIA 10

Ás 9 ½ horas - O ensino de desenho na escola primaria - A escola bahiana - Pelo Director Geral da Instrucção, Bacharel Anísio Spínola Teixeira.

Ás 11 horas - A orientação do ensino do idioma na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 11

Ás 9 ½ horas - O ensino de desenho na escola primaria - Pelo Prof. Arthur Mendes de Aguiar.

Ás 11 horas - O ensino da musica na escola primaria - Pelo Prof. Remigio Domeneck.

DIA 12

Ás 9 ½ horas - O ensino de desenho na escola primaria - Pelo Prof. Arthur Mendes de Aguiar.

Ás 11 horas - O ensino do idioma na escola primaria (2ª aula) - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 13

Ás 9 ½ horas - Orientação do ensino de Geographia na escola primaria - Pelo Prof. Arthur Mendes de Aguiar.

Ás 11 horas - O ensino de Sciencias Naturaes na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 14

Ás 9 ½ horas - O ensino de Historia Patria na escola primaria - Pelo Prof. Arthur Mendes de Aguiar.

Ás 11 horas - O ensino do idioma na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 15

Ás 9 ½ horas - O ensino de Mathematica na escola primaria - Pela Professora D. Julia Leitão.

Ás 11 horas - Noções de Pedologia - Pelo Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães.

DIA 17

Ás 9 ½ horas - O ensino de Mathematica na escola primaria - Pela Professora D. Julia Leitão.

Ás 11 horas - O ensino de Sciencias Naturaes na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 18

Ás 9 ½ horas - O ensino do idioma na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

Ás 11 horas - A formação moral na escola primaria - Pelo Dr. Herbert Parentes Fortes.

DIA 19

Ás 9 ½ horas - Formação de habitos hygienicos na escola - Pelo Dr. José de Farias Góes.

Ás 11 horas - O ensino de musica na escola primaria - Pelo Prof. Maestro Remigio Domeneck.

DIA 20

Ás 9 ½ horas - Noções de Pedologia - Pelo Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães.

Ás 11 horas - A hygiene na escola primaria. Importancia e necessidade dos exames ophtalmologico e otorhinolaryngologico no desenvolvimento physico e intellectual dos escolares - Pelo Dr. Colombo Spinola.

DIA 21

Ás 9 ½ horas - A educação physica na escola primaria - Pelo Prof. Alberto de Assis.

Ás 10 ½ horas - Noções de Pedologia - Pelo Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães.

Ás 11 ½ horas - A musica na escola primaria - Pelo Prof. Remigio Domeneck.

DIA 22

Ás 9 ½ horas - A hygiene na escola primaria. Prophylaxia de doenças contagiosas nas escolas - Pelo Dr. Claudelino Sepulveda.

Ás 10 ¾ horas - O ensino de Mathematica na escola primaria - Pela Professora D. Julia Leitão.

Ás 11 ½ horas - Algumas considerações sobre o ensino na Bahia - Pela Professora D. Eufrosina Miranda.

DIA 24

Ás 9 ½ horas - Os trabalhos manuaes na escola primaria - Pela Professora D. Alzira de Lourdes Assis.

Ás 10 ½ horas - Noções de Pedologia - Pelo Dr. Alfredo Magalhães.

Ás 11 ½ horas - A hygiene na escola primaria. Importancia da hygiene buccal e dentaria nos escolares - Pelo Dr. Augusto Lopes Pontes.

DIA 25

Ás 9 ½ horas - A orientação profissional na escola primaria - Pelo Prof. Alberto de Assis.

Ás 11 horas - A hygiene na escola primaria. Em prol da amamentação materna - Pelo Dr. Martagão Gesteira.

Nesse trabalho de modernização do ensino a tarefa tem sido orientada pelos actuaes programmas escolares e pelo espirito da lei que reformou a instrucção publica.

Sobretudo, as disciplinas do desenho e dos trabalhos manuaes, exactamente as que podem mais depressa dar á nossa classe o sentido da vida, de educação activa e de educação do esforço e da iniciativa e vontade individual, têm sido objecto de nossa especial insistencia.

Ainda faltam certa uniformidade e systematização nos trabalhos realizados nessas duas disciplinas mas já se vae fazendo muito.

Existe gosto e muitos professores estão empenhados no movimento, de sorte a se poder esperar, para breve, uma salutar renovação de nossas classes por meio dessas disciplinas reputadas, hoje, com a linguagem, as disciplinas centraes do curso primario.

A educação physica, tambem, tem tido visivel desenvolvimento.

Por toda parte, até em classes isoladas de logares longinquos e afastados, tem ido a insistencia pela gymnastica e pelos jogos, fazendo-se hoje, de modo geral, em nossas escolas, educação physica.

A Directoria da Instrucção, por ordem do governo, mandou traduzir a obra de Omer Buyse - Methodos Americanos de ensino - que já se acha impressa, devendo fazer-se nestes dias a sua distribuição.

Essa obra servirá para iniciar os nossos professores nos methodos activos de educação da America do Norte e será tanto mais util quanto Omer Buyse, mais do que explicações theoricas, procurou mostrar o que se faz e como se faz, na America, para que a escola seja verdadeiramente educativa, verdadeiramente formadora da vontade e da intelligencia da criança.

O curso de ferias, a tradução do livro de Omer Buyse e a constante propaganda dos trabalhos manuaes e do desenho na escola virão facilitar a execução dos actuaes programmas, que buscam, acima de tudo, approximar a escola da vida, para tornal-a mais efficiente e mais verdadeira.

* * *

Este anno de 1927, repetiu com igual ou melhor exito, o referido curso de ferias para parte do professorado do interior do Estado.

Pela portaria 1.320, de 19 de Dezembro passado, tendo em vista que a previsão orçamentaria para o curso de ferias em 1928 era insufficiente para o pagamento da ajuda de custo e transporte do professorado do interior, que deveria ser convocado, e considerando, por outra parte, ser lamentavel que o curso de ferias não viesse a funccionar por aquelle motivo, solicitei dos professores do interior, que desejavam assistir ao curso de ferias independente do auxilio da ajuda de custo e transporte, a bondade de deixar os seus nomes na Directoria Geral de Instrucção, até o dia 31 de Dezembro, ficando, para attender a essa providencia, adiado o curso de ferias para 15 de Janeiro até 1º de Fevereiro.

De accordo com essa portaria nº 1.320, inscreveram-se 96 professores da 1ª circumscripção; 9 da 2ª; 46 da 3ª; 46 da 4ª; 4 da 5ª; 7 da 6ª; 4 da 7ª; 8 da 8ª; 14 da 9ª; 25 da 10ª; 6 da 11ª; 46 da 12ª; ao todo 311.

O programma organizado para esse certamen teve um criterio estrictamente pratico, tendo obedecido ao seguinte horario:

DIA 16

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira, Director Geral da Instrucção. - Educação como uma funcção social.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Claudelino Sepulveda, da Directoria de Hygiene Infantil e Escolar. - A saúde como objectivo da educação. - Importancia da educação physica e da hygiene da educação.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr.Herbert Parentes Fortes, cathedratico do Gymnasio da Bahia. - Justificação do programma official da gymnastica das escolas primarias.

DIA 17

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães, Director da Escola Normal. - Colloquios de psychologia educativa: exordio; introducção ao assumpto.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Manuel Cordeiro de Almeida, da D.H.I.E. - Hygiene geral do escolar. - Alimentação. - Trabalhos e recreios. - Somno.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Noções scientificas necessarias aos mestres de gymnastica infantil.

DIA 18

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira. - Sentido actual de educação. - A concepção democratica de educação.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Helio Ribeiro, da D.H.I.E. - O asseio. - Exame e cuidado da pelle e do couro cabelludo.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Psychologia esportiva: a infancia escolar.

DIA 19

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Antonio Figueiredo, engenheiro civil. - Methodos do ensino de Geographia na escola primaria. - Objectivo geral.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Colombo Spinola, da D.H.I.E. - Exame do apparelho auditivo. - Doenças do apparelho auditivo communs nos escolares. - Hygiene da audição.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Psychologia esportiva: o adolescente.

DIA 20

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira. - Interesse e disciplina em educação. - Experiencia e reflexão no processo educativo.

De 9 ½ ás 10 ½ - Cirurgião Dentista Lopes Pontes, da D.H.I.E. - Exame da bocca e dos dentes. Importancia e cuidados indispensaveis.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - O professor e o medico na direcção da gymnastica escolar.

DIA 21

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Alfredo Ferreira Magalhães. - Colloquios de psychologia educativa: condições do caracter objectivo; considerações praticas.

De 9 ½ ás 10 ½ - Alvaro Rocha, da D.H.I.E. - Prophylaxia das doenças contagiosas na escola.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr Herbert Parentes Fortes. - Psychologia e anatomia do movimento. - Noções.

DIA 23

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães. - Colloquios de psycologia educativa: condições do caracter subjectivo; tendencias.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Colombo Spinola, da D.H.I.E. - Exame dos olhos communs nos escolares. - Hygiene dos olhos.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Educação Physica.- Physiologia e anatomia do movimento. - Noções.

DIA 24

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Antonio Figueiredo. - Como se deve ensinar a Geographia no curso primario.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Claudelino Sepulveda, da D.H.I.E. - O corpo do escolar. - Cuidados concernentes ao seu desenvolvimento.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Educação physica: noções historicas.

DIA 25

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira. - Interesse e disciplina em educação. - Experiencia e reflexão no processo educativo.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Manuel Cordeiro de Almeida, da D.H.I.E. - Prophylaxia dos defeitos physicos de origem escolar.

De 10 ½ ás 11 ½ - Prof. Alberto Francisco de Assis, Inspector Escolar da Capital. - Methodos de ensino de Historia.

DIA 26

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Isaias Alves de Almeida, Director do Gymnasio Ypiranga. - Medida dos resultados escolares.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Colombo Spinola, da D.H.I.E. - Exame do nariz e da garganta; importancia das amygdalas nos escolares.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Educação physica: noções historicas.

DIA 27

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Isaias Alves de Almeida. - Medida dos resultados escolares.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Martagão Gesteira, Director do Departamento de Hygiene Infantil Escolar. - A hygiene escolar e seus objectivos. - Programma de actuação.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Educação physica: a educação physica escolar e os anormaes.

DIA 28

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira. - Natureza do methodo e natureza da materia de estudo.

De 9 ½ ás 10 ½ - Prof. Alberto Francisco de Assis. - O methodo de lições de cousas no ensino de sciencias na escola primaria.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Herbert Parentes Fortes. - Educação physica: o meio social e os methodos de educação physica.

DIA 30

De 2 ½ ás 9 ½ - Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães. - Colloquios de psychologia educativa: applicações pedagogicas do conhecimento das tendencias.

De 9 ½ ás 10 ½ - Dr. Isaias Alves de Almeida. - Medida dos resultados escolares.

De 10 ½ ás 11 ½ - Prof. Roberto Correia. - Da educação do gosto literario na escola primaria.

DIA 31

De 8 ½ ás 9 ½ - Dr. Anisio Spinola Teixeira. - Uma escola experimental em New York: a "Lincoln School" da Columbia University.

De 9 ½ ás 10 ½ - Prof. Martagão Gesteira. - O professor primario, professor de saúde.

De 10 ½ ás 11 ½ - Dr. Archimedes Pereira Guimarães - Director do Ensino Profissional. - Um problema descurado: o culto do civismo no lar e na escola.

A primeira sessão do curso de ferias que se inaugurou, com grande presença do professorado, foi honrada pelas presenças do Sr. Governador do Estado e do Dr. Miguel Couto, que, no momento, se achava presente na Bahia, tendo vindo para o Congresso de Hygiene.

Vale a pena registrar aqui a significação grata que teve para o magisterio a visita do grande brasileiro, Dr. Miguel Couto.

Os dois eminentes visitantes ouviram a segunda aula do curso - "A saúde como objectivo da educação", pelo Dr. Claudelino Sepulveda.

Terminada a aula, o Director Geral de Instrucção, em nome do professorado, disse ao Professor Miguel Couto a alegria e a emoção com que o recebiam ali, ao se iniciarem as suas sessões de estudos.

Estavam longe os trabalhadores do ensino, congregados no objectivo de renovar o seu enthusiasmo pelo serviço escolar e de reavivar e pôr em dia noções educativas, - estavam longe de imaginar que a sua sessão inaugural receberia a honra e o estimulo que a presença do Professor Miguel Couto significava para elles.

Zelosos e honestos servidores de serviço maior do Brasil, o serviço de instrucção, os professores da Bahia de ha muito cultuavam o nome nacional do Professor Miguel Couto.

Elles sabiam quanto deviam ao principe da medicina brasileira por ter dado o prestigio e a efficiencia do seu nome á causa de que elles eram modestos obreiros.

Sabiam que nada poderia pagar ao sabio brasileiro esse grande serviço. Mas, ficasse o Professor Miguel Couto sciente, que os professores acolhiam-no como a um grande bemfeitor.

Essa opportunidade excepcional que vinha permitir um agradecimento pessoal, era recebida como uma graça rara e que se não havia de esquecer.

A necessaria agitação nacional que o Professor Miguel Couto despertara pelo problema de educação, a sua visão do problema da educação popular como o problema unico do Brasil, o prestigio com o que seu nome veio valorizar esse descurado problema, representam para o nosso paiz a primeira esperança solida de sua redempção pelo ensino.

Nunca houve, no Brasil, um grande nome nacional que tomasse a peito chamar a attenção do paiz para esse problema. Ao Professor Miguel Couto coubera essa missão, a que elle se vem dando com o enthusiasmo, com o amor, com a intelligencia e com a sabedoria que caracterizam a actividade desse grande brasileiro.

Os professores, pois, da Bahia se levantavam, naquelle momento, para saudar e agradecer commovidamente o grande servidor da educação que era o Professor Miguel Couto.

O Sr. Governador Góes Calmon, visivelmente commovido pediu então aos professores que se conservassem de pé. E, voltando-se para o Professor Miguel Couto:

- "Está aqui representando todo o professorado do interior do Estado. De todos os pontos vieram elles, de todos os pontos do Estado onde um grupo de crianças espera e pede o auxilio de um mestre. Vieram pelo seu desejo de vir a servir melhor as criancinhas que estão ensinando, para progredir no espirito e na technica desse difficultoso mistér de ensinar. E vieram, sem que o Estado nem siquer lhes pagasse. Com sacrificio dos seus ordenados para proveito do seu serviço.

Pois é este professorado, Professor Miguel Couto, que saúda em V. Exa. o pontifice da educação nacional".

E voltando-se para os professores, fez-lhe um appello commovido e sincero, para que ali, na presença do sabio eminente que se entregara ao serviço do problema do ensino, no Brasil, firmassem todos, comsigo mesmo, um pacto de honrar ainda mais e servir ainda mais a profissão alta e nobre que tinham abraçado de educar o Brasil.

Com os applausos que se ergueram, por alguns minutos, não poude o Professor Miguel Couto pronunciar uma unica palavra.

Depois, o eminente scientista começou a falar aos professores. A sua palavra sabia foi ouvida religiosamente.

Disse, primeiro, de como na sua alongada vida de medico se viera progressivamente impressionando pela mais grave das molestias brasileiras, a ignorancia.

Não era só uma doença, era a mais grave de todas as doenças, a doença de que decorriam todas as outras.

O ignorante é cego, porque não póde ler a verdade e é surdo porque nada póde comprehender. Qual assim maior doente, a que elle medico devesse dar os seus cuidados do que o ignorante?

Dahi elle voltar-se para o Brasil e pedir, pedir com todo empenho de que era capaz, o tratamento dessa grande molestia nacional.

A ignorancia devia ser considerada uma calamidade publica. Trinta e seis milhões de habitantes tem o Brasil, trinta e seis milhões de habitantes intelligentes e capazes e porque seria que o Brasil não valia o que vale a França com a mesma população? Porque não valeria elle metade da Allemanha, que tem 70 milhões? Porque não vale elle um terço do que valem os Estados Unidos?

Que differença vae entre essa população e a população dos outros paizes?

A differença é a differença de instrucção; é que o analphabeto é um peso morto; é que o analphabetismo não conta. E de facto, o Brasil tem apenas cinco milhões de habitantes.

Mas, queriam outra prova?

Ahi estava o Japão, um pequenino paiz, retalhado, ridicularizado, alvo das ambições dos paizes occidentaes.

Um dia, o Japão despertou. De um Imperador de brinquedo, fez o seu povo um Imperador de verdade. E esse Imperador baixou um primeiro édito e foi o seguinte: "Não haverá no Japão mais um unico ignorante. Haverá escolas em todo o paiz. E do Japão, serão enviados a todos os pontos do mundo homens a busca da cultura onde ella se encontrar.

E o problema foi, assim, encarado seriamente, para uma solução definitiva e integral.

O resultado, todos o vimos.

O paizinho ridicularizado se tornou a terceira potencia do mundo. Centuplicou a sua capacidade de producção. Centuplicou o seu poder em todos os sentidos.

É para que o Brasil faça o mesmo, que eu estou clamando e clamando em nosso paiz.

É para que se comprehenda que a ignorancia é uma calamidade nacional, é o grande inimigo, o inimigo constante e minaz.

Mas, na Bahia, graças á obra de Góes Calmon, já se está praticando essa verdade. A Bahia já comprehende que é esse o maior, o unico inimigo. Eu penso que ao Governo Federal deve competir grande responsabilidade na extincção desse inimigo nacional. A Bahia, entretanto, está fazendo por si; e eu vejo que aqui já se pratica o lemma: a educação é o unico problema brasileiro.

Commovidamente applaudido, o Professor Miguel Couto deixou, com palavras o seu autographo no livro de visitas e retirou-se acompanhado de todo o professorado até o portão da escola, de onde se despediu, entre palmas.

O Dr. Alfredo Magalhães declarou, então, aos professores que, depois daquella visita, os trabalhos se deviam encerrar, como uma homenagem ao Professor Miguel Couto e mesmo para que perdurassem por mais tempo no coração e na intelligencia de todos, as gratas e nobres emoções desse dia.

Tivemos a fortuna de contar ainda com a visita do eminente educador e professor de Hygiene da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, nosso conterraneo, Dr. Afranio Peixoto, que compareceu á Escola, ao realizar-se a terceira reunião, fazendo ao professorado uma das mais fecundas lições do curso.

Foi outro dia de enthusiasmo da laboriosa quinzena, onde mais de 300 professores procuravam se armar melhor para as luctas escolares de 1928.

INPECÇÃO ESCOLAR

A apresentação dos problemas anteriores do ensino elementar demonstra evidentemente a grande relevancia que tem, entre nós, um serviço cuidadoso e complexo de inspecção escolar.

Será atravez da inspecção que poderemos coordenar um movimento de progressivo aperfeiçoamento do systema escolar em seus detalhes; por outro lado a centralização indispensavel, no momento, torna mais imprescindivel até para o governo da directoria geral, uma vigilante inspecção, que se tem de responsabilizar ainda com toda a parte de apparelhamento escolar e com varios outros deveres administrativos.

Esse problema, porém, como os demais, se reveste de excepcionaes difficuldades em nosso meio: primeiro - a grande extensão dos districtos escolares; as difficuldades de transporte; o numero de professores sem o preparo da escola normal; segundo - a falta de preparo especializado dos inspectores.

O facto de haver apenas 12 inspectores para todo o Estado, dos quaes dois devem ficar para o serviço da Capital, tem feito do serviço de inspecção um mero serviço fiscal do professor primario.

Impõe-se substituir esse typo fiscal da inspecção por um typo de assistencia technica, que permitta um fecundo trabalho de collaboração para o progresso e aperfeiçoamento da escola.

Para isto não devemos receiar um augmento razoavel do numero de inspectores, assim como a abertura de cursos especiaes na escola Normal para preparal-os para o trabalho especializado que vamos pedir-lhes.

O movimento de visitas nos annos de 1926 e 1927 são indicados nos quadros abaixo.

O serviço de inspecção foi installado em 1926 e só progressivamente poderá aperfeiçoar-se e fixar as suas directrizes de accordo com os problemas especiaes de nossa escola e do nosso professor.

MOVIMENTO ANNUAL DAS INPECTORIAS REGIONAES

1926

1927

Escolas

Visitadas

ESCOLAS

Publicas

VISITADAS

Particulares

Classes

inspeccionadas

10ª

11ª

12ª

Capital

Suburbios

 

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

Circumscripção .............

........................................

........................................

 

415

145

251

177

50

64

39

49

106

166

124

69

1.172

----

 

242

187

122

201

97

43

123

93

237

136

186

158

579

235

 

56

18

21

14

15

3

18

2

32

23

17

29

52

8

 

495

286

154

239

117

65

147

108

476

189

223

223

----

312

Além dessa inspecção technica, a directoria de instrucção tem um corpo permanente de delegados escolares residentes, cujos serviços têm sido relevantes sob varios aspectos.

Além da fiscalização administrativa da escola, os srs. delegados escolares têm trabalhado para uma collaboração mais estreita entre a casa de ensino e a sociedade.

Elles têm sido o elemento vigilante das cousas escolares e alguns têm realizado, atravez das festas escolares e das caixas escolares, obra muito util a favor do progresso do serviço de ensino.

Segundo o plano geral da lei do ensino, move-se hoje a inspecção escolar nos seguintes circulos: em cada municipio, um delegado escolar com funcções de fiscalização administrativa (1), com tantos fiscaes escolares a elle subordinados quantos os arraiaes e povoados do municipio; um conselho escolar municipal (2), destinado a vigiar pelas necessidades geraes do ensino, na communa, adopção de programmas, localização de escolas etc.; em cada circumscripção, um inspector regional com jurisdicção sobre todos os professores daquella zona; na capital, um director de ensino primario centralizando e unificando todo o serviço de inspecção.

Além dos quadros do movimento de visitas dos inspectores, os quadros abaixo evidenciam os progressos escolares de cada uma das circumscripções:

SITUAÇÃO ESCOLAR EM 1923, 1926 E 1927

SITUAÇÃO ESCOLAR EM 1923

SITUAÇÃO ESCOLAR EM 1926

SITUAÇÃO ESCOLAR EM 1927

 

Cir-cums-crip-ções

 

Es-colas Reu-nidas

Esco-las Isola-

das

Clas-ses que funcio-naram

Matri-cula geral

Fre-

quen-

cia

Esco-las Reu-nidas

Esco-

las Isola-das

Clas-ses que funcio-naram

Matri-cula geral

Fre-quen-cia

Esco-las Reu-nidas

Esco-las Isola-das

Clas-ses que funcio-naram

Matri-cula geral

Fre-quen-cia

Capital

1ª ...

2ª ...

3ª ...

4ª ...

5ª ...

6ª ...

7ª ...

8ª ...

9ª ...

10ª ...

11ª ...

12ª ...

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

158

50

84

97

48

35

35

35

55

57

23

103

---

138

41

43

81

36

18

26

34

38

44

16

83

 

---

5.482

1.679

1.586

3.560

1.698

1.133

1.485

1.426

1.717

1.968

824

3.084

---

4.339

1.172

1.216

2.633

1.251

9.950

1.063

1.037

1.292

1.496

621

2.520

4

3

---

---

2

---

1

2

---

1

---

---

1

160

227

83

121

144

89

56

62

63

92

77

71

212

307

229

66

106

148

52

38

52

44

70

81

58

183

11.546

11.897

3.291

5.807

7.720

2.526

1.788

2.077

2.187

2.675

4.418

2.636

8.089

7.799

9.055

2.557

4.303

5.567

1.914

1.438

1.764

1.628

2.086

3.411

2.065

6.501

6

4

1

2

2

---

1

3

---

2

7

2

3

157

226

62

101

123

60

43

41

58

79

53

47

181

370

281

77

119

154

63

50

57

59

93

88

60

201

12.861

15.644

3.324

5.920

1.526

3.444

2.685

3.291

3.038

4.396

5.199

3.205

9.351

9.043

11.459

2.331

4.221

5.281

2.801

2.067

2.526

2.127

3.137

3.940

2.464

7.073

Total...

 

---

780

598

25.642

19.590

14

1.450

1.434

66.657

50.128

33

1.291

1.672

79.884

58.470

RESUMO DA ESTATISTICA ESCOLAR DO ESTADO DA BAHIA, RELATIVA AO ANNO LECTIVO DE 1927

 

Circums-

Numero de escolas que funccionaram

Numero de Professores

Numero de alumnos

cripções

 

REGENTES

 

MATRICULADOS

Frequencia media

 

Est.

Mun.

Sub.

Total

Masc.

Fem.

Adjt.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Capital.....

1ª ........

2ª ........

3ª ........

4ª ........

5ª ........

6ª ........

7ª ........

8ª ........

9ª ........

10ª ........

11ª ........

12ª ........

12

177

48

63

110

42

37

36

58

79

63

30

94

 

170

56

12

43

23

18

4

15

---

7

16

23

101

---

9

6

3

2

---

6

1

---

1

---

1

---

182

242

66

109

135

60

47

52

58

87

79

54

195

14

17

6

2

9

7

14

10

8

16

8

9

15

197

227

62

107

125

53

34

42

50

71

71

45

180

159

37

11

10

20

3

2

5

1

6

9

6

6

 

370

281

77

119

154

63

50

57

59

93

88

60

201

5.170

8.392

1.691

2.872

4.066

1.612

1.534

1.742

1.583

2.332

2.574

1.756

4.369

7.691

7.342

1.633

3.048

3.460

1.832

1.151

1.549

1.455

2.064

2.652

1.449

4.982

12.861

15.644

3.324

5.920

7.526

3.444

2.685

3.291

3.038

4.396

5.199

3.205

9.351

3.473

6.045

1.191

2.012

2.799

1.366

1.264

1.331

1.070

1.641

1.921

1.350

3.352

5.570

5.414

1.140

2.209

2.482

1.465

803

1.195

1.057

1.496

2.019

1.114

3.721

9.043

11.459

2.331

4.221

5.281

2.801

2.067

2.526

2.127

3.137

3.940

2.464

7.073

Total geral ......

 

849

 

488

 

29

 

1.366

 

135

 

1.264

 

275

 

1.672

 

38.605

 

39.424

 

79.884

 

27.717

 

28.913

 

58.470

ASSISTENCIA ESCOLAR

CAIXAS ESCOLARES

Resultado do presente movimento de congregação de todas as forças que podem auxiliar o serviço de ensino, continua logrando exito o instituto da Caixa Escolar.

Em 1926 eram ellas 37 e hoje sob e a 65 o numero das que funccionam.

O movimento de receita, 23:708$730, em 1927, ainda é modesto, mas tende a crescer, com grande proveito para as escolas.

FESTAS ESCOLARES

Demonstrando o ambiente de trabalho e optimismo de nossas escolas publicas, têm-se multiplicado as festas escolares prefixadas pelo regulamento, que se tem realizado na melhor ordem, mesmo nas localidades mais distantes do Estado.

A festa da arvore, muito justamente posta em relevo pela nossa lei, virá a ser dentro em breve uma tradição que se enraizará em nossa terra. Mais do que quaesquer outros meios, taes festas põem em contacto a escola com a sociedade e elevam e prestigiam a causa publica da educação.

ESTATISTICA ESCOLAR DA CAPITAL, RELATIVA AO ANNO LECTIVO DE 1927

DISTRICTOS

Numero de escolas que funccionaram

Numero de Professores

Numero de alumnos

   

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

ZONA URBANA

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Sé ..........................

São Pedro ..............

Sant’Anna ..............

Nazareth ................

Brotas ....................

Conceição Praia.....

Victoria ...................

Rua do Paço ..........

Santo Antonio ........

Pilar .......................

Mares .....................

Penha ....................

Escolas Reunidas

Victoria ...................

Nazareth ................

Rua do Paço ..........

Mares .....................

Grupo Escolar

"Rio Branco"

Penha ....................

ZONA URBANA

Pirajá .....................

Passé ....................

Itapoan ...................

Paripe ....................

Maré .......................

Matoim ...................

Cotegipe ................

Escolas annexas

á Escola Normal

Nazareth................

3

4

4

2

6

1

5

1

13

6

1

7

 

 

2

3

3

3

 

 

 

3

 

 

2

2

1

1

2

---

---

 

 

 

---

3

5

6

4

6

3

11

3

14

5

2

10

 

 

3

2

2

2

 

 

 

---

 

 

3

2

1

1

2

---

---

 

 

 

1

---

---

---

---

4

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

 

 

6

---

1

2

---

1

2

 

 

 

3

---

---

---

---

---

---

1

---

1

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

 

 

6

1

2

1

---

---

---

 

 

 

4

6

9

10

6

16

4

16

4

26

11

3

17

 

 

5

5

5

5

 

 

 

---

 

 

5

3

1

3

4

1

2

 

 

 

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

 

 

---

---

---

---

---

---

---

 

 

 

---

6

9

10

6

16

4

17

4

27

11

3

17

 

 

5

5

5

5

 

 

 

1

 

 

1

1

1

1

4

---

2

 

 

 

4

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

 

 

10

3

2

3

---

1

---

 

 

 

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

 

 

---

---

---

---

---

---

---

 

 

 

---

6

9

10

6

16

4

17

4

27

11

3

17

 

 

5

5

5

5

 

 

 

3

 

 

11

4

3

4

4

1

2

 

 

 

4

1

1

1

---

---

---

---

1

1

---

---

---

 

 

---

---

---

---

 

 

 

2

 

 

---

1

1

1

---

---

---

 

 

 

4

5

9

9

6

16

4

17

3

25

11

3

17

 

 

5

5

5

5

 

 

 

2

 

 

9

3

3

3

4

1

2

 

 

 

24

3

13

14

8

12

1

11

14

29

4

4

16

 

 

5

5

4

6

 

 

 

3

 

 

3

---

---

3

---

---

---

 

 

 

---

8

23

24

14

28

5

28

18

55

15

7

33

 

 

10

10

9

11

 

 

 

7

 

 

12

4

4

7

4

1

2

 

 

 

28

155

415

185

115

479

33

354

101

735

258

90

443

 

 

208

139

132

243

 

 

 

163

 

 

241

150

125

105

124

25

56

 

 

 

96

128

296

530

294

524

119

692

600

1122

278

236

773

 

 

262

94

101

180

 

 

 

---

 

 

376

165

119

123

114

26

51

 

 

 

488

283

711

715

409

1003

152

1046

701

1857

536

326

1216

 

 

470

233

233

423

 

 

 

163

 

 

617

315

244

228

238

51

107

 

 

 

584

113

270

106

80

310

25

219

52

484

158

81

267

 

 

10

136

91

157

 

 

 

95

 

 

171

103

92

82

99

19

35

 

 

 

43

83

207

402

270

364

72

486

456

741

210

178

531

 

 

215

88

42

148

 

 

 

---

 

 

257

235

83

90

86

18

37

 

 

 

381

196

477

508

350

664

97

705

508

1225

368

259

798

 

 

395

224

133

305

 

 

 

95

 

 

428

228

175

172

185

37

71

 

 

 

424

 

ESTATISTICA ESCOLAR DA 1ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Feira Sant’Anna .

S.Gonçalo Campos.

Conceição da Feira.

Cachoeira ...............

S. Felix ....................

Muritiba ...................

Cruz das Almas ......

S. Felippe ...............

S. Estevam J. .........

Maragogipe .............

Itaparica ..................

Villa S. Francisco....

Villa S. Sebastião....

Santo Amaro ...........

Coração de Maria ...

Riachão Jacuhype..

 

Escolas Reunidas

Santo Amaro ...........

Muritiba ...................

Cachoeira ...............

Maragogipe .............

 

Escolas annexas e Curso Fundamental

Feira de Sant’Anna..

 

Total geral ..............

6

4

1

4

3

3

5

1

2

2

5

3

2

13

1

1

 

 

 

1

1

2

3

 

 

 

---

----

63

5

3

1

2

2

1

4

1

1

2

5

2

2

9

1

1

 

 

 

1

1

3

1

 

 

 

---

-----

48

`11

3

1

14

3

13

4

6

1

8

17

12

4

21

2

3

 

 

 

1

2

---

---

 

 

 

5

-----

131

14

7

3

16

3

13

10

7

3

10

26

13

5

21

4

5

 

 

 

2

3

4

3

 

 

 

5

-----

177

8

3

---

3

3

2

3

1

---

1

1

4

2

21

---

---

 

 

 

1

1

1

1

 

 

 

---

-----

56

---

---

---

1

2

2

---

---

1

1

---

---

1

1

---

---

 

 

 

---

---

---

---

 

 

 

---

---

9

3

---

---

2

---

---

---

---

---

2

---

---

---

6

---

---

 

 

 

2

---

5

4

 

 

 

5

----

29

 

---

5

2

---

5

1

5

3

2

---

3

2

2

---

2

2

 

 

 

---

4

---

---

 

 

 

---

---

38

19

5

1

18

3

16

8

5

2

10

24

15

6

37

2

3

 

 

 

1

---

---

---

 

 

 

---

-----

175

22

10

3

20

8

17

13

8

4

12

27

17

8

43

4

5

 

 

 

3

4

5

4

 

 

 

5

------

242

---

1

---

2

1

2

---

1

1

1

1

---

---

2

---

---

 

 

 

1

1

---

2

 

 

 

---

----

17

22

9

3

18

7

15

13

7

3

11

26

17

8

41

4

5

 

 

 

3

3

4

2

 

 

 

6

----227

6

1

---

1

1

---

2

---

1

1

4

3

---

2

---

---

 

 

 

---

2

4

2

 

 

 

7

------

37

28

11

3

21

9

17

15

8

5

13

31

20

8

45

4

5

 

 

 

4

6

9

6

 

 

 

13

----

281

793

292

181

817

328

587

426

325

176

358

828

469

298

1547

187

180

 

 

 

94

97

80

172

 

 

 

138

--------

8392

727

262

139

549

280

398

334

264

125

464

865

527

233

1231

141

175

 

 

 

82

90

204

73

 

 

 

179

-------

7342

1520

554

320

1366

608

985

760

589

301

822

1693

996

531

2778

328

355

 

 

 

176

187

284

245

 

 

 

317

-------

15644

554

235

133

564

191

461

316

290

146

277

499

359

258

1085

143

126

 

 

 

48

94

54

123

 

 

 

89

--------

6045

538

193

94

379

169

316

260

235

102

367

604

415

209

902

92

139

 

 

 

37

85

106

52

 

 

 

120

------

5414

1092

428

227

943

360

777

576

525

248

644

1103

774

467

1987

235

265

 

 

 

85

179

160

175

 

 

 

204

--------

11459

ESTATISTICA ESCOLAR DA 2ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Castro Alves ...........

Affonso Penna ........

Monte Cruzeiro (Tapera) ..................

Camisão .................

Baixa Grande ..........

Mundo Novo ............

Capivary ..................

Monte Alegre ..........

 

Escolas Reunidas

Monte Alegre ..........

 

Total Geral ..............

3

2

 

2

1

1

1

1

---

 

 

2

-----

13

3

1

 

2

1

1

2

2

---

 

 

---

------

12

12

10

 

8

1

1

6

---

1

 

 

2

-----

41

12

5

 

12

3

3

7

2

1

 

 

3

-----

48

5

3

 

---

---

---

2

1

---

 

 

1

-----

12

1

5

 

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

6

6

---

 

---

2

---

3

---

---

 

 

---

------

11

---

3

 

2

---

3

---

3

1

 

 

4

---

16

12

10

 

10

1

---

6

---

---

 

 

---

----

39

18

13

 

12

3

3

9

3

1

 

 

4

-----

66

1

1

 

1

---

1

1

---

---

 

 

1

----

6

17

13

 

12

3

2

8

3

1

 

 

3

----

62

6

1

 

---

1

1

1

---

---

 

 

1

----

11

24

14

 

12

4

4

10

3

1

 

 

5

-----

77

430

348

 

288

86

72

289

36

23

 

 

119

-----

1691

453

285

 

240

97

73

263

80

24

 

 

118

------

1633

883

633

 

528

183

145

552

116

47

 

 

237

--------

3324

294

262

 

203

76

44

213

27

18

 

 

54

-----

1191

302

214

 

184

67

63

190

59

15

 

 

46

--------

1140

596

476

 

387

143

107

403

86

33

 

 

100

-------

2331

ESTATISTICA ESCOLAR DA 3ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Nazareth .................

Aratuhype ................

St. Antonio Jesus ....

Jaguaripe ................

Amargosa ...............

Nova Lage ..............

São Miguel ..............

Brejões ...................

Areia .......................

Jequiriçá .................

Santa Ignez .............

Itaquara ...................

Mutuhype ................

 

Escolas Reunidas

Amargosa ...............

Santa Ignez .............

 

Total Geral ..............

4

2

2

4

1

2

2

1

4

1

---

---

1

 

 

2

1

-----

27

5

2

5

5

1

2

1

3

3

2

---

2

1

 

 

2

1

------

35

7

1

7

4

12

2

---

4

1

1

3

1

2

 

 

---

2

-----

47

6

4

5

11

7

4

2

4

6

3

2

2

4

 

 

1

2

-----

63

10

1

8

2

6

2

1

3

2

1

1

1

---

 

 

3

2

-----

43

---

---

1

---

1

---

---

1

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

3

9

---

---

2

2

---

---

---

5

---

---

---

---

 

 

4

4

------

26

---

3

8

---

---

4

3

4

---

3

---

2

4

 

 

---

---

---

31

7

2

6

11

12

2

---

4

3

1

3

1

---

 

 

---

---

----

52

16

5

14

13

14

6

3

8

8

4

3

3

4

 

 

4

4

-----

109

---

---

---

---

---

---

---

1

---

1

---

---

---

 

 

---

---

-----

2

16

5

14

13

14

6

3

7

8

3

3

3

4

 

 

4

4

----

107

3

---

1

---

1

---

---

---

2

---

---

---

---

 

 

2

1

-----

10

19

5

15

13

15

6

3

8

10

4

3

3

4

 

 

6

5

------

119

443

137

415

258

332

183

72

224

300

78

77

29

84

 

 

131

109

------

2872

615

119

534

280

307

129

61

209

137

133

66

107

95

 

 

149

107

-------

3048

1058

256

949

538

639

312

133

433

437

211

143

136

179

 

 

280

216

--------

5920

326

129

286

199

208

149

43

102

212

51

66

23

70

 

 

74

74

-------

2012

423

97

344

245

246

114

45

147

111

74

50

79

76

 

 

83

75

------

2209

749

226

630

444

454

263

88

249

323

125

116

102

146

 

 

157

149

------

4221

ESTATISTICA ESCOLAR DA 4ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Alagoinhas ..............

Irará ........................

Inhambupe ..............

Entre Rios ...............

Tucano ...................

Aracy .......................

Conde .....................

Cach. d’Abbadia ....

Matta de S. João ....

Montenegro .............

Pojuca .....................

Sant’Anna do Catú.

 

Escolas Reunidas

Alagoinhas ..............

Inhambupe ..............

 

Total Geral ..............

5

6

1

4

1

1

5

---

5

3

1

1

 

 

4

2

-----

39

6

3

1

4

1

1

3

1

5

3

1

1

 

 

3

2

-----

35

6

8

5

7

4

2

8

3

5

5

4

3

 

 

1

---

-----

61

14

12

7

15

5

4

14

2

11

10

5

3

 

 

4

4

-----

110

3

3

---

---

1

---

2

2

4

1

1

2

 

 

4

---

-----

23

---

2

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

2

1

---

---

---

2

---

2

---

5

---

---

---

 

 

8

4

-----

21

---

4

---

3

---

2

4

1

---

2

2

2

 

 

---

---

---

20

16

13

7

12

4

2

10

3

10

8

4

3

 

 

---

---

-----

94

17

17

7

15

6

4

16

4

15

10

6

5

 

 

8

4

-----

135

---

3

---

---

1

---

2

---

---

---

---

---

 

 

2

1

---

9

17

14

7

15

5

4

14

4

15

10

6

5

 

 

6

3

----

125

1

---

---

---

---

---

4

---

2

---

4

1

 

 

6

2

-----

20

18

17

7

15

6

4

20

4

17

10

10

6

 

 

14

6

-----

154

533

457

161

394

205

110

557

49

394

389

176

196

 

 

343

102

--------

4066

469

308

160

343

204

75

402

82

379

355

205

147

 

 

241

90

-------

3460

1002

765

321

737

409

185

959

131

773

744

381

343

 

 

584

192

-------

7526

337

356

116

274

162

69

375

34

284

263

110

139

 

 

235

53

----

2799

366

259

109

239

121

57

262

72

274

266

113

105

 

 

186

53

-----

2482

603

615

225

513

282

126

637

106

558

529

223

244

 

 

431

116

-------

5281

ESTATISTICA ESCOLAR DA 5ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Joazeiro .................

Pilão Arcado ...........

Gamelleira Assuruá.

Sento Sé (Manoel Victorino) ................

Curaçá.....................

Riacho S. José da Casa Nova ..............

Remanso ................

Santa Ritta do Rio Preto .......................

Angical ...................

Campo Largo ..........

Barreiras .................

Barra Rio Grande..

 

Total Geral ..............

2

1

1

 

---

1

 

1

1

 

1

1

1

2

2

-----

14

3

1

1

 

1

1

 

1

1

 

1

1

1

2

2

-----

16

5

---

1

 

1

4

 

4

1

 

1

2

2

6

3

-----

30

5

2

3

 

2

6

 

4

3

 

2

4

3

4

4

-----

42

5

---

---

 

---

---

 

2

---

 

1

---

1

6

3

-----

18

---

----

---

 

---

---

 

---

---

 

---

---

---

---

---

----

---

4

---

---

 

---

---

 

4

1

 

---

---

---

5

5

----

19

---

2

2

 

1

2

 

---

2

 

2

3

3

---

---

--

17

6

---

1

 

1

4

 

2

1

 

---

1

1

5

2

---

24

10

2

3

 

2

6

 

6

3

 

3

4

4

10

7

----

60

1

---

1

 

---

---

 

1

1

 

1

---

1

1

---

-----

7

9

2

2

 

2

6

 

5

2

 

2

4

3

9

7

---

53

1

---

---

 

---

---

 

---

---

 

---

---

---

---

2

----

3

11

2

3

 

2

6

 

6

3

 

3

4

4

10

9

-----

63

303

53

73

 

12

161

 

161

55

 

89

86

141

280

198

------

1612

283

90

46

 

58

140

 

210

110

 

94

95

100

336

270

-----

1832

586

143

119

 

70

301

 

371

165

 

183

181

241

616

468

-------

3444

229

25

53

 

7

229

 

107

46

 

52

74

132

223

159

-------

1336

207

89

39

 

42

98

 

139

72

 

43

76

168

293

199

------

1465

436

114

92

 

49

327

 

246

118

 

95

150

300

516

358

-------

2801

ESTATISTICA ESCOLAR DA 6ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Rio Branco ..............

Bom Jesus Lapa .....

Carinhanha .............

Santa Maria ............

Correntina ...............

Chique-Chique .......

Macahubas .............

Bom Successo .......

Rio Alegre ..............

Sant’Anna Brejos....

 

Escolas Reunidas

Macahubas .............

 

Total Geral ..............

2

1

1

7

1

1

---

1

---

3

 

 

2

-----

19

1

1

1

1

1

1

---

---

---

2

 

 

2

-----

10

1

1

---

1

1

3

6

---

2

3

 

 

---

-----

18

3

3

2

3

2

5

6

1

2

7

 

 

3

-----

37

1

---

---

1

1

---

---

---

---

---

 

 

1

-----

4

---

---

---

5

---

---

---

---

---

1

 

 

---

----

6

3

---

---

3

---

2

---

---

---

---

 

 

4

------

12

---

2

2

---

3

---

---

1

1

2

 

 

---

---

11

1

1

---

6

---

3

6

---

1

6

 

 

---

----

24

4

3

2

9

3

5

6

1

2

8

 

 

4

-----

47

1

1

1

5

1

---

---

1

---

2

 

 

2

-----

14

3

3

1

4

2

5

6

---

2

6

 

 

2

----

34

---

---

---

1

---

---

---

---

---

1

 

 

1

----

2

4

3

2

10

3

5

6

1

2

9

 

 

5

-----

50

109

139

51

223

96

199

146

62

88

325

 

 

96

-----

1534

97

107

73

133

92

172

130

---

65

204

 

 

78

------

1151

206

246

124

356

188

371

276

62

153

529

 

 

174

------

2685

95

99

26

290

70

165

111

57

79

196

 

 

76

-------

1264

81

54

32

66

76

145

107

---

54

121

 

 

67

-----

803

126

153

58

356

146

310

218

57

133

317

 

 

143

--------

2067

ESTATISTICA ESCOLAR DA 7ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Itaberaba .................

Lenções .................

Villa Bells das Palmeiras ...............

Ruy Barbosa ...........

Mucugê ... ...............

Andarahy ................

Dr. Seabra .............

Bom Jesus do Rio de Contas ..............

Guarany .................

Brotas Macahubas. Oliveira Brejinhos

 

Escolas Reunidas

Mucugê ..................

Andarahy ................

Lenções ..................

 

Total Geral ..............

1

---

 

2

2

---

1

1

 

1

2

1

1

 

 

1

2

1

-----

16

1

---

 

2

2

---

1

1

 

1

1

1

1

 

 

1

2

1

------

15

2

2

 

2

1

2

2

4

 

2

---

1

---

 

 

1

---

2

-----

21

2

1

 

5

2

---

4

4

 

4

3

3

2

 

 

2

2

2

-----

36

2

1

 

1

2

2

---

2

 

---

---

---

---

 

 

1

2

2

-----

15

---

---

 

---

1

---

---

---

 

---

---

---

---

 

 

---

---

---

----

1

3

---

 

---

5

---

---

2

 

2

---

2

---

 

 

---

4

4

-----

22

---

---

 

3

---

---

---

---

 

---

2

---

2

 

 

3

---

---

---

10

1

2

 

3

---

2

4

4

 

2

1

1

---

 

 

---

---

---

----

20

4

2

 

6

5

2

4

6

 

4

3

3

3

 

 

3

4

4

-----

52

---

---

 

1

---

---

---

1

 

1

2

1

1

 

 

---

2

1

-----

10

4

2

 

5

5

2

4

5

 

3

1

2

1

 

 

3

2

3

----

42

1

---

 

---

---

---

---

---

 

---

---

---

---

 

 

---

3

1

-----

5

5

2

 

6

5

2

4

6

 

4

3

3

2

 

 

3

7

5

----

57

141

49

 

155

134

107

112

173

 

98

86

132

43

 

 

188

196

128

-----

1742

138

62

 

217

124

44

101

166

 

71

37

93

31

 

 

132

186

147

-----

1549

279

111

 

372

258

151

213

339

 

169

123

225

74

 

 

320

382

275

-------

3291

90

47

 

104

118

63

94

113

 

78

58

112

42

 

 

134

177

104

-----

1331

87

60

 

133

98

32

88

139

 

60

23

65

27

 

 

95

165

123

------

1195

177

107

 

237

216

95

182

252

 

138

81

177

69

 

 

229

342

227

--------

2526

ESTATISTICA ESCOLAR DA 8ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Patrocinio Coité ......

Sto. Antonio Gloria.

Uauá ......................

Monte Santo ...........

Amparo ... ...............

Barracão .................

Villa Rica ................

Pombal ..................

Itapicurú .................

Cicero Dantas .........

Cumbe ....................

Geremoabo ............

Soure ......................

 

Total Geral ..............

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

-----

14

1

1

1

1

1

1

1

2

1

1

1

1

1

------

14

3

1

---

4

1

---

3

1

4

5

2

6

---

-----

30

5

3

2

6

3

2

5

5

6

7

4

8

2

-----

58

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

----

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

----

---

---

---

---

2

---

2

---

---

2

2

---

2

---

-----

10

2

2

2

---

2

---

2

2

---

---

2

---

2

-----

16

3

1

---

4

1

---

3

3

4

5

2

6

---

-----

32

5

3

2

6

3

2

5

5

6

7

4

8

2

---

58

1

---

---

1

1

---

1

1

1

---

1

1

---

---

8

4

3

2

5

2

2

4

4

5

7

3

7

2

----

50

1

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

1

6

3

2

6

3

2

5

5

6

7

4

8

2

-----

59

177

57

63

175

72

82

121

128

156

192

92

207

61

-----

1583

135

89

37

137

82

90

110

104

163

183

69

186

70

-------

1455

312

146

100

312

154

172

231

232

319

375

161

393

131

-------

3038

104

44

52

100

61

57

79

93

95

142

49

142

52

------

1070

101

38

31

77

70

76

63

74

107

158

48

148

66

------

1057

205

82

83

177

131

133

142

167

202

300

97

290

118

--------

2127

ESTATISTICA ESCOLAR DA 9ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Caculé ....................

Urandy ....................

Ituassú ...................

Caiteté ...................

Guanamby ..............

Paramirim ..............

Monte Alto ...............

Livramento ..............

Riacho Sant’Anna.... Jussiape (Barra da Estiva) .....................

Bom Jesus Meiras...

Minas Rio Contas...

 

Escolas Reunidas

Caculé ..................

Caiteté ...................

 

Escolas annexas e Curso Fundamental

Caiteté ....................

 

Total Geral ..............

2

---

2

3

2

1

1

1

---

 

2

1

1

 

 

2

2

 

 

 

3

-----

23

2

1

2

3

---

2

1

1

1

 

---

1

1

 

 

2

1

 

 

 

2

-----

20

1

2

5

4

1

3

1

9

1

 

5

4

6

 

 

---

1

 

 

 

1

-----

44

5

3

9

10

2

6

3

10

2

 

7

5

7

 

 

2

3

 

 

 

5

-----

79

---

---

---

---

1

---

---

---

---

 

---

1

1

 

 

2

1

 

 

 

1

-----

7

---

---

---

---

---

---

---

1

---

 

---

---

---

 

 

---

---

 

 

 

---

----

1

---

---

2

---

---

---

2

---

---

 

---

---

2

 

 

---

4

 

 

 

6

-----

16

---

1

---

---

3

2

---

2

1

 

4

2

---

 

 

4

---

 

 

 

---

---

19

5

2

7

10

---

4

1

9

1

 

3

4

6

 

 

---

---

 

 

 

---

----

52

5

3

9

10

3

6

3

11

2

 

7

6

8

 

 

4

4

 

 

 

6

-----

87

2

---

1

3

1

1

1

1

---

 

1

---

1

 

 

2

---

 

 

 

2

-----

16

3

3

8

7

2

5

2

10

2

 

6

6

7

 

 

2

4

 

 

 

4

----

71

---

---

1

---

---

---

---

---

---

 

1

---

1

 

 

---

1

 

 

 

2

----

6

5

3

10

10

3

6

3

11

2

 

8

6

9

 

 

4

5

 

 

 

8

------

93

105

63

244

257

122

127

79

278

28

 

322

148

304

 

 

94

146

 

 

 

93

-----

2332

99

85

207

301

19

182

62

246

71

 

138

130

243

 

 

74

191

 

 

 

82

-------2064

204

148

451

558

141

309

141

524

99

 

460

278

547

 

 

168

337

 

 

 

175

-------

4396

66

41

182

167

85

80

49

186

17

 

213

115

219

 

 

60

106

 

 

 

65

-------1641

70

66

166

120

10

128

40

179

61

 

106

95

185

 

 

51

155

 

 

 

64

-------1496

136

107

348

287

95

208

89

365

78

 

319

210

404

 

 

111

261

 

 

 

129

-----3137

ESTATISTICA ESCOLAR DA 10ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Conceição Coité ..... Morro do Chapeó ....

Campo Formoso .....

Miguel Calmon ........

Queimadas .............

Jaguarary ................

Serrinha .................

Jacobina .................

Wagner .................

Bomfim ................... Irecê ......................

Sa;úde ....................

 

Escolas Reunidas

Itiúba .......................

Bomfim ...................

Serrinha ..................

Campo Formoso ....

Miguel Calmon ........

Morro do Chapeó ....

Conceição Coité .....

 

Total Geral ..............

---

2

---

---

2

1

---

1

1

---

1

1

 

 

1

4

1

1

1

1

1

-----

19

---

2

---

---

1

1

---

1

1

---

1

1

 

 

1

4

1

1

1

1

2

------

19

1

4

2

2

6

3

5

2

---

4

7

---

 

 

1

---

1

1

1

1

---

-----

41

1

6

1

1

9

5

3

3

2

4

9

2

 

 

3

3

2

2

3

2

2

-----

63

---

2

1

1

---

---

2

1

---

---

---

---

 

 

---

5

1

1

---

1

1

-----

16

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

---

---

---

----

---

---

---

---

---

---

---

---

2

---

---

---

---

 

 

---

8

3

---

---

3

---

-----

16

---

---

---

---

2

2

---

---

2

---

2

2

 

 

---

---

---

3

3

---

3

---

19

1

8

2

2

7

3

5

2

---

4

7

---

 

 

3

---

---

---

---

---

---

----

44

1

8

2

2

9

5

5

4

2

4

9

2

 

 

3

8

3

3

3

3

3

-----

79

---

1

---

---

---

---

---

---

---

---

1

1

 

 

---

1

1

1

---

1

1

-----

8

1

7

2

2

9

5

5

4

2

4

8

1

 

 

3

7

2

2

3

2

2

----

71

---

---

---

---

1

---

---

2

---

---

---

---

 

 

1

4

1

---

---

---

---

----

9

1

8

2

2

10

5

5

6

2

4

9

2

 

 

4

12

4

3

3

3

3

-----

88

23

270

57

27

384

153

136

130

65

139

345

53

 

 

75

344

104

81

71

81

36

------

2574

16

210

78

66

281

214

135

141

57

134

280

93

 

 

88

390

132

78

62

111

60

-------

2625

39

280

135

93

665

367

271

271

122

273

625

146

 

 

163

734

236

159

133

192

96

------

5199

20

230

38

37

260

88

103

95

58

100

272

52

 

 

48

243

75

60

57

55

30

-------

1921

14

184

60

49

210

137

112

98

44

102

219

73

 

 

71

246

135

63

45

98

59

------

2019

34

414

98

86

470

225

215

193

102

202

491

125

 

 

119

489

210

123

102

153

89

------

3940

ESTATISTICA ESCOLAR DA 11ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Jequié. ....................

Poções ....................

Maracás ..................

Jacaracy .................

Conquista ..............

Condeúba ...............

Bôa Nova ................

Encruzilhada ...........

 

Escolas Reunidas

Poções ....................

Condeúba ...............

 

Total Geral ..............

2

---

1

1

2

4

---

2

 

 

2

2

-----

16

3

---

1

1

1

1

---

1

 

 

2

1

----

11

12

2

7

3

1

1

1

---

 

 

---

---

-----

27

6

---

8

5

2

4

1

---

 

 

2

2

-----

30

10

2

1

---

2

2

---

3

 

 

2

1

-----

23

1

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

----

1

7

---

2

---

3

---

---

---

 

 

---

3

-----

15

---

---

---

2

---

---

1

2

 

 

4

---

---

9

10

2

7

3

1

6

---

1

 

 

---

---

-----

30

17

2

9

5

4

6

1

3

 

 

4

3

-----

54

1

---

---

---

---

4

---

2

 

 

---

2

-----

9

16

2

9

5

4

2

1

1

 

 

4

1

----

45

3

---

1

---

2

---

---

---

 

 

---

---

-----

6

20

2

10

5

6

6

1

3

 

 

4

3

-----

60

595

49

242

136

160

248

8

109

 

 

124

85

-------

1756

616

43

233

133

91

67

32

40

 

 

120

74

-------

1449

1211

92

475

269

251

315

40

149

 

 

244

159

-------

3205

506

42

180

127

120

157

7

64

 

 

84

63

------

1350

493

38

187

108

51

49

28

28

 

 

80

52

------

1114

999

80

367

235

171

206

35

92

 

 

164

115

-------

2464

ESTATISTICA ESCOLAR DA 12ª CIRCUMSCRIPÇÃO, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Municipios

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

S. José P. Alegre.....

Sta. Cruz de Porto Seguro ....................

Barra Rio Contas ....

Cannavieiras ...........

Porto Seguro ...........

Nova Boipeba .........

Caravellas ...............

Igrapiúna .................

Santarém ................

Alcobaça .................

Tarncoso ................

Belmonte.................

Valença ...................

Itabuna ....................

Taperoá ..................

Viçosa .....................

Camamú .................

Marahú ...................

Ilhéos ......................

Cayrú ......................

Prado ......................

Una .........................

 

Escolas Reunidas

Pontal (Ilhéos) ........

Ilhéos ......................

Belmonte.................

 

Total Geral ..............

1

 

3

3

2

2

1

1

1

1

1

---

2

3

7

1

1

3

1

3

2

1

1

 

 

---

3

2

-----

46

1

 

1

3

4

1

1

1

1

1

1

---

2

3

9

2

1

5

1

3

2

1

1

 

 

---

4

2

-----

51

---

 

---

6

7

4

3

3

1

6

2

2

2

8

4

2

2

4

2

28

5

2

2

 

 

3

---

---

----

98

2

 

2

5

5

6

4

4

2

5

2

2

---

8

4

3

3

7

3

8

8

2

2

 

 

2

3

2

----

94

---

 

2

7

8

1

1

1

1

3

2

---

6

6

16

2

1

5

1

26

1

2

2

 

 

1

4

2

-----

101

---

 

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

 

 

---

---

---

---

---

---

 

---

4

7

---

---

---

---

---

---

---

---

4

---

3

---

3

---

3

---

---

---

 

 

3

7

4

-----

38

2

 

3

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3

3

2

2

2

4

1

3

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5

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2

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2

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3

2

2

 

 

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42

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8

6

4

2

3

1

6

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1

3

10

15

2

2

9

2

31

6

2

2

 

 

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115

2

 

4

12

13

6

5

5

3

8

4

2

6

14

20

5

4

12

4

34

9

4

4

 

 

3

7

4

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195

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1

1

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1

1

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1

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1

1

2

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1

1

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1

 

 

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2

1

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15

2

 

3

11

13

7

5

5

2

7

4

2

6

13

20

4

3

11

4

33

8

4

3

 

 

1

5

3

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180

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1

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3

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1

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1

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6

2

 

4

12

13

8

5

5

3

8

4

2

6

17

20

5

4

12

4

34

9

5

4

 

 

3

8

4

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201

23

 

105

289

233

139

111

126

82

150

86

27

116

293

441

113

76

200

109

936

218

128

58

 

 

88

142

80

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4369

32

 

52

280

334

145

124

135

72

166

87

34

124

396

621

137

62

290

74

952

220

132

61

 

 

118

209

125

------

4982

55

 

157

569

567

284

235

241

154

316

173

61

240

689

1062

250

138

490

183

1888

438

260

119

 

 

206

351

205

------

9351

20

 

90

227

189

112

70

109

72

114

56

23

93

233

303

105

49

170

77

707

187

107

55

 

 

39

73

72

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3352

24

 

48

208

258

127

83

101

62

127

71

30

102

298

418

112

48

226

54

697

192

119

58

 

 

58

107

93

------

3721

44

 

138

435

447

239

153

210

134

241

127

53

195

531

721

217

97

396

131

1404

379

226

113

 

 

97

180

165

-------

7073

RESUMO DA ESTATISTICA ESCOLAR DO ESTADO DA BAHIA, RELATIVA AO ANNO DE 1927
 

Numero de escolas que funccionaram

 

Numero de Professores

Numero de alumnos

Circumscrições

 

Regentes

 

Matriculados

Frequencia media

 

Masc.

Fem

Mixt.

Est.

Mun

Subv.

1ºCL

2ºCL

3ºCL

Total

Masc.

Fem.

Adjs.

Total

Masc.

Fem.

Total

Masc.

Fem.

Total

Capital............................

1ª.....................................

2ª.....................................

3ª.......................................

4ª.......................................

5ª.......................................

6ª.......................................

7ª.......................................

8ª.......................................

9ª.......................................

10ª.....................................

11ª.....................................

12ª......................................

 

Total Geral .......................

71

63

13

27

39

14

19

16

14

23

19

16

46

 

-----

380

92

48

12

35

35

16

10

15

14

20

19

11

51

 

------

378

20

131

41

47

61

30

18

21

30

44

41

27

98

 

-----

608

12

177

48

63

110

42

37

36

58

79

63

30

94

 

-----

849

170

56

12

43

23

18

4

15

---

7

16

23

101

 

-----

488

---

9

6

3

2

---

6

1

---

1

---

1

---

 

----

29

163

29

11

26

21

19

12

22

10

16

16

15

38

 

-----

398

19

38

16

31

20

17

11

10

16

19

19

9

42

 

---

267

---

175

39

52

94

24

24

20

32

52

44

30

115

 

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701

182

242

66

109

135

60

47

52

58

87

79

54

195

 

-----

1366

14

17

6

2

9

7

14

10

8

16

8

9

15

 

-----

135

197

227

62

107

125

53

34

42

50

71

71

45

180

 

----

1264

159

37

11

10

20

3

2

5

1

6

9

6

6

 

----

275

370

281

79

119

154

63

50

57

59

93

88

60

201

 

-----

1674

5170

8392

1691

2872

4066

1612

1534

1742

1583

2332

2574

1756

4369

 

------

38605

7691

7342

1633

3048

3460

1832

1151

1549

1455

2064

2625

1449

4982

 

-------

39424

12861

15644

3324

5920

7526

3444

2685

3291

3038

4396

5199

3205

9351

 

------

79884

3473

6045

1191

2012

2799

1336

1264

1331

1070

1641

1921

1350

3352

 

-------

27717

5570

5414

1140

2209

2482

1465

803

1195

1057

1496

2019

1114

3721

 

------

28913

9043

11459

2331

4221

5281

2801

2067

2526

2127

3137

3940

2464

7073

 

------

58470

ENSINO NORMAL

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

De todas as grandes questões em actual periodo de revisão, no systema escolar bahiano, nenhuma sobreleva em importancia á da formação do professorado.

O problema do curriculum escolar, que preoccupa hoje tão absorventemente os educadores e sobre o qual está girando o eixo da escola, é, no fundo, um problema subordinado á formação do mestre.

Sempre fundamental, essa peça da machina escolar ganhou modernamente um relevo mais extraordinario, uma vez que a escola se transformou em um officina governada por leis scientificas de psychologia. Os ultimos progressos verificados na psychologia experimental e educativa, os processos modernos de medida dos resultados escolares, a descoberta das leis do processo educativo, exigem que o mestre hoje seja um especialista.

A formação do professor primario é, sem contestação possivel, a formação especializada de um profissional.

Dahi a necessidade da escola normal, da escola que forma os professores, ser uma escola profissional.

E uma escola profissional, não se distingue, como diz um educador americano, de uma escola liberal, por uma questão de madureza mental ou de gradação de escola ou de materias de ensino, - mas, primariamente, por uma attitude da intelligencia para com o que se aprende.

Na escola liberal ou de educação geral, a materia é estudada em relação com o que ella póde fazer com o alumno; na escola profissional em relação com o que alumno póde fazer com ella.

Em ambas, o alumno adquire conhecimentos, cultiva-se, ganha possibilidade de usar melhor as cousas; mas, na primeira o relevo essencial é posto no que se adquire e na segunda no que póde ser utilizado na profissão.

Logo, o problema de uma escola profissional não está nas materias de estudo, mas no espirito com que ellas forem ensinadas. O curriculum deve ser organizado tendo-se em vista aquellas materias que mais diretamente se podem applicar na pratica profissional.

Mas, como se póde vêr, a primeira difficuldade de uma escola profissional é encontrar aquelles mestres consummados na arte de sua profissão que possam ser os guieiros dos noviços que escolheram aquella vocação.

Não se póde organizar uma escola profissional com professores vindos de todas as profissões, sem especialização e sem technica especial nos segredos, nos processos e nos detalhes da profissão especializada que os cursos visam.

Dahi ser tão difficil dar-se entre nós uma nitida feição profissional ás escolas normaes, que approximadamente são todas cursos secundarios, em que se introduziu uma cadeira de pedagogia.

A actual lei do ensino presentiu essa difficuldade preliminar.

E lançou as bases de uma escola normal superior, com dois annos de curso, para funccionar como a faculdade de educação do Estado.

Circumstancias, porém, obvias não permittiram a sua installação. Seria, entretanto, de vantagem que se organizasse para a mesma um curriculum mais rico e com maior diversidade de cursos, afim de ser possivel a formação de especialistas em todas as actividades escolares modernas. Isso importa, entretanto, em dar-se maior relevo á escola, e dotação orçamentaria mais vultosa.

O problema de escolas normaes está, em grande parte, dependente de uma providencia corajosa do Governo, no sentido de crear um instituto educacional superior dessa ordem.

Quanto ás escolas normaes para a formação do professor elementar, imprimiu-lhes a actual reforma de ensino uma organização que, julgamos, sob varios aspectos, a tornou mais adaptada ao seu fim.

Antes de tudo, exigiu para o ingresso na escola normal, além do curso elementar de quatro annos, dois annos de curso intermediario, com organização departamentalizada de professores, isto é, com professores para linguas, professores para sciencias, professores para historia e geographia e professores para desenho e trabalhos manuaes.

A organização anterior permitia directamente o exame de admissão ao primeiro anno normal.

O curso normal, propriamente dito, conservou os quatro annos de estudo, de gráu secundario, sendo reorganizado no sentido de se destinarem dois annos á cultura geral e propedeutica e os dois restantes á cultura estrictamente profissional, sobretudo o ultimo em que o trabalho do curso se funda no ganho da pratica escolar e de ensino.

A observação do ensino nas escolas de applicação, a participação no ensino e a pratica do mesmo nas escolas publicas designadas para esse fim, constituem elementos essenciaes hoje na formação do professor bahiano e nesse programma da pratica profissional se estribam os ultimos annos do curso normal.

É o seguinte o programma de pratica do ensino nas escolas normaes: (art. 562 R.)

"Os alumnos começarão a frequentar as escolas annexas logo que cursarem o 2º anno normal.

No 2º anno assistirão, pelo menos uma vez por semana, ao funccionamento das classes das escolas primarias.

No 3º anno, sob a direcção do professor de pedagogia, assistirão a lições modelos, dadas pelos professores da escola annexa, lições que o professor de pedagogia em seguida explicará e commentará.

No 4º anno, praticarão directamente o ensino dando lições e regendo, provisoriamente, as classes.

Essas lições constituirão os exercicios didacticos no primeiro semestre do quarto anno e obedecerão ao seguinte processo: o professor de didactica fixará um assumpto de aula primaria, fal-o-á preparar por escripto por todos os alumnos e, depois de debatidos e estudados os differentes planos de aula organizados pelos alumnos, designará o alumno que melhor o fizer para proceder a lição.

No segundo semestre, os alumnos assumirão, por turmas, a regencia das classes, sob as vistas dos professores das escolas annexas. Essa regencia poderá extender-se por um, dous ou tres dias seguidos. Nesse segundo semestre o Director solicitará ao Director Geral a designação de escolas publicas onde, com a assistencia dos professores das escolas, os normalistas irão reger, pessoalmente, pelo menos durante quinze dias, uma classe de ensino primario.

Toda pratica de ensinar será organisada nas escolas normaes com a superintendencia do director, que providenciará para que essa pratica siga a marcha gradativa, do 2º ao 4º anno, comprehenda todos os exercicios prescriptos e seja rigorosamente obrigatoria para todos os alumnos. Poderá fazer, para isto, qualquer modificação de horario, transposição de lições e tudo que entender necessario para que se cumpra integralmente o disposto nesse artigo".

Representa isto um grande progresso no problema do treino do professor primario, progresso que ha de continuar nessas duas direções principaes: curriculum cada vez mais estrictamente profissional e facilidades de pratica escolar, cada vez mais amplas.

Essas duas medidas não poderão ser postas em pratica sem o corpo de especialistas em assumptos de educação (escola normal superior); e, segundo, sem o apparelhamento moderno e efficiente das escolas publicas escolhidas para centros de pratica escolar dos estudantes normaes.

Mas, existe ao lado deste, um problema mais premente no systema escolar bahiano: é o que decorre da sua necessaria expansão e da ausencia de professores com o preparo adequado em numero sufficiente ás necessidades do seu rapido desenvolvimento.

Estado de enorme extensão geographica, com o territorio interior praticamente isolado do litoral e da Capital pela falta de systema de transportes, com uma tremenda differença de progresso social, dahi decorrente, entre suas diversas zonas, a Bahia se vê com um curioso problema de professorado: excesso de professores na Capital e suas circumvisinhanças e absoluta insufficiencia de professores no interior do Estado.

Na Capital, tres escolas normaes, - uma official e duas equiparadas, fornecem perto de duzentos professores diplomados por anno, entre alumnos que se recrutam na propria Capital e em um perimetro reduzido do interior do Estado. Ora, as necessidades actuaes do systema escolar no raio de acção das escolas normaes da Capital não poderão ir além de cincoenta professores por anno.

Bem sei que, si se pudessem ampliar indefinidamente as dotações orçamentarias para o ensino, essa necessidade se ampliaria.

Mas, no momento, como veremos nessa exposição, os fundos orçamentarios ao lado da expansão do systema devem cuidar do seu apparelhamento e dahi a necessidade de restringir a fundação de novas escolas, até que se possa dar predio e installação ás existentes.

O que se está dando com a formação de professorado somente na Capital, é que as escolas do interior ou não são providas ou o são por professores alheios ao meio, que não se fixam.

Dahi uma sensivel instabilidade do professorado do Estado, e uma impossibilidade de prover as cadeiras mais distantes.

O movimento reorganizador do ensino, no ultimo quadriennio, não descurou de tão alto problema.

A lei do ensino auctorizou a installação, por emquanto, de tres escolas normaes no interior.

Duas já foram installadas, em Caetité e Feira de Sant’Anna e diremos adiante do seu funccionamento.

Mas, a velocidade com que se está expandindo o systema escolar, a ansiedade do bahiano para se instruir, definitivamente despertada e o proprio dever do Estado, estão a exigir uma solução completa do problema.

Vale aqui trazer um illustração que, parece-nos, é altamente significativa.

Quando, em 1919, resurgiu depois da grande guerra, a republica da Polonia, encontraram-se os seus estadistas com um problema de ensino similhante ao nosso, mas a que se ajuntavam os problemas de regiões inteiras devastadas pela catastrophe européa, enormes dividas externas e emfim todos os problemas de uma nação que recuperava a independencia perdida havia mais de um seculo.

Os seus estadistas, porém, depressa reconheceram que o resurgimento da Polonia só se faria definitivo se fosse possivel educar a sua população dentro de 25 annos.

Para isto, antes de tudo, tornavam-se necessarios professores primarios, devidamente preparados, em numero sufficiente, dentro de cinco annos. A Polonia fundou para esse fim 120 escolas normaes e o systema escolar está crescendo á medida que se vae formando um corpo de mestres profissionalmente preparados.

Na Bahia, solução identica não poderia ser levada a effeito. Faltavam-nos professores para essas escolas normaes.

O problema precisa ter uma solução mais modesta, mas egualmente completa. Installe-se no nordeste uma nova escola normal; auxilie-se a reinstallação da escola normal da Barra (Rio de São Francisco), destruida pela enchente, e teremos o numero de escolas normaes imprescindivel para o momento: uma na zona do sul, em Ilhéos (equiparada); uma no alto sertão (Caetité); uma na zona do S. Francisco (Barra, equiparada); uma na zona do centro-sertão (Feira de Sant’Anna); uma no nordeste (Bomfim); e tres, na Capital (uma official-modêlo e duas equiparadas).

Depois disto, installem-se internatos nas escolas normaes do interior. Sem essa medida, a solução longe de ser satisfactoria, resultará, si não em fracasso, em qualquer cousa approximada disso. As escolas normaes do interior não se destinam a servir a uma cidade, mas a uma zona e não é possivel a installação de taes escolas sem o indispensavel internato.

É alguma despeza, porem, que não só compensará como será a condição essencial do pleno successo dessas escolas.

Até ahi a solução lenta, mas progressiva, que está a impôr problema. Ha, no emtanto, uma solução de emergencia que o momento actual requer.

Em fins de 1927, havia em nosso systema escolar pouco menos de seiscentos logares vagos de professor primario, quasi todos havendo sido, durante o periodo lectivo, providos por pessoas sem a habilitação profissional competente.

Abriu-se concurso para esses logares e foram providos, no inicio do actual anno lectivo, 193 por professores diplomados.

Faltaram professores para 394 unidades escolares.

Que fazer?

Fechar essas escolas? Isto determinará uma queda na matricula escolar, approximadamente de 20%.

Deixal-as entregues aos riscos de um provimento local, por pessôas de tão poucas letras que estão a comprometter não só o espirito da organização do ensino primario, mas até o seu prestigio no sertão?

Tambem é inacceitavel.

A nosso vêr, impõe-se a installação, nas escolas normaes do interior e em alguns outros centros onde fôr possivel, de cursos de emergencia para a formação de professores provisorios.

Esses cursos serão de um anno, comprehendendo o seu programma uma intensiva pratica escolar e o estudo dos elementos fundamentaes do ensino primario.

Afim de que o recrutamento de alumnos seja possivel, torna-se necessario cercal-o de certas vantagens.

Julgo que será exequivel o seguinte plano: os alumnos se recrutarão entre aquellas pessoas de mais de 18 annos que revelem desejo e gosto pelo magisterio. Logo que sejam admittidos no curso, mediante exame previo de sufficiencia, serão considerados pelo Governo professores-praticantes e assignarão contractos com o Estado, de tres a cinco annos de prazo, para ensinar nas escolas publicas que lhe forem designadas.

Durante o anno do curso, anno de estagio e de estudo, os professores-praticantes já estarão, assim, percebendo um ordenado que lhes permitte a manutenção na cidade onde o curso de emergencia se realiza. Além dessa vantagem, o prazo do contracto deve ser de tres a cinco annos, com possibilidade de reconducção si continuar a falta de professor diplomado em escola normal.

Só assim será possivel contar, com segurança, numero sufficiente de alumnos para o curso. Por outro lado, um cuidadoso criterio na escolha e selecção dos candidatos ao curso e um intelligente systema de vigilancia e fiscalização sobre a capacidade e a seriedade do candidato, com o direito reservado ao Estado de extinguir o contracto dentro de certas condições, - darão ao Governo a segurança de resultados satisfactorios.

Complemento dessa idéa, que não poderá ser levada avante si exigir grande despeza extraordinaria, será custear o curso de emergencia com a verba das escolas vagas, dando o legislativo a necessaria auctorização para o estorno. Por esse meio, poderiamos dar solução provisoria á premente necessidade de professores, emquanto as escolas normaes iriam, progressivamente, preparando o quadro definitivo do nosso professorado.

* * *

ESCOLA NORMAL DA CAPITAL

Funccionou durante os ultimos quatro annos com plena regularidade. A reorganização soffrida por força da lei actual do ensino, se operou sem sobresaltos e com seguro exito.

A matricula tem sido a seguinte:

1924 - 348

1925 - 344

1926 - 444

1927 - 546

Incluiram-se nos annos de 1926 e 1927 as matriculas no curso fundamental, uma vez que faz parte integrante e essencial do curso de preparação dos professores. A marcha é para uma constante ascensão da matricula, tornando-se necessario limital-a, dadas as proporções da installação da escola.

Muito a desafogaria a construcção do grupo escolar para applicação e pratica dos alumnos em predio proprio, conforme é lembrado em outra parte desta exposição.

As escolas annexas estão funccionando em salões, onde quasi nenhuma das condições modernas de ensino estão satisfeitas com efficiencia.

Si ao grupo de 546 alumnos de curso normal, ajuntarmos as 267 crianças dessas escolas annexas, teremos que 813 escolares frequentaram o actual edificio da Escola Normal que não póde comportar, materialmente, esse elevado numero de alumnos.

Por outro lado essa mesma circumstancia torna extraordinariamente numeroso o corpo de professores, o que eleva o custo quasi exclusivamente de pessoal dessa escolas, a oitocentos contos de réis.

Vimos que o systema escolar não registra uma necessidade actual, para a zona a que a escola serve, do numero de professores que são diplomados na Capital.

A maioria não póde obter opportunidades para se collocar.

Ora, a excessiva atracção da Escola Normal não se prende somente ao desejo e vocação para o magisterio, mas ao facto de ser um dos poucos estabelecimentos que offerecem ao elemento feminino da Capital opportunidade para uma formação profissional e de efficiencia economica.

Sendo assim, julgo que uma reorganização do curriculum desse estabelecimento, installando-se cursos commerciaes e profissionaes femininos de gráo secundario, ao lado do curso normal, cuja matricula se restringiria e se seleccionaria, viria ajustar esse instituto a uma finalidade social mais ampla, viria servir melhor aos alumnos que o procurassem, viria aperfeiçoar o curso normal e viria, ainda, dar uma compensação mais economica aos grandes gastos publicos que ahi se fazem. Com essas medidas se satisfariam, em parte, as necessidades de um ensino profissional feminino, cujas opportunidades são muito limitadas na Capital e dahi a excessiva procura dos cursos normaes.

Do mesmo passo esses cursos normaes ganhariam, recrutando seus alumnos somente entre aquelles que quizessem verdadeiramente se dedicar ao magisterio, o que emprestaria homogeneidade ás suas classes e o mesmo espirito profissional.

E ainda se accrescentavam vantagens economicas, uma vez que taes modificações se poderiam fazer com limitado accrescimo de despezas e que o rendimento do instituto passaria a não ser desperdiçado em uma formação de profissionaes em numero superior ao das actuaes necessidades sociaes.

Está claro, que seria melhor que uma Escola Normal fosse somente Escola Normal, mas as particularidades especiaes do problema da actual Escola Normal estão a aconselhar uma solução da ordem que propomos, a não ser que se criem separadamente os institutos de ensino profissional feminino a que alludimos e que viriam descongestionar a matricula da escola para professores e permitir-lhe uma efficiencia mais rigorosa e mais economica.

* * *

Durante os ultimos quatro annos, foram os seguintes os principaes melhoramentos, na Escola Normal da Capital, conforme relata, summariamente, o Director, Dr. Alfredo Ferreira de Magalhães, devotado servidor daquella casa de ensino:

Foi adoptado um vestuario uniforme. Convinha estabelecer-se uma igualdade de condições, evitadas as exhibições de luxo pelas alumnas, tão nociva á homogeneidade e espirito escolares. O custo desse uniforme está ao alcance de todos; para elle foi adoptado um modêlo simples, correcto, e de bom effeito nos conjunctos.

Pinacotheca, Museo e Bibliotheca

A pinacotheca, composta, na maior parte, de retratos de professores fallecidos, está sendo completada. Na sala das Congregações foram collocados os retratos dos Profs. Carrascoza, Celestino, Cincurá, Antonio Bahia, Odalberto Pereira, Elisa Mendes, Braulio Pereira, Justina Campos, Antonio Bussone, Job de Carvalho, Campos França, Tantú e Nazareth. Deverá ser collocado, dentro em breve, o do Prof. Antonio Lopes.

No acto da collocação de cada um desses retratos foram prestadas homenagens, perante docentes e discentes, sendo relembrados os serviços de cada um desses professores.

Foi organizado o Museu, para o qual já ha necessidade de maior espaço.

A Bibliotheca foi inteiramente renovada. Foi adquirido material moderno, e os livros catalogados convenientemente.

Mandaram-se encadernar livros velhos, sendo comprados outros.

Mobiliario

Resentia-se o estabelecimento da falta de mobiliario completo, para as salas de aulas e salão nobre. Foram suppridas essas faltas.

Nucleos de estudos pedagogicos

No intuito de facultar o ensejo de estudo e troca de idéas, de facilitar o intercambio de ensinamentos uteis ao ensino, de fomentar a curiosidade e o gosto pelas novas investigações scientificas, foi creada uma associação destinada a congregar professores do curso primario, secundario e normal, que apoiassem semelhante objectivo.

O "Nucleo de Estudos Pedagogicos", que vem fuccionando no estabelecimento, tem realizado uma reunião mensalmente. Estão publicados os fasciculos 1, 2, 3 e 4 do ano I dos Annaes.

Clinica Dentaria

Foi instituido um serviço de clinica dentaria, onde será attendida a necessidade de educar os alumnos nos cuidados hygienicos da bocca e dos dentes, como factor essencial da saúde.

Esse serviço tem sido executado com efficiencia. Em 1927 o movimento desse serviço foi de 2.349 frequencias, 3.541 curativos, 378 ablações de tartaro, 70 extracções e 71 obturações.

Gabinete de Chimica

Necessario se faz montar convenientemente o Gabinete de Physica e Chimica, que já tem salas proprias.

Horarios

Os horarios do estabelecimento foram modificados, no sentido de se fazer o trabalho diario das aulas, attender ao interesse dos alumnos, observando-se na ordem e successão das aulas os principios essenciaes do esforço maior de certas disciplinas e da fadiga, crescente á medida do avançar do tempo de attenção decorrido.

Fizeram-se observadas rigorosamente pausas obrigadas de dez minutos entre 2 aulas consecutivas; aboliram-se as horas vagas, horas mortas, geralmente, que concorrem para dissipar o tempo inutilmente, prejudicando o treino util.

Educação Physica

A educação physica mereceu especial cuidado, sendo ampliada e desenvolvida, como convinha que o fosse, dentro em methodos modernos.

Parte das licções de Educação Physica serão ministradas dentro em criterio sportivo. Em breve será inaugurado o campo de basket-ball, nivelado para esse fim.

Trabalhos Manuaes

Os trabalhos manuaes foram incentivados desde a escola infantil até o curso normal, atravez das escolas elementares.

Aos alumnos do curso normal, além de trabalhos sobre cartão e madeira,foi facultada aprendizagem de encadernação e photographia, para cujo fim foram creadas officinas modestas.

Escola Infantil

A escola infantil foi dotada de material Montessori, primeiro exemplar adquirido e visto nesta Capital.

O ensino pratico ministrado na mesma escola teve ao lado dos ensinamentos com os dons de Froebel, aquelles que o material Montessori permitte realizar.

Dactylographia

Foi installado o ensino de dactylographia, em sala com material e mobiliario sufficiente.

ESCOLA NORMAL DE CAETITÉ

Fundada, apenas ha dois annos, em pleno sertão, no edificio onde funccionou o Collegio de S. Luiz, instituto de educação secundaria dirigido pelos jesuitas, a Escola Normal de Caetité vae levando avante, apezar de todas as difficuldades, um programma de estabelecimento profissional de formação de professores modernos, para o interior do Estado.

Graças á intelligencia, á efficiencia e ao zelo do seu director, o Dr. Edgard Pitangueiras, a escola está a supprir a deficiencia de matricula com um aperfeiçoamento dos methodos de estudo e, sobretudo, com um espirito de formação profissional que é animador.

Além disto, a escola não tem circumscripto a sua actividade exclusivamente ás exigencias regulamentares, mas a tem procurado ampliar, por meio de associações, de espirito de cooperação e da organização de uma vida de estudantes o que, não só faz da escola normal uma instituição verdadeiramente educativa, como um estabelecimento que já irradia, desde agora, a sua acção benefica no meio social sertanejo, antes mesmo que as suas primeiras turmas de diplomados tenham deixado as classes para levarem até longe a influencia da sua educação e do seu espirito.

Deixo que falle, por mim, o Dr. Edgard Pitangueiras, director da escola, no seu relatorio de 1927.

ORIENTAÇÃO PEDAGOGIA

"Iniciados os cursos no dia 15 de Fevereiro, conforme preceitua o Regulamento do Ensino, esta directoria começou o arduo trabalho de observação da marcha pedagogica de cada curso, afim ele, com os professores, em collaboração, procurar melhorar o ensino, sob os varios pontos de vista que elle apresenta.

Observamos portanto o caracter dynamico do ensino nesta Escola, levamos a effeito as modificações que a experiencia reclamou immediatamente, sem no entretanto ferir as disposições regulamentares.

Attendendo a que no ensino normal o fim collimado é a formação de mestres, que tenham a noção exacta das suas responsabilidades profissionaes, e levem para a sua escola uma dosagem bem significativa da capacidade educativa, ao lado da formação intellectual, cuidamos de preparar o ambiente, onde o espirito dos educandos se transforma e se elabora.

No ensino de todas as disciplinas tivemos a preocupação de que os alumnos trabalhassem por si mesmo, vencessem as difficuldades do momento no todo ou em parte, sentissem a necessidade da iniciativa disciplinada pelas idéas já formadas, penetrassem no segredo de resolver o que entendiam ser difficil, fosse cada qual o factor do seu proprio desenvolvimento educativo.

No ensino de lingua portugueza predominou a ideação dos factos da linguagem com motivos nacionaes, de modo que os alumnos comprehendessem que a lingua falada por elles não é uma cousa abstracta, sem evolução e que esta depende do avanço da mentalidade do povo.

O estudo da lingua portugueza foi um dos meios educativos de que nos utilizamos para o alcance do fim collimado.

Abandonamos o theorismo systematico tanto quanto nos foi possivel, demos ao estudo da linguagem a adaptação pratica que elle deve ter no programma de formação de professores, que irão transmitir ás gerações futuras conhecimentos formadores do caracter nacional.

Desejamos que os alumnos falem e escrevam bem a lingua vernacula, um dos mais apreciaveis attributos da educação intellectual.

Francez

No ensino da lingua franceza tambem procuramos reagir contra certos habitos que os alumnos adquirem na aprendizagem do idioma estrangeiro.

Convém fique patente a melhoria que já notamos na efficiencia do ensino desta materia, em relação ao anno proximo passado.

Com resultados tão promissores, esperamos attingir a meta desejada.

Mathematica

No ensino de Mathematica pequena não foi a modificação methodologica, iniciada pelo Dr. Jayme Teixeira e seguida pelo actual cathedratico Dr. Antonio Ramos.

A aridez dessa disciplina induz o espirito dos alumnos a uma aversão ao seu estudo; entretanto procuramos amenisar tal animadversão, tornando as lições menos abstractas, incitando os alumnos ás comparações do raciocinio, já por meios de dados materiaes, já por exemplos em que entraram dados conhecidos dos alumnos.

Sempre conseguimos alcançar certo enthusiasmo dos estudantes que não devotaram mais á Mathematica a aversão que antes experimentavam.

As nossas cogitações, minhas e dos meus collegas professores, de melhorar o ensino, em uma nova escola servida por professores novos, não ficaram na acção e na observação; resumbraram na esperimentação.

Geographia

A Geographia mereceu o nosso cuidadoso ensino; buscamos empregal-a como "sciencia de distribuição", sem tornal-a enfadonha, simples resenha de termos torturantes da memoria; porém em estudo attrahente, relacionado com os principaes factos da vida humana.

Os methodos de exposição empregados foram os mais approximados possiveis dos hodiernos principios educativos que norteiam essa sciencia: o nosso esforço se fez precisamente mais em torno da geographia humana, ou anthropogeographia, da adaptação do homem no meio em que vive e suas constantes reacções, do que na interminavel nomenclatura de nomes que os alumnos podem, pela generalização, mais tarde comprehender, principalmente quando já se familiarizaram com os aspectos da geographia regional e seus phenomenos.

Os graphicos e os mappas foram excellentes meios de applicação, bem como as representações physiographicas manipuladas, recortadas e gizadas nas diversas actividades manuaes deram aos alumnos a unidade do estudo geographico.

Esta directoria recommendou aos professores desta disciplina que não esquecessem a "geographia causal", a geographia do momento, de que os alumnos muito aproveitavam.

As provas praticas desta cadeira foram feitas de accordo com os processos representativos. Não fôra a escassez premente do material didactivo, a nossa experimentação seria vantajosa de todo.

H. Universal e do Brasil

Não mereceu menos do nosso criterio methodologico o ensino da Historia Geral e do Brasil. Disciplina que parece apenas depender de boa memoria, a Historia exerce, na cultura geral do educando, um papel importantissimo, como sciencia que presuppõe uma coordenação do raciocinio e certo desembaraço intellectual.

Insistimos no seu ensino com o auxilio do material aconselhado pela methodologia moderna, mas tão somente aquelle que estivesse ao alcance dos alumnos, principalmente as cartas geographicas dos grandes vultos da historia, etc.

Deixamos de lado os processos mnemotechinicos. São cansadores, massantes, de pouco proveito.

Ensinamos a historia pela comparação dos factos, pela observação dos surtos sociaes de modo que os alumnos podessem graphar os acontecimentos, commental-os tomando por base a civilização do seculo em que elles se desenrolam.

No estudo da historia patria fomos alem, localizamos os acontecimentos, concretizamos os factos e buscamos a sua recomposição.

Historia Natural

No ensino da Historia Natural não tivemos o auxilio do museu, nem qualquer outro material que conduzisse os alumnos a uma objectivação das licções, embora o professor muito se esforçasse a significar o assumpto no quadro negro ou em face da propria Natureza.

Aulas praticas de Botanica e Geologia foram ministradas nos jardins da Escola e no campo, com immensa satisfação para os alumnos.

A falta de material didactico para o estudo de certas disciplinas muito atrapalha e impede grandemente o progresso escolar.

Trabalhos manuaes

Esta Directoria sempre dedicou especial attenção para as cadeiras de arte, principalmente para as de trabalhos manuaes e desenho.

Não sentimos enfado nem desanimamos nunca diante das primeiras difficuldades já da nossa inexperiencia, já da cultura ainda não generalizada da primeira daquellas cadeiras. Por isso obtivemos no presente anno lectivo resultados que nos autorizam a dizer que entramos na phase da adptação dos trabalhos manuaes, associados ás lições de cousas.

Esse é, ao nosso ver, o primeiro passo na gradação da aprendizagem; receiamos, entretanto, a confusão que adviria nos trabalhos executados sem essa accommodação da actividade manual aos centros de interesse.

Em nossos annexos estatisticos verifica-se que os trabalhos novos, para os alumnos, foram praticados em menor escala que os já ensinados no anno passado, notando-se porem ser a nova actividade facilmente comprehendida e mais rapidamente desenvolvida.

Nos mil e poucos trabalhos que puzemos em exposição dominou a variedade e ao observador havia de ter ficado a impressão de que tudo aquillo é o resultado do desenvolvimento systhematico da habilidade manual de alumnos, que podem produzir muito mais ainda.

Si a nossa capacidade profissional fosse effectivamente larga, gostariamos de estar preparando os futuros professores para a escola activa, para a escola de cooperação. Eis porque é modesta a nossa realização na escola que desejariamos fosse a escola experimental.

Desenho

Não fosse objecto do nosso cuidado extremo o ensino do desenho, e não poderiamos obter as vantagens que foram a alvorada do progresso dos trabalhos manuaes.

Graças aos esforços da professora que dirige a cadeira de desenho, os nossos alumnos, em sua maioria, ficaram comprehendendo a finalidade dessa aprendizagem.

Si "o desenho é a representação do objecto por meio de sua forma concreta", não temos duvida que o emprego de methodos despertadores do interesse, diante dos objectos que servem de motivos, é necessario para o pleno desenvolvimento de uma aprendizagem racional.

No ensino do desenho ensaiamos a assistencia intellectual, isto é, a professora desta disciplina teve que acompanhar os graphicos e as representações objectivas que os alumnos fizeram na aprendizagem de outras materias, impondo o aperfeiçoamento pelo correctivo.

Aos alumnos suggerimos sempre a liberdade de criar, dando desenvolvimento á capacidade productiva, tantas vezes emperradas na sua marcha, pela inflexibilidade dos programmas.

Sirvimo-nos do desenho para o desenvolvimento da ambidextria, cujos resultados foram bons.

Ensino de prendas

No ensino de prendas os resultados foram satisfactorios plenamente, e a aprendizagem foi feita sem tropeço, executados todos os trabalhos exclusivamente pelos alumnos e na escola, com a perseverante assistencia da professora.

O plano do ensino foi traçado obedecendo á gradação dos conhecimentos domesticos e em attenção ao tempo despendido com a aprendizagem. A nossa escola normal não é uma escola de educação vocacional; tem uma classe de tempo completo para a aprendizagem de trabalhos domesticos e economia caseira. Por isso o ensino requer certo equilibrio entre o tempo regulamentar e a extensão da materia.

Educação physica

Mereceu a nossa especial dedicação o ensino de exercicios physicos, a sua pratica methodisada obedecendo aos ditames de hygiene, e observando tanto quanto possivel, a sciencia pedagogica.

O cuidado e o gosto da professora deram magnificos resultados, mas a falta de um portico ou de um pavilhão apropriado, onde, nos dias chuvosos, as aulas se realizem, tem prejudicado o ensino.

Urge a construcção de um pavilhão ao lado dos dois que estão sendo construidos não somente para sanar a falta que faz ao ensino de educação physica, como para completar a esthetica da fachada da Escola.

Curso fundamental

No Curso Fundamental applicamos os mesmos principios educativos e servimo-nos dos mesmos processos e methodos didacticos empregados no Curso Normal.

É sobremodo necessario salientar que o 2º anno do Curso Fundamental está excessivamente sobrecarregado de materias, exigindo dos alumnos grande esforço e capacidade muita vez não compativeis com a sua edade mental.

Escola annexas

Funccionaram regularmente, obedecendo ás prescripções regulamentares attinentes ás escolas publicas primarias do Estado com vantagens pedagogicas, tal o esforço e tal a dedicação dos seus titulares que muito interesse demonstraram pela bôa marcha do ensino.

Ainda um tanto desapparelhadas de material didactico, as escolas annexas deram rendimento notavel, graças á constancia dos professores que muito se dedicaram ao arduo incremento desta obra educativa.

Junto a este relatorio vão dois exemplares impressos do horario que executamos nessas escolas e que servem perfeitamente para as escolas servidas por adjunctos, ou nas Reunidas.

Jardim da infancia

Si muito nos preoccupou o ensino nos demais cursos, no jardim de Infancia o nosso cuidado, a nossa dedicação e as nossas observações foram extremas; quinzems que aquelles meninos ainda balbuciantes, no limiar da vida social, sentissem especial prazer na aprendizagem das cousas, que a sua escola, pela multipla variedade, constituisse, por si só, um centro de attração, uma continuação moderada do lar onde a expansão da alma infantil se processa harmoniosamente.

Esta directoria sente-se no dever de citar os serviços das professoras do Jardim da Infancia, não sómente pela efficiente cooperação na obra educativa da nossa Escola Normal, como pela pressurosidade e agrado com que nos ajudava em nossas observações psychologicas.

Estamos anciosos pela installação do Jardim da Infancia no pavilhão que a proposito está sendo construido, graças á operosidade dessa Directoria Geral que de logo comprehendeu a necessidade de ser dada á infancia um ambiente sadio e amplo.

Os methodos e processos de ensino no Jardim da Infancia, de accordo com systema montessoriano, foram empregados com alguma precaução; estivemos no periodo experimental do methodo.

Tambem o nosso cargo nao permite que nos dediquemos inteiramente ao ensino no Jardim da Infancia, quando outros muitos serviços materiaes e pedagogicos reclamam a nossa assistencia.

Hygiene

A educação sanitaria tem na escola o seu logar proeminente.

A escola não póde ficar alheia a tão grande quão importante problema da vida social; no interior, no meio menos culto e mais afastado dos dominios do progresso educativo, a escola deve actuar com efficacia em todos os membros da sociedade a que ella serve. A educação hygienica, a formação de habitos sadios por meio dos "pelotões de saude", a merenda escolar para os alumnos do Jardim da Infancia e para os pauperrimos de nutrição insufficiente, o fornecimento de remedio aos que adoecem e são de condição humilde, o fornecimento de roupas, já lavadas, de calçados, do material necessario á frequencia escolar, foram serviços que se executaram em nossa Escola Normal extensivos ás Escolas Reunidas, cujo controle foi exercido por esta directoria.

A assistencia medica foi feita com dedicação, gratuitamente, como gratuitamente e com sincero interesse pela causa da infancia foi feito o serviço de assistencia dentaria, custeado pela "Caixa Escolar" sob o patrocinio do Cirurgião Dentista Francisco Bastos, cathedratico de francez do Curso Normal.

Nas classes as licções de hygiene eram feitas com opportunidade. Organizamos, a titulo de ensaio, cinco pelotões de saude, com um total de cincoenta alumnos. Obedecemos ou nos approximamos, tanto quanto possivel, da formula do Dr. Carlos Sá, mas a falta de certo material auxiliar dessa obra educativa, concorreu para difficultar o apuro dos resultados.

Desde os nossos primeiros dias de vida escolar, tentamos a educação sanitaria, e tanto sentimos a sua urgente necessidade que não esperamos o auxilio official, jogamo-nos á lucta de angariação de meios que bastam para a realização desse magnifico desideratum.

Com a instituição dos pelotões de saude houve uma sensivel transformação na vida hygienica dos alumnos, principalmente dos de tenra edade, como os do Jardim da Infancia. Despertou interesse entre os meninos saber se augmentavam de peso, se tinham crescido mais, etc. A falta de asseio soffreu séria diminuição; tudo nos indica que no presente anno lectivo maiores serão as vantagens dessa iniciativa.

Duzentas e dezeseis crianças trataram dos dentes no gabinete da A.D.I. "Dr. Constantino Fraga" e foram distribuidas pela Caixa Escolar e por particulares, principalmente, 5.343 merendas, na maioria de fructas e massa.

A Caixa Escolar não podia contribuir com assiduidade para esse serviço que era e é vasto; tivemos de appellar muitas e muitas vezes para as pessoas de bom coração. A media de alumnos inscriptos diariamente para a recepção de merenda, era de 46.

Além do custeio do serviço dentario, do serviço de merenda e da assistencia escolar, a directoria da Caixa distribuiu com as meninas, suas amparadas, roupa branca, uniformes e calçados.

Aos meninos a Caixa forneceu tudo que foi de seu dever contribuir. Assistencia medica e remedios tiveram meninas e meninos, sendo que a directoria da Caixa ia sempre á casa das crianças doentes fiscalizar a applicação dos remedios, como levar aos pequenos o conforto moral muito necessario nesses momentos.

Educação moral

A instrucção, por si só, não basta ao homem; sem moral ella não faz mais do que facilitar a pratica do mal, no expressar de Quetelet.

A educação é a impulsionadora da moralidade, e como a criança tem uma alma a ser cultivada, ennobrecida, não nos descuramos dessa parte importantissima da educação geral.

Não conhecemos meio mais empolgante, expressivo e de vivo relevo á educação moral do que o exemplo. Ao educador não póde faltar esse desejo de velar por essa luz interior, por essa realização da cultura da alma da criança.

A "Liga de Bondade", instituição escolar fundada em 1926, em prestado relevantes serviços , contribuindo grandemente para a elevação moral das crianças, uma das fontes de aperfeiçoamento do caracter.

Temos a preoccupação de que as crianças devem ter o habito de proceder bem, de não se illudirem nem illudirem a ninguem, de desprezarem a mentira.

A "Associação dos Escoteiros de Caiteté", fundada em Março de 1927, tambem está levando adiante a nobre tarefa de formação do caracter dos alumnos, retemperando os brios da mocidade caiteteense e concorrendo com a sua parte especial para o engrandecimento dessa obra educativa que iniciamos em 1926.

Vida material da escola

O edificio da Escola está passando por uma transformação necessaria ao fim a que está destinado, principalmente com a construcção de dois novos pavilhões e adaptação de salas para aulas.

O assentamento de apparelhos sanitarios, lavatorios e bebedouros hygienicos impunha-se pela necessidade urgente e inadiavel de hygienisar a Escola.

Esta directoria não tem poupado esforços nem trabalhos afim de que a installação e montagem da Escola se realizem com proveito para os educandos.

Quatro novas salas de aula estão sendo terminados, faltando apenas a pavimentação que não poude ser feita por não bastar a verba requisitada a esse fim.

Nellas deverão funccionar as suas escolas annexas e o Curso Fundamental, resolvendo assim a falta de salas para aulas. Só as "Escolas Reunidas" occupam quatro salas grandes e uma menor.

Um novo jardim está sendo feito em um area que só a este fim poderia ser destinada.

Esperamos terminar os trabalhos complementares do edificio, logo que a Secretaria da Agricultura nos habilite com o apparelhamento e material necessarios.

O nosso desejo é que o espirito das crianças e dos normalistas se forme e se desenvolva nesse ambiente de ordem e elevação esthetica, de modo a impressionar bem o mundo exterior á mentalidade infantil.

"Revista de Educação"

Em Janeiro de 1927 foi fundada uma revista com o titulo acima. A Revista que conta com a collaboração escolhida atravessou o seu primeiro anno de vida com regular exactidão na suas edições bimensaes.

Seria de muita vantagem que o professorado assignasse a Revista em pagamentos pontuaes.

Confiados nas melhores intenções que tem o Governo esperamos que elle auxilie a Revista, na fórma dos dispositivos legaes.

Infelizmente o funccionamento exemplar da escola não póde se robustecer ainda com uma grande matricula.

São apenas 23 os alumnos nos dois primeiros annos normaes e 31 do curso fundamental.

Urge a providencia do internato, conforme fallamos atraz.

* * *

ESCOLA NORMAL DE FEIRA DE SAN’TANNA

Installada em 1927, a Escola Normal da Feira augura um rapido successo de matricula e, o que leva a crêr que poderá funccionar, com proveito e rendimento, talvez sem internato. No primeiro anno normal se elevou a 40, o numero de matriculados e a 61 nos dois annos do curso fundamental. Todos os cursos funccionaram com regularidade e apenas terminado o exercicio escolar do primeiro anno, podemos registrar que se trata de um instituto que foi satisfazer uma real necessidade escolar naquella zona.

ESCOLAS NORMAES EQUIPARADAS

Funccionaram tres, duas na Capital e uma no interior, em Ilhéos, com satisfactoria regularidade.

A escola normal da cidade da Barra foi forçada a suspender os seus cursos em virtude dos damnos soffridos pela ultima enchente do S. Francisco, nas edificações escolares.

Acha-se, porém, em reconstrucção o predio e é de esperar tenhamos reabertos os seus cursos, no corrente anno de 1928.

ENSINO SECUNDARIO

Mantém o Estado um unico estabelecimento official de ensino secundario, que é, tão somente, um curso academico especializado de preparação para o ingresso nas Faculdades Superiores.

Está o ensino secundario, nessa sua concepção de curso preparatorio para a Universidade, subordinado á legislação federal, que recentemente reorganizou o seu plano de estudos em base mas estrictamente academica e classica, coordenando ainda em seriação obrigatoria os differentes gráos do curso.

Como, porém, a direcção dos serviços de educação não está no Brasil orientada por um espirito de especialização technica no assumpto, mas em immediato contacto com a politica, o ensino secundario está constantemente sujeito ás mais perturbadoras intervenções.

Para julgar o regime actual, não direi na sua orientação educacional que é exclusivamente academica e não social, mas em sua propria organização basta dizer que todo elle gira em torno dos exames do fim do anno.

Os cursos secundarios se destinam a preparar alumnos para exames, exames esses, que, em virtude do modo com que são organizadas as bancas examinadoras e da sua dualidade em bancas para provas escriptas e bancas para provas oraes, - têm-se tornado ainda mais condemnaveis de tal sorte são incertos e variaveis os seus julgamentos.

Para os que reflectem sobre as questões de educação no Brasil, é de profundos ensinamentos a actuação do Governo Federal no problema do ensino secundario.

Entretanto, para muitos constitue convicção a crença tocante e ingenua de que o proprio problema da educação popular, estaria resolvido o dia em que á União, competisse, constitucionalmente, legislar e decretar sobre ensino primario.

O serviço de educação é um serviço que interessa profundamente a nacionalidade, não podendo, portanto, deixar de preoccupar a União.

Os altos fins sociaes de um systema educacional brasileiro, a União tem o direito e a obrigação de formal-os. Uma vez, porém, formulados, os quadros technicos do Estado ou da União devem tomar a si a organização e a administração do serviço, por isso, que essa organização e administração são obras locaes e especializadas, a que frequente intervenção politica retira o vigor, a saude e a efficiencia.

Todo o problema do ensino, no Brasil, está subordinado a uma questão economica.

Compete á União para resolver ou auxiliar a solução do problema subvencionar os serviços estaduaes, mas subvencional-os debaixo de um alto criterio de confiança, mantendo e prestigiando a plena autonomia regional do serviço.

Essa não tem sido a politica federal.

Os accordos para o ensino primario, e agora, os accordos para o ensino profissional com que a União tem procurado collaborar com o Estado, nos serviços de ensino, se propõem em bases inacceitaveis ou pelo menos discutiveis pelo Estado, porque a União deseja fazer da subvenção uma intervenção.

Ora, não é viavel tal processo.

A administração de serviços, mesmo aquelles de interesse nacional, tem maiores possibilidades de se realizarem efficientemente, quando levadas a effeito pelo poder local.

A distancia e o isolamento do Governo Federal, a falta de coordenação do paiz por um systema organico de communicações, a propria escassez da cultura politica brasileira, incapaz de acceitar as divisões necessarias entre serviços publicos e interesses politicos - faz com que, no Brasil, o melhor administrador ainda seja o Estado, não só pela sua estreita approximação dos serviços, como pela menor complexidade dos seus interesses partidarios.

O Governo Federal cumpriria uma grande aspiração brasileira cogitando dos problemas de educação e resolvendo-se a dar a sua parte na solução de sua questão fundamental subvencionando amplamente os serviços estaduaes. Essa subvenção se subordinaria, tão somente, a uma apresentação dos resultados do systema escolar.

Fóra desse espirito de confiança, a cooperação do Governo Federal, como no caso de ensino secundario, resulta em um enfraquecimento da vitalidade das organizações estaduaes, subordinadas até em pequenos detalhes a um modelo official do Rio de Janeiro.

Pelo graphico n. 5 se mostra a actual coordenação do plano educacional bahiano. E é interessante notar como o plano da legislação estadual se completa por si mesmo, como plano modesto de um systema escolar adaptado ás nossas actuaes necessidades sociaes.

Depois de um ensino primario elementar de quatro annos, cujas caracteristicas de cultura social e pratica já accentuamos, ingressa o alumno na escola primaria superior, equivalente á escola intermediaria americana, onde a mesma educação dos primeiros quatro annos é continuada, accentuando-se, entretanto, o caracter pre-vocacional no primeiro anno e vocacional nos ultimos.

Veja-se que o ensino nessa escola está no mesmo nivel dos tres primeiros annos do ensino secundario.

O curso primario superior se coordena, a seguir, com o ensino vocacional em escolas praticas de agricultura, commercio e officios.

Por outro lado o ensino subordinado á legislação federal comprehende o ensino secundario academico de cinco annos, seguido dos cursos em engenharia, medicina e direito.

Dado o caracter das actividades do povo bahiano, occupado em trabalhos de agricultura ou commercio, julgo que do mesmo passo que se devem diffundir e ampliar as instituições que compõem o systema estadual de educação, que vão preparar o bahiano para uma vida de efficiencia economica, se devem restringir aquellas instituições academicas que apenas nos podem dar elementos para a burocracia e as carreiras liberaes.

O Gymnasio da Bahia, que é o estabelecimento de ensino secundario equiparado ao modelo official federal, acaba de passar por uma radical reforma material, com a remodelação dos seus edificios e a construcção de dois pavilhões, um dos quaes com sete novas salas de aulas e um grande auditorium, obras em que o Governo do Estado dispendeu mais de um milhar de contos. Além disso foram montados novos gabinetes e apparelhado assim modernamente todo o ensino.

A sua capacidade póde ser estimada agora em 800 alumnos.

Considerando que os demais collegios secundarios particulares do Estado não têm matricula inferior a 1.500, temos que, pelo menos, 2.300 alumnos se acham matriculados nos cursos secundarios de natureza academica.

Todo relevo e toda saliencia deve voltar-se, agora, para as instituições de formação vocacional mais adaptada ao nosso meio e ás nossas necessidades, mesmo porque ahi está o instrumento de uma modificação de nossa attitude, criada pela nossa tradição européa de varios seculos, contra as profissões de trabalho manual.

O Gymnasio, com a sua actual organização, é uma machina para conservar e alimentar a mentalidade que uma velha e longa associação entre trabalho manual e classe social inferior criou, de uma pretensa superioridade das profissões não manuaes.

Não sei de mentalidade que nos importe mais profundamente modificar do que essa e o nosso recurso é multiplicar as escolas vocacionaes de verdadeira efficiencia pratica, dando-lhes, como ao Gymnasio da Bahia, bom apparelhamento, prestigio e bons salarios aos seus professores.

A escola primaria superior deve ser diffundida por todo o sertão, devendo ser a escola secundaria rural do Estado da Bahia, onde se estudem e se apprendam as actividades basicas do nosso povo, sem preoccupações dos standards estrangeiros nem dos criterios de cultura com que entendemos educação secundaria.

A seguir a escola vocacional technica completará a formação dos quadros do trabalho economico do Estado.

É a propria philosophia do ensino secundario que é preciso alterar, afim de se modificar a attitude dos nossos jovens para com as carreiras de verdadeiros resultados economicos, industriaes, commeciaes ou agricolas.

Uma educação que não prepara para ganhar a vida é uma educação parcial e incompleta. O simples curso academico dos nossos gymnasios merece esse julgamento.

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O Gymnasio da Bahia, como dissemos, soffreu no quadriennio que findou uma radical remodelação material.

Durante o anno de 1926 foram ultimadas as obras do edificio principal que ficou optimamente apparelhado para o fim a que se destina e foram entregues para funccionamento o Pavilhão Satyro Dias, com tres espaçosas salas de aulas e o Pavilhão de Gymnastica.

Ultimou-se recentemente o pavilhão Carneiro Ribeiro, que se compõe de dois pavimentos, comportando sete salas de aulas, um auditorium para cerca de 500 pessôas e um gabinete para o estudo pratico de Cosmographia. Está tambem em vesperas de concluir-se um pavilhão para trabalhos de arte industrial.

A matricula do Gymnasio ascendeu, em 1927, a 624 alumnos, dos quaes 138 do sexo feminino.

O movimento dos ultimos quatro annos foi o seguinte:

1924 1925 1926 1927

Meninos ............... 280 301 397 486

Meninas ............... 84 83 105 138

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TOTAL…………… 364 404 502 624

O ensino tem marchado com regularidade e progresso. Ao lado da instrucção intellectual, tem os seus alumnos recebido educação physica e social, com o desenvolvimento dos jogos levado a effeito pelo seu actual esforçado e intelligente director, Dr. J. Ignacio Tosta Filho.

EDUCAÇÃO VOCACIONAL

Apezar do plano do ensino, na Bahia, comprehender os estabelecimentos da escola primaria superior, isto é, de ensino prevocacional e os estabelecimentos technicos propriamente ditos, a preocupação absorvente dos ultimos quatro annos de diffusão e coordenação do ensino primario elementar, não permitiu se levasse a effeito um plano de organisação do ensino technico-profissional.

A primeira escola primaria superior, onde funccionarão secções de ensino Commercial e Industrial, acaba de ser localizada, devendo ser inaugurada em fins de Março.

Urge a sua diffusão, no sentido que accentuamos no capitulo sobre ensino secundario desta exposição, assim como a installação de cursos vocacionaes femininos e masculinos pelos menos na Capital do Estado.

* * *

O ensino profissional a cargo de estabelecimentos particulares, auxiliados pelo Estado, teve, no quadriennio findo, um sensivel progresso.

O Lyceu Salesiano, cujo ensino profissional se desenvolve sempre, duplicou as suas installações materiaes, com a construcção avultada de mais de uma ala em seu grande edificio.

O Governo, autorizado por lei, subvencionou esta importante obra com 100:000$000, concorrendo, assim com efficiencia, para o ensino.

Elevadas ao dobro foram egualmente as subvenções ao Lyceu de Artes e Officios, que mantem secções profissionaes de trabalhos em madeira e ferro, ao Collegio dos Orphãos de S. Joaquim, estabelecimento de ensino technico primario, ao Centro Operario, que installou officinas de mechanica e marcenaria para o ensino profissional.

O actual systema de subvenções fixado pela lei 1819, de 31 de Julho de 1925, é um grande passo na applicação de uma medida que deverá produzir os melhores resultados.

Não devemos esquecer que o auxilio a collegios particulares de ensino é um meio economico e efficiente para a diffusão da instrucção.

As installações officiaes são sempre custosissimas.

O collegio particular, quando bem orientado, vivendo de recursos ás vezes parcos, segredo que os institutos publicos não conhecem, servido pela energia dos seus responsaveis immediatamente nelle interessados, póde ter numa subvenção por vezes modesta a verdadeira mola de uma substancia effectiva.

De sorte que a subvenção mantém com proveito mais um estabelecimento de ensino que não seria mantido pelo Estado sem grande dispendio.

A lei de subvenções, ao lado dessas vantagens, criou um regimen de rigorosa fiscalização por parte do Estado, o que permitte affirmar com segurança que os resultados serão os melhores.

Subvenciona-se o que merece e produz.

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O governo federal, pelo seu Ministerio da Agricultura, terminou a vasta construcção da rua de S. José de Cima, districto de Santo Antonio, onde se installou definitivamente, em predio especialmente levantado e adaptado, de accordo com as exigencias technicas, a Escola de Artifices do Estado da Bahia.

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EDUCAÇÃO AGRICOLA

A situação agricola é hoje ministrada, na Bahia, pelos patronatos agricolas federaes, um em Santo Amaro e outro em Barracão e pela Escola Agricola Estadual de S. Bento das Lages.

PATRONATO RIO BRANCO

A "Companhia Lavoura e Industria Reunidas", doou ao governo da União o grande palacio de Subahé, no municipio de Santo Amaro, e nelle o Ministerio da Agricultura fundou o patronato "Rio Branco", cuja inauguração, com pessoal escolhido e inteiramente novo com relação ao extincto "Aprendizado Agricola de Brotas", municipio de villa de S. Francisco, se verificou em 1926.

O palacio de Subahé está em optimo estado de conservação, tendo-se feito nas suas dependencias obra completa de remodelação luxuosa, notando-se soalhos envernizados, amplos salões e todos os serviços domesticos farta e convenientemente installados, havendo-se gasto, para isso, pouco menos de 200 contos de réis.

PATRONATO DE BARRACÃO

O governo federal, ainda por intermedio do Ministerio da Agricultura, acceitando a doação que lhe fez o Estado da Bahia, por autorização da lei 1.771, de 30 de Junho de 1925, baixou o decreto n.17.140, de 16 de Dezembro de 1925, mandando installar o patronato agricola da villa de Barracão, situação de grande utilidade para serviço dessa natureza, visto como abrange a região do nordeste bahiano e tambem fica proximo do territorio do Estado de Sergipe, na visinhança dos rios Itapicurú e Real.

Este estabelecimento foi installado, achando-se funccionando com plena regularidade e real proveito.

ESCOLA AGRICOLA

No intuito de completa reorganização da Escola Agricola, nos termos do art. 237 da Lei de Reforma do Ensino, a directoria do ensino profissional organizou um ante-projecto de regulamento, fazendo preceder a sua publicação, no "Diario Official", de 1º de Junho, da seguinte nota: "O Governo do Estado enviou ao Congresso Legislativo uma mensagem, solicitando a abertura do credito especial de oitocentos contos de réis (800:000$000), para inicio das projectadas obras no campo de Ondina, de modo a transformal-o num Parque Agricola de grandes dimensões, que será ao mesmo tempo um excellente logradouro publico, entrecortado de estradas de turismo e donde se descortina inagualavel panorama, e um campo de demonstração e cultura scientificas dos principaes productos economicos da Bahia.

Foi encarregado da execução de um ante-projecto, o conhecido architecto paysagista Arsene Puttemans, que já se desempenhara de trabalhos semelhantes para o Ministerio de Agricultura e para a Escola Agricola de Piracicaba.

Em companhia desse technico, do Dr. Gratulino Mello, do Director do Ensino Profissional e do deputado Spinola Teixeira, o Sr. Secretario da Agricultura, Industria, Commercio, Viação e Obras Publicas, já estivera visitando todos os edificios e dependencias do campo de Ondina, sendo nessa occasião o Dr. Puttemans incumbido de ampliar o seu primitivo esboço do Parque, de modo a ahi se installar tambem a Escola Agricola da Bahia, conforme pensamento do Dr. Góes Calmon, desde o inicio da administração de S. Exa.

Posteriormente, conforme noticiamos, o Sr. Governador do Estado percorreu o esplendido local em que se projectam construir pavilhões da Escola Agricola, havendo nessa occasião inspeccionado todas as installações de Ondina, de modo a ter do conjuncto uma idéa precisa. S. Exa. ordenou que se activassem os estudos destinados a tornar breve realidade esse almejado desideratum.

O plano definitivo do Parque Agricola, incluindo o predio principal da Escola, viveiros, galerias de machinas, estabulos, laboratorios e todas as demais dependencias que se exigem de um instituto moderno de ensino superior de agricultura e sciencias connexas, acompanhado de orçamentos minuciosos, foi entregue pelo Dr. Puttemmans, antes do seu embarque para o Rio de Janeiro, ao Dr. Nelson Spinola Teixeira, Secretario da Agricultura, que os estudou detidamente, approvando-os nas suas linhas geraes.

A situação topographica de S. Bento das Lages tem sido uma das causas mais serias das successivas crises por que vem atravessando ha muitos annos esse antigo estabelecimento de ensino, e dahi a sua diminuta frequencia, cada anno mais patente.

Já em 1903, o Barão de S. Francisco clamava contra o abandono da Escola fundada pelo Instituto Bahiano de Agricultura. Dahi para cá essa situação precaria se veiu accentuando sem embargo de um breve periodo de fulgor illusorio, graças a immensos gastos com a biblioteca e com custosos laboratorios e machinismos.

Alguns annos esteve o estabelecimento fechado, e, hoje, o seu estado é de crise permanente, motivada por causas irremoviveis, se a Escola continuar na sua actual localização.

As sciencias agricolas progridem rapidamente. As suas differentes modalidades, Physica Agricola, Chimica Agricola, Agricultura Especial, Zootechnia, alargaram bastante o seu campo de acção. É urgente a necessidade de se remodelar a actual seriação das materias, refundindo completamente os programmas.

Por outro lado como conseguirem-se professores de comprovada competencia, com conhecimentos especializados, que estejam dispostos a residir em logar tão pequeno como a Villa de S. Francisco, e apenas com os seus vencimentos?

Provado está, tambem, pelo parecer dos technicos, que os terrenos em S. Bento das Lages não se prestam em absoluto para certas demonstrações praticas, maximé as que dependem de machinas de campo, por extremamente accidentados, sempre varridos pelas enxurradas.

O proprio problema da frequencia apresenta-se insoluvel na actual circumstancia.

Por esses e outros relevantes motivos não se valeu antes o Governo da autorização que lhe facultou a lei 1.846, de 14 de Agosto de 1925, para regulamentar em bases modernas a velha Escola.

Vae realizal-o agora, após detido exame de todos os pontos principaes da materia e tendo em vista as recentes reformas das Escolas de Viçosa e Piracicaba.

E assim ganhará o Estado da Bahia um centro de estudos, pesquizas e demonstrações agricolas, em local perfeitamente apropriado, de facil accesso, sem os inconvenientes da Villa de S. Francisco, sem duvida mal situada em relação ás nossas zonas productoras - e com terrenos de primeira qualidade.

A Directoria do Ensino Profissional organizou um projecto de regulamento que em outro logar publicamos.

Todos os agronomos e engenheiros, em particular os actuaes professores de S. Bento das Lages, assim como quaesquer technicos ou não, com estudos especiaes sobre o assumpto ficam desde já convidados a collaborar nessa grandiosa iniciativa, enviando as suas suggestões, por escripto, com clareza, para a

Directoria do Ensino Profissional, que procurará leval-as em consideração ao organizar em tempo opportuno, o regulamento definitivo, pelo qual se regerá a Escola Agricola da Bahia, do anno vindouro em diante.

Na sessão ordinaria da Camara dos Deputados, de 8 de Junho, foi lida a seguinte mensagem do Exmo. Sr. Secretario da Agricultura, Industria, Commercio, Viação e Obras Publicas:

"Illustrissimos e Excellentissimos Senhores Membros da Assembléa Geral Legislativa.

Constituindo desde o inicio deste quatriennio uma das preoccupações do Governo a reorganização e reforma do ensino Agricola da Bahia nos moldes das escolas de Piracicaba e Viçosa, no intuito de apparelhar o Estado em sua missão de dar estimulo e prestar assistencia ao cultivo das nossas terras pelo ensino de uma technica agricola capaz de orientar com segurança os agricultores bahianos e tendo, neste sentido, depois de detalhado e minucioso estudo resolvido a transferencia para os arredores desta Capital da Escola Agricola de S. Bento das Lages e em accordo com esta solução adquirido os terrenos da antiga fazenda Areia Preta e mandado elaborar por profissional extrangeiro os projectos definitivos do edificio da Escola Agricola com grande parque de experimentação e demonstração e uma fazenda modelo annexos, venho solicitar a vossa autorização para abertura de um credito especial de 800:000$000, afim de prover o Executivo dos meios necessarios á realização desta obra de bem publico. - (A) Francisco Marques de Góes Calmon."

Secretaria da Agricultura, Industria, Commercio, Viação e Obras Publicas.

Bahia, 25 de Maio de 1927.

Exmo. Sr. Dr. Secretario da Agricultura, Industria, Commercio, Viação e Obras Publicas.

Não é extranho a todos quantos se interessam pelas cousas agricolas do nosso Estado, que a Escola Agricola, situada na Villa de S. Francisco, não tem realizado a missão que, por certo, lhe haviam idealizado os seus fundadores, de ser o centro de onde se irradiassem continuamente, por toda a Bahia, os ensinamentos fecundos da agricultura e Zootechnia modernas. Ignoram-se pesquizas ou observações partidas dos laboratorios e dos campos de S. Bento das Lages, a não ser num breve periodo de actividade quasi esquecido. Ignoram-se, por consequencia, quaesquer beneficios directos ou indirectos advindos para os lavradores e creadores do Estado da manutenção desse estabelecimento de ensino.

Causas diversas influiram para que se viessem mantendo esse estado de crise permanente, todas ellas sem duvida provenientes do erro basico de sua installação, ha longos annos, por instituição particular, em terrenos improprios e de pessima localisação.

Com effeito, a situação geographica de S. Bento das Lages não convida creadores ou fazendeiros a irem lá procurar nos seus gahinetes ou campos de experiencias, a resolução dos problemas relacionados com os seus interesses pastoris e agricolas. Não estimula tambem a escolha das figuras do seu corpo docente e nem constitue centros de attracção de estudantes. Não valem portanto reiterados esforços do Governo para melhor dotar a Escola de todos os elementos capazes de lhe assegurar sensivel modificação, no seu estado actual de estagnação.

Por outro lado faz-se preciso remodelar quasi por completo a seriação das materias que compõem os programmas desse estabelecimento, os quaes, perante os conhecimentos, cada dia mais latos da Agricultura e Zootechnica e sciencias connexas, não evoluiram. É urgente crearem-se algumas cadeiras e desdobrarem-se outras para que esses estudos na Bahia acompanhem o progresso hodierno, a que não podemos ser indifferentes, porque na terra estará sempre a nossa maior riqueza, della auferiremos as nossas maiores rendas. E as terras de S. Bento das Lages, ora cobertas pelas aguas do rio, ora fortemente varridas pelas chuvas, porque se acham nas encostas de morros pedregosos e accidentados, não representam a media dos terrenos do Estado da Bahia. E as terras da Bahia, de tão fecundas, affirmou o sabio Arthur Neiva, produzem tudo quanto no Brasil floresce, excepto a herva-mate.

O Governo estudou com carinho uma solução para tão relevante assumpto e julga tel-a encontrado. Submette-a por isso, segura de que presta um grande bem á Bahia, á douta consideração dos senhores membros do Congresso.

Trata-se da mudança da Escola Agricola, da Villa de São Francisco para o esplendido proprio do Estado, que é a antiga fazenda da Areia Preta, em Ondina, no municipio de São Salvador.

Excusado é encarecer as excellencias da projectada localização. Nem se objecte que essa transferencia para a Capital é um erro, porque diversas são as condições das differentes zonas productoras da Bahia. O que se tem em vista por ora é centralizar os estudos superiores geraes e especializados, pertinentes á Agricultura e á Zootechnica, para num futuro proximo estabelecerem-se escolas medias de capatazes ruraes por todo o Estado.

O edificio e dependencias da Escola Agricola ficarão situados em meio a um Parque Agricola, que será, ao mesmo tempo que uma fazenda modelo de utilidade para os interessados que a buscarem, um logradouro publico entrecortado de estradas e um admiravel ponto de turismo em plena Capital. (a) Archimedes Pereira Guimarães, Director do Ensino Profissional."

Em 31 de Julho, foi, depois de sanccionada, publicada a Lei n. 2.004, de 29 do mesmo mez:

"O Governador do Estado da Bahia:

Faço saber que a Assembleia Geral Legislativa decreta e eu sancciono a lei seguinte:

Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a abrir o credito especial de oitocentos contos de réis (800:000$000), para occorrer ás despezas com a transferencia da Escola Agricola de S. Bento das Lages, para a fazenda Areia Preta, no municipio desta Capital, incluidas as da construcção de edificios para escolas, um grande parque de experimentação e demonstração e a creação de uma Fazenda Modelo, annexos á mesma.

Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrario.

Palacio do Governo do Estado da Bahia, 29 de Julho de 1927. - (assigs.) Francisco Marques de Góes Calmon - Nelson Spinola Teixeira".

Em 20 de Agosto, o "Diario Official" publicou o seguinte Decreto n. 5.126, de 19 de Agosto de 1927:

"O Governador do Estado da Bahia, usando da autorização contida na lei n. 2004, de 29 de Julho de 1927:

Decreta:

Art. unico. - É aberto á Secretaria da Agricultura, Industria, Commercio, Viação e Obras Publicas, o credito especial de oitocentos contos de réis (800:000$000), para ocorrer ás despezas com a transferencia da Escola Agricola de S. Bento das Lages, para a fazenda Areia Preta, nesta Capital, incluidas as da construcção de edificios para escolas, um grande parque de experimentação e demonstração e a creação de uma Fazenda Modelo annexos á mesma.

Palacio do Governo do Estado da Bahia, 19 de Agosto de 1927. - (assigs.) Francisco Marques de Góes Calmon - Nelson Spinola Teixeira."

Está, pois o Governo habilitado com os devidos meios legaes para a transferencia e reorganização da Escola Agricola da Bahia.

É de desejar que a reorganização faça incluir entre as actividades desse estabelecimento educativo, as das inspectorias agricolas, que serão o serviço de extensão ou de educação adulta da Escola de Agricultura e os de pesquizas, hoje confiados a Gabinetes e Campos de Experimentação.

A escola de Agricultura com as suas funcções de ensino e de pesquizas e o serviço de extensão ou educação agricola adulta, ganhará outra efficiencia e exercerá effectivamente a funcção scientifica e educadora que deve caber ao estabelecimento superior da Agricultura do Estado.

INSTALLAÇÃO MATERIAL

PREDIO ESCOLAR

O quadrienio a findar deparou em 1914, com a situação geral do ensino que apresentamos no inicio dessa exposição: ao lado da reorganisação do serviço responsabilidade de construir predios escolares para todo o Estado.

Havia, em 1914, 6 predios escolares estaduaes, cinco dos quaes para dois professores e um delles para um grupo escolar de oito classes.

Em alguns pontos do Estado, havia um ou outro predio municipal, approximadamente adaptado a condições escolares.

O actual systema escolar conta unidades escolares em cerca de 1200 localidades.

Devia, pois, possuir numero identico de predios se por acaso fosse possivel a construcção de um unico edificio para servir a todas as crianças da localidade.

De facto, a actual necessidade é muito maior, elevando-se a mais de 1200 predios, attendendo á Capital e a cidades populosas do Estado.

E como o problema é de urgencia indiscutivel, deviamos assumir comnosco mesmos o compromisso de dar á Bahia, dentro de uma geração, os predios necessarios ás suas escolas.

A primeira solução que ocorre, a solução normal seria a seguinte: fixar o typo de predio, a sua amplitude, as suas necessidades, etc.: calcular o seu periodo de duração; e lançar um emprestimo, amortisavel dentro daquelle periodo de serviço do edificio, para a construcção generalizada da casa escolar.

O custeio da parte permanente do serviço de ensino, seria, assim, equitativamente distribuido, por todos que della iam receber beneficio.

As condições economicas do nosso meio, tornam, porem, difficillimos, sinão impossiveis taes emprestimos internos.

Por outro lado, porem, qualquer outro processo torna a construcção do predio esccolar excessivamente pezado para os orçamentos ordinarios, e dahi a eterna delonga em satisfazer essa suprema necessidade de um systema escolar em Estado, como o da Bahia, de progresso nascente e de rendas ainda diminutas.

A solução só poderia ser achada no emprestimo externo, divididas as responsabilidades de sua amortização entre o Estado e as Municipalidades, na base do dispendido com os respectivos predios.

A tarefa, entretanto, de restauração das finanças e credito do Estado, era ponto tão esencial da administração actual, que a solução aventada não podia ser immediatamente acolhida.

Agora, seguro o credito publico e solidas as finanças estaduaes, é possivel que essa proposta ganhe opportunidade e viabilidade.

Cumpre, no emtanto, declarar que o Governo, apezar dos multiplos problemas que o assediavam, poude curar da questão do predio escolar, organizando um plano de construcção geral, em cooperação com as municipalidades, que sob varios aspectos é de uma aconselhavel praticabilidade.

Instituiu-o a lei n. 1.898, de 4 de Agosto de 1926, nos seguintes termos:

"Art. 1º - Fica, o Poder Executivo autorizado a mandar construir, nos municipios do Estado, predios destinados ás escolas publicas, estações fiscaes, collectorias e cadeias publicas, mediante contractos celebrados com as respectivas Intendencias Municipaes.

Paragrapho unico. - Os Municipios se obrigarão a doar ao Estado os terrenos necessarios a taes construcções.

Art. 2º - As despesas com a execução desta lei correrão pela verba "Obras Publicas", abrindo o Governo creditos supplementares, quando fôr insufficiente a dotação orçamentaria.

Dentro nos termos da lei, o governo estadual tem concorrido com 40 contos para cada predio escolar, quantia correspondente a 2/3 ou talvez mais do custeio do edificio, calculado para cerca de 200 crianças.

Foram assignadas com as Municipalidades 28 contractos, iniciadas logo as respectivas construcções, tendo sido até agora inaugurados 11 e continuando em obras, aliás muito adiantadas, 17.

Na Capital do Estado, o Governo resolveu o problema do predio para o Gymnasio da Bahia, sobre cuja remodelação e construcções novas já fallamos.

Fez obras de reparos, por vezes, vultosos nos proprios municipaes, recentemente avocados, que aliás muito mediocremente se prestam (…), casas particulares que todas foram adaptadas para (…) escolares.

A situação, hoje com relação a predios escolares, assim se resume:

Predios estaduaes: 17 em funccionamento e 17 em construcção.

Predios municipaes avocados: 14.

PREDIOS ESCOLARES

EXISTENTES EM 1924

Municipaes avocados pelo Estado:

Na Capital:

E.E.R.R., dos Mares á Calçada do Bomfim

Grupo Escolar Rio Branco, na Penha

Escolas Victor Soares, á Ribeira (2 predios)

Escola n. 26, e Sant’Anna ao Tororó

No interior:

Condeúba

Ituassú

Amargosa

Monte Alegre

S. Gonçalo dos Campos

Bom Jesus dos Meiras

Feira de Sant’Anna (3 remodeladas em 1927)

Estaduaes existentes em 1924:

S. Felix

Nazareth

Santo Amaro

Cachoeira

Feira de Sant’Anna

S. Gonçalo dos Campos

Construidos neste quadriennio.

Inaugurados:

Catú

Barreiras

Santa Ignez

Serrinha

Camisão

Queimadas

Miguel Calmon

Morro do Chapéo

Santo Amaro de Jesus

Macahubas (doado pelo Dr. Vital Soares)

Baixa Grande (comprado pelo Estado)

Em adeantada construcção:

Affonso Penna

Areia

Cruz das Almas

Jaguaquara

Capivary

São Felippe

Itaberaba

Geremoabo

Bomfim

Cachoeira

Esplanada

Castro Alves

Conquista

Maragogipe

Jacobina

Caiteté

Minas do Rio de Contas.

MOBILIARIO ESCOLAR

Similar ao problema da casa para a escola, é o do seu mobiliario e apparelhamento adequado.

Por toda parte que tomemos o problema do ensino, na Bahia, logo avulta o singular descaso com que a administração publica feriu essa questão essencial do seu desenvolvimento.

O esforço dos ultimos quatro annos representa um sincero desejo de corrigir definitivamente tão desaconselhavel politica, que relegava a plano secundario o problema dos problemas bahianos.

Continuado que seja o mesmo indefeso empenho em vencer as difficuldades, a marcha do progresso escolar terá crescente desenvolvimento tornando positivas as esperanças de um serviço plenamente efficiente, em futuro proximo.

A situação quanto a mobiliario escolar é das mais inesperadas.

Por mais de quatorze annos, talvez, não cumpria o Estado com as suas responsabilidades para com os indispensaveis supprimentos de mobiliario e material escolar.

Sobrecarregado, assim, o ultimo quadriennio com as obrigações não cumpridas de varios governos que o antecederam, não era possivel satisfazer, de prompto, á formidavel necessidade de mobiliario escolar por que urgia o serviço de ensino. Fez o que foi humanamente possivel. Determinou que as officinas da penitenciaria construissem moveis escolares e fez, na America do Norte, uma encommenda de 3.600 carteiras, com o respectivo material didactico.

A compra de mobiliario escolar no estrangeiro, obtida a indispensavel isenção de impostos aduaneiros e processada a transacção sem intermediarios, como se fez com a encommenda bahiana, o que importou em uma reducção dos preços de cerca de 30%, de commissões que foram attribuidas ao Estado, em lograr de offerecidas a representantes, - é de toda a vantagem. Primeiro, garante-se uma qualidade que as pequenas fabricas nacionaes não podem offerecer.

As carteiras recebidas da America são de madeira e aço tubular, o que assegura uma resistencia prolongadissima, que as nacionaes fabricadas com ferro fundido, não podem garantir.

Segundo, as fabricas nacionaes dado o limitado fabrico não podem satisfazer as necessidades que sobresaltam o systema escolar bahiano, em atrazo dilatadissimo de supprimentos. Só os grandes stocks estrangeiros podem fornecer, com rapidez, a quantidade de mobiliario que necessitamos.

Terceiro, - garantida a isenção de impostos ha vantagem economica em comprar-se no estrangeiro, onde o preço é mais reduzido.

As carteiras duplas, compradas na America, custaram 58$100 (1) por unidade, emquanto as fabricas paulistas vendem producto inferior por 58$000.

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As actuaes necessidades quanto ao mobiliario escolar, podem ser estudadas á luz do quadro abaixo.

DEMONSTRATIVO DE CARTEIRAS NAS ESCOLAS PUBLICAS

DO ESTADO

 

Frequencia

Carteiras

Assentos

Alumnos

frequentes sem carteiras

Percentagem de alumnos sem carteiras

Capital ......

Interior ......

8.509

49.901

2.743

10.263

20.526

5.460

29.435

3.049

58,9

35,8

A situação é, pois, em suas linhas geraes a seguinte: para 79.884 crianças matriculadas nas escolas publicas existem approximadamente 13.006 carteiras.

Se reflectirmos, que aquellas 79.884 crianças matriculadas representam somente 20,54% da população escolar do Estado, veremos como é tremenda a situação do nosso systema escolar.

Cabe-nos a immediata responsabilidade de adquirir o mobiliario imprescindivelmente necessario, pelo menos, para as crianças que se acham presentemente matriculadas na escola publica.

MATERIAL DIDACTICO DISTRIBUIDO DURANTE O ANNO

DE 1926

LIVROS - AUTORES

Thesouro da Juventude (collecções) .....................................

Cartilha Analytica Mariano Oliveira .....................................

Livro de Leitura (Tomo I) - Erasmo Braga ..................................

Livro de Leitura (Tomo II) - Erasmo Braga ................................

Nossa Patria - Rocha Pombo .....................................................

Grammatica Elementar - Said’Ali ..............................................

Zoologia Popular - Dias Martins ................................................

Historia Natural (…) o Brasil e sua riqueza - Waldemiro Potsch.....

Vultos e Datas do Brasil - Prof. Alberto de Assis .......................

Cartas e Pensamentos - Prof. Roberto Correia ...........................

Mappas de Iniciação Geographica ............................................

Mappas de Systema Metrico Decimal .......................................

Mappas do Brasil e do Estado da Bahia, de Mineralogia,

de Estudos de Zoologia .....................................................

Livros de Matrículas e Termos e de Assiduidade ....................

Regulamentos ..........................................................................

Programmas..............................................................................

10

3.000

3.000

3.000

3.000

3.000

1.000

2.500

200

300

500

500

 

1.400

600

1.500

1.00

-----------24.500

-----------

MATERIAL DIDACTICO DISTRIBUIDO DURANTE O ANNO
DE 1927

LIVROS - AUTORES

Livro II de Erasmo Braga .........................................................

Livro I de Erasmo Braga ..........................................................

Cartilha Analytica de Mariano de Oliveira ................................

Nossa Patria de Rocha Pombo ................................................

Grammatica elementar de Said Ali ..........................................

Historia da Bahia de Pedro Calmon .........................................

Licções de Pedagogia Moderna de Miguel Calmon .................

Historia Natural de Waldomiro Potsch .....................................

Regulamentos ....................................................................... ..

Programmas ...........................................................................

Independencia da Bahia .........................................................

Methodos Americanos ............................................................

Biologia Popular ...................................................................

Livros da Infancia ..................................................................

Cidade do Salvador ...............................................................

Abilio Cesar Borges ...............................................................

Batalha de Pirajá ...................................................................

Cartas e Pensamentos ..........................................................

Monographia da Crase ..........................................................

Pedro de Alcantara ...............................................................

Artes na Bahia ......................................................................

Palestras do Dr. Herbert Parentes Fortes ...............................

A Bahia a Carlos Gomes ......................................................

Armas Floridas .....................................................................

Desenho e Pintura ................................................................

Vultos e Datas ......................................................................

Mappas da Bahia ..................................................................1.813

1.780

1.553

1.456

1.321

966

911

874

711

691

516

490

463

420

164

135

116

147

99

88

86

66

63

48

45

35

-----------

15.063

560

-----------

Mappas de Iniciação Geographica .........................................

Mappas do Systema Metrico .................................................

Mappas Agricolas .................................................................

Atlas do Brasil ......................................................................

Mappas de Historia Natural ...................................................

380

273

191

144

66

----------

1.614

----------

Boletins de alumnos .............................................................

Boletins de matricula ............................................................

Boletins de promoção ...........................................................

Diplomas ..............................................................................

Mappas semestres ...............................................................

Livros de Matricula ...............................................................

Thesouro da Juventude em 18 volumes (1 colleção).

33.210

28.323

9.019

6.260

1.132

212

MOBILIARIO DISTRIBUIDO PELAS ESCOLAS
EM 1924

Na Capital:

38 carteiras

24 bancos

9 mesas

No interior:

237 carteiras

15 bancos

1 secretaria

1 cadeira.

EM 1925

No interior:

20 carteiras

20 bancos

10 mesas

2 secretarias

2 cadeiras.

EM 1926

Na Capital:

19 carteiras

20 cadeiras

10 divans

12 secretarias

20 filtros

1 quadro negro

1 armario.

No interior:

10 carteiras

3 bancos.

MATERIAL DIDACTICO DISTRIBUIDO DURANTE O ANNO

DE 1927

Carteiras nacionaes .........................

Carteiras americanas duplas ...........

Carteiras americanas isoladas .........

 

1.994

989

--------

602

 

2.983

---------

3.585

---------

Sendo para:

Capital:

Carteiras nacionaes .........................

Carteiras americanas duplas ...........

Carteiras americanas isoladas .........

 

634

219

--------

178

 

853

---------

1.031

---------

Interior:

Carteiras nacionaes .........................

Carteiras americanas duplas ...........

Carteiras americanas isoladas .........

 

1.360

770

--------

424

 

2.130

---------

2.554

---------

3.585

-------

FINANÇA ESCOLAR

Estão accentuados, embora ligeiramente, neste relatorio os differentes problemas e difficuldades da organização escolar, na Bahia.

A solução de todos elles só poderá ser comprehendida, si fôr resolvida com a devida coragem o primeiro problema escolar, que é o de suas finanças.

Não cabem aqui criticas aos nossos systemas de taxação.

O quadriennio que agora finda tambem se salientou por ter encarado esse problema e ter resolvido dar uma base mais razoavel ao nosso systema tributario, criando o imposto territorial.

A falta de educação do contribuinte difficulta, porém, qualquer reforma, que não poderá ser levada a effeito, por mais justificavel que seja, sem uma longa e penosa campanha publica.

Urge, porém, uma modificação radical no plano de financiamento do serviço escolar publico.

Esse serviço accarreta despezas immensas e, em uma organização democratica, só é possivel educação universal, si o publico pagar e pagar generosamente as despezas com a escola.

Nos Estados Unidos, nunca menos de 2/3 da renda local é attribuida ao serviço de instrucção. Os impostos obedecem, cada anno ao augmento das despezas escolares e ao lado dos impostos um movimento continuo de emprestimos permitte o crescente desenvolvimento do ensino.

Criou-se, porém, alli uma consciencia nacional da pre-eminencia das despezas com a escola, sobre quaesquer outros gastos; e é, sem duvida, um dos traços da nacionalidade americana o seu enthusiasmo e a sua devoção pela educação.

Paiz servido, desde o principio, por estadistas lucidos e verdadeiros, a questão da educação popular, que é, acima de tudo, um problema para homens de estado, - foi sempre considerada a questão primeira da nacionalidade.

Entre nós, uma concepção aristocratica de educação sempre nos desviou de uma nitida comprehensão da importancia do problema educativo.

É necessario refazer a obra dessa já alentada tradição e criar, em nosso povo, o enthusiasmo pelas cousas de educação, enthusiasmo que se vem fatalmente a reflectir na generosidade das contribuições tributarias.

A campanha, porém, preliminar que se tem a fazer para obter taes resultados é a de melhoramento da actual escola publica.

É preciso que a escola publica venha mostrar ao povo o que pode fazer por elle. É preciso que seja efficiente, que tenha edificios condignos, que seja devidamente apparelhada, que possua um corpo exemplar de professores e que dê educação util, sã e adaptada ao nosso meio.

Com uma bôa escola publica, acredito que teremos o bom imposto.

Logo, o que urge fazer, antes de uma reforma de taxação, antes da criação do fundo escolar, antes das taxas especiaes para o serviço de instrucção, o que urge fazer com a propria receita ordinaria, é melhorar a escola, tornal-a digna e tornal-a efficiente.

Ora, póde a receita ordinaria arcar com despeza superior á actual, para não somente custear o serviço, mas ainda emprehender um grande movimento de apparelhamento condigno do systema escolar?

As despezas orçadas para a instrucção, no orçamento de 1928, se elevam a 9400 contos sem nenhuma verba que permitta o aperfeiçoamento do serviço, uma vez que não se consignaram as despezas para o apparelhamento do systema escolar, cujas deficiencias estudamos atraz e há apenas 60 contos para as despezas de acquisição de livros e material didactico.

Considerando que a quota de contribuição municipal está calculada em 4.000 contos, temos que a despeza estadual é, apenas, de 5.400 contos de réis, isto é, menos da decima parte da receita geral.

Convem recordar as despezas dos annos anteriores, depois da avocação do ensino municipal:

Despesa realizada Contr. munic. Contr. est.

1926 ......................

6.185:055$323

7.690:728$370

1.598:939$115

2.280:217$832

4.580:116$108

5.410:510$438

Despesa orçada

1928 ......................5.400:000$000

Desde que se encaminha para uma regularidade crescente a contribuição municipal da sexta parte de sua renda, impõe-se mais larga dotação por conta do Estado, exactamente para continuar a generosa politica do actual quadriennio, iniciada em 1926, quando elevou a despeza estadual com o ensino de dois mil e seiscentos contos, (1924 e 1925) a quatro mil e quinhentos contos (1926).

Vimos, porém, quando consideramos as questões do apparelhamento da escola bahiana, que os problemas do predio escolar e do seu mobiliario foram problemas por tão dilatado tempo descurados, que estão a impôr uma solução que os recursos ordinarios do orçamento não comportam.

Ora, o estudo que procedemos com o nosso cotejo entre a despeza realizada e a despeza orçada no serviço de ensino, revelou um constante saldo de credito, saldo que oscillou, nos ultimos quatro annos de 559:496$410 a 2.373:801$044, importando em um total de 5.130:192$822, inclusive o anno de 1927.

Não tendo havido decrescimo de rendas que attingisse a previsão geral da receita, é claro que o Estado poderia despender aquellas importancias no serviço escolar.

Foram circumstancias especiaes e sobretudo não provimento de escolas localizadas, por falta de professores, que determinaram aquelles saldos.

Duas medidas differentes se poderiam tomar, a vista dessas considerações.

A primeira seria solicitar auctorização legislativa de applicar os saldos das verbas com o ensino, sempre que os houvesse, em melhoramentos no serviço escolar, especialmente construcção de predios e acquisição de material escolar.

A segunda seria a providencia extraordinaria de arcar o Estado, por um determinado espaço de tempo com a despeza ordinaria do serviço e affectar toda contribuição municipal, correspondente á sexta parte de sua renda, ao apparelhamento da escola publica, isto é, á construcção de predios escolares e acquisição de mobiliario e material didactico.

Dado o crescimento progressivo do systema escolar e as responsabilidades do Estado, provenientes da unificação do serviço, tal solução não somente seria proveitosa para o ensino e justificavel para o Estado, como seria recebida com legitima satisfação pelos municipios, que teriam as suas contribuições para o ensino applicadas integralmente em suas localidades.

Tendo em vista que a despeza orçada não corresponde, devido á impossibilidade de provimento de todos os logares do professorado, á despeza realizada, o augmento de despezas para o Estado não seria de modo algum superior ás suas forças.

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Como solução immediata, necessaria para o melhoramento rapido do systema escolar, meio preliminar para uma nitida comprehensão publica da importancia e das vantagens do serviço de ensino, - a medida que aventamos será de optimos e obvios resultados.

Estaremos, porém, com isto, longe de termos cuidado com previsão das fontes necessarias de receita para a escola publica.

Para que um dia possamos ter povo educado, productivo e feliz, precisamos possuir uma escola publica que seja não somente digna e efficiente, mas ainda, abastada.

Um povo moderno se caracteriza pela sua dedicação a esses serviços essenciaes de civilização e progresso. Sempre que haja a comprehensão da preeminencia de um serviço, o povo não lhe regateia recursos.

Vejam-se as igrejas do mundo. Vejam-se as igrejas da Bahia.

Porque despejava o povo as sua riquezas e até as suas pobrezas para construir esses prodigios de sumptuosidade que são os templos bahianos?

Porque uma nitida consciencia religiosa fez com que o nosso povo julgasse que a casa de Deus devia ser grande e rica.

A campanha de hoje é pela escola.

A escola do povo, como a casa de Deus, deve ser, tambem, grande e rica. E para isto, não devemos medir esforços.

Ao lado do que a receita ordinaria poder contribuir para o serviço de educação, criemos, com prudencia e segurança, uma receita especial de applicação obrigatoria para a educação publica.

Essa receita se expandirá á medida que se fôr expandindo a comprehensão publica da necessidade e do valor da educação.

Não será experiencia nova. Varios outros Estados da federação já possuem legislação a respeito.

Minas Gerais e o Districto Federal acabam de criar o fundo escolar.

E do fundo escolar, dessa receita especial é que ha de vir para a Bahia, a abastança necessaria para se cuidar proficientemente da educação universal do nosso povo.

E á medida que o systema escolar fôr crescendo e attingindo o maior numero de bahianos, tambem irão crescendo as possibilidades tributarias do povo, cujo valor productivo se multiplica e cuja consciencia civica se amplia e se alarga.

ENSINO PARTICULAR

Justamente, porque o systema escolar publico não se tem desenvolvido proporcionalmente ás necessidades educativas do nosso meio, o ensino particular tem meldrado, entre nós, com visivel florescimento.

Não só o ensino ministrado á sombra de instituições religiosas, como toda sorte de aventura educativa privada, explorada como meio commercial.

A actual lei do ensino julgou do seu dever regulamentar a questão do ensino particular, dando ao Governo meios para fiscalizar e exercer uma alta vigilancia sobre os collegios particulares.

Já não é materia para discussão que o serviço educativo é um problema, de sua natureza, publico, não só devido ás consequencias que delle decorrem, como ainda porque, dada a sua extensão e o seu custo, só o Estado póde arcar com as suas responsabilidades.

Dentre as escolas particulares do Estado, podem-se distinguir as mantidas e instituidas á sombra da religião, com finalidade missionaria e cujas condições materiaes são, por vezes, bôas. É de notar, além disto, que, em virtude, do caracter das instituições que as mantem, percorre-as um optimo espirito, quasi todas offerecendo uma bôa educação, não só no que refere ao material de instrucção, como na formação geral da personalidade.

Mas, por isto mesmo que muitas dellas são mantidas e dirigidas por estrangeiros, torna-se facil desviar-se o seu sentido da nacionalidade.

A lei, previdente, fornece os elementos necessarios para obrigar a uma educação que ministre os elementos essenciaes de formação nitidamente nacional.

Fóra desses institutos, mantidos sob os auspicios da Igreja, surgiram muitos outros custeados pela exclusiva iniciativa particular. Tendo, salvo honrosas excepções, o lucro por finalidade, taes escolas difficilmente podem corresponder ás suas responsabilidades. Raramente tem predio proprio, as condições technicas e hygienicas deixam a desejar, as classes são numerosissimas, o professorado é ridicularmente remunerado, emfim não podem offerecer sinão más opportunidades educativas.

O seu actual successo origina-se tão sómente, da deficiencia do systema escolar publico.

Si attentarmos que além das responsabilidades publicas por um serviço de educação que é o serviço de formação nacional, deve ainda caber ao Estado, em paiz de pequena experiencia social como o nosso, a obrigação de assistir ao povo no julgamento dos productos educativos que lhe quizerem vender, veremos como é razoavel a attribuição conferida actualmente ao Governo de autorizar a abertura de escolas particulares.

A politica com o ensino particular, deve ser a de permitir, prestigiar e até amparar as instituições particulares que forem julgadas em bôas condições de apparelhamento material e hygienico e de professorado, e de impedir a abertura de collegios ou escolas que não satisfaçam essas condições pedagogicas.

E essa tem sido a orientação do governo, que subvenciona innumeros estabelecimentos particulares do ensino, que prestam serviços reaes á causa da educação e, mais do que isto, tem equiparado alguns delles aos institutos officiaes, dando aos seus diplomas valor identico ao dos estabelecimentos publicos.

Desde que ao lado dessa politica liberal, mantenha o Governo o seu poder de fiscalização e contrôle, não ha como negar que, por esse meio, se póde obter uma valiosa e economica cooperação na diffusão de facilidades educativas no Estado.

Acham-se registrados na Directoria Geral de Instrucção, 249 estabelecimentos de ensino, sendo 124 na Capital e 125 no Interior do Estado.

Em 1926, eram apenas 211.

ESCOLAS REGISTRADAS NA DIRECTORIA DA INSTRUCÇÃO

Capital Interior Total

1927 1927 1926


Primarias....................
Secundarias...............
Vocacionaes .............

133

14

12

121

8

2

254 (1)

22

14

191

16

4

DIRECTORIA GERAL DE INSTRUCÇÃO
ADMINISTRAÇÃO

A experiencia desses quatro annos veiu confirmar que uma administração fortemente centralizada do systema escolar é, por emquanto, não somente desejavel, mas necessaria ao Estado.

O crescimento do systema escolar não foi somente devido á administração, mas essa foi para elle um factor predominante.

O facto de estar todo o serviço de instrucção sob a superintendencia e suprema direcção do Governador do Estado, empresta-lhe segurança e prestigio, tornando possivel a realização de medidas geraes e um progresso uniforme e ordenado do serviço.

Por outro lado, uma unica directoria geral de ensino, cuidando da parte technica do systema escolar, da sua adaptação ao meio e do desenvolvimento dos processos escolares, em um Estado sem tradições educativas, com um problema de ensino em principio de solução, constitue um elemento, direi imprescindivel, do acerto da unidade e da ordem do desenvolvimento do systema escolar.

Os dois annos de execução da lei do ensino confirmam a necessidade da centralização, por agora e talvez por muito tempo ainda.

Está, porém, é força dizel-o, com um quadro deficientissimo a actual repartição central do serviço de ensino.

Deficiente quanto á parte technica e deficiente quanto á parte administrativa.

O que a directoria de instrucção tem feito é muito, si attentarmos na limitação de funccionarios e no esmagador movimento de papeis, que o grande augmento de serviço veiu trazer.

A centralização do systema escolar bahiano se procedeu com a avocação de todos os serviços municipaes de ensino. Só o serviço da Capital, occupava uma repartição central no municipio, equivalente á directoria de instrucção.

Ora, todo esse trabalho está sendo levado a effeito pelo seguinte grupo de funccionarios:

1 Director

2 Directores de Secção

3 Primeiros Officiaes

4 Segundos Officiaes

3 Terceiros Officiaes

3 Amanuenses

2 Dactylographos.

Isto se consegue a custa de uma actividade, em que o lado humano da administração está sendo flagrantemente esquecido.

Não é possivel exigir de um corpo de funccionarios tão reduzido o serviço que lhe foi posto ás costas.

Testemunha que fui disto, designei alguns professores para servir na Directoria de Instrução, afim de levar a effeito serviços basicos provenientes da avocação do ensino municipal, entre os quaes sobresaiam o da escripturação escolar, tremendamente augmentada, e o de estatistica, que iria manter os chefes de serviço em condições de conhecimento da marcha do ensino e permittir-lhes agir com intelligencia e ordem.

Esses professores foram dispensados dessas commissões em Julho de 1927, voltando o serviço da instrucção á sua absorvente responsabilidade de ordenar e encaminhar a marcha de mais de 12.000 processados, que a tanto subiu o movimento do anno findo.

A situação é absolutamente insustentavel e o que se está conseguindo, se faz, graças á dedicação ao serviço de alguns funccionarios que não cuidam de horas de trabalho, nem da hora em que o mesmo se exige, entrando varias vezes a actividade da repartição pela noite a dentro.

Urge uma reorganização da directoria geral, sob pena de não ser possivel:

a) verdadeira orientação technica e scientifica do serviço;

b) ordem e velocidade no trabalho burocratico.

Essa reorganização, porém, deve ser feita com o criterio sincero, de dar elementos sufficientes e adequados para a directoria resolver os problemas de organização escolar que se lhe antepõem, na Bahia; proceder a estudos e investigações necessarias: montar um serviço perfeito de estatistica e levar avante o seu irremovivel movimento burocratico sem prejuizo da parte technica essencial do serviço.

Já dissemos, em outra parte, como é hoje avultada a parte technica e scientifica de uma adiantada administração escolar.

A questão das medidas dos resultados escolares e do progresso dos alumnos, sem o que toda tentativa de melhoramento qualitativo da instrucção, na Bahia, se fará no ar; o problema da organização do curriculum escolar, envolvendo as complexas questões de ajustamento da escola á criança e ao meio social; os problemas da formação de professores, hoje completamente especializada; os problemas da inspecção escolar; todos os demais problemas de educação secundaria, educação vocacional, educação agricola, exigem que os serviços de educação tenham seu corpo de technicos, como os tem hoje, no Brazil, os serviços sanitarios.

Ao lado dessa parte technica, o vulto do movimento burocratico dado o seu numero de empregados e professores em todo Estado, que não é excedido por nenhuma outra repartição, nem mesmo pelo Thesouro; as difficuldades de uma complexa escripta escolar de alumnos e professores; o serviço do recenseamento escolar a que é, por lei, obrigada a organização effectiva da estatistica escolar, - impõem augmento sensivel do quadro de funccionarios permanentes e a possibilidade de ampliação provisoria desses quadros em momentos de affluxo maior de serviço, como o do periodo de encerramento ou abertura das escolas, com as questões de exames, de mappas annuaes, de concursos, etc.

Em Abril de 1927 fui, por lei, commissionado na America no Norte, para estudos de organização escolar.

Dessa viagem, apresentei no meu regresso, em Novembro de 1927, relatorio, que já se acha em publicação.

Esteve na direcção geral, durante o meu impedimento, o director do ensino primario Dr. Jayme Junqueira Ayres, secundado pelo Dr. Archimedes Pereira Guimarães, director da secção do ensino profissional, e pelo Dr. Joaquim Faria Góes Filho, director do expediente e contabilidade.

Em plena phase de execução da reforma, a dedicação e a intelligencia do meu substituto e seus auxiliares, não mediram esforços, dahi resultando o exito e a consolidação do progresso escolar tão accentuado neste ultimo anno.

CONFERENCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Realizou-se em Dezembro, no Paraná, a Conferencia Nacional de Educação. E convidada a Bahia a se fazer representar, foi designado o Dr. Junqueira Ayres para essa commissão.

A Conferencia Nacional de Educação reunida em Curityba é a primeira da serie de congressos nacionaes que se realizarão todo anno em outras Capitaes do Brasil.

Todo o paiz se interessa vivamente por ellas.

Cuidando do ensino primario, secundario, profissional e superior, nellas se quer fazer a revisão dos systemas e methodos de educação no Brasil, com a collaboração de todos aquelles que no paiz se interessam por esse grave assumpto.

Será uma grande verdade dizer que esse movimento em que todo o Brasil toma parte, nasce da propria consciencia nacional.

Pratica-se, nessas Conferencias, uma verdadeira lição de Democracia. A educação do povo, principalmente no que tange á instrucção primaria, é assumpto da competencia dos Estados, como realização. Mas a sua finalidade, o seu espirito, o plano geral a se lhe traçar é assumpto eminentemente nacional.

Não pode legislar sobre elle a União. Mas as necessidades do momento já não comportam no Brasil as soluções parciaes do problema nos Estados, em uma finalidade que não seja brasileira, sem uma directriz que não seja nacional.

Essas Conferencias são os verdadeiros Congressos nacionaes no assumpto. Ellas devem fixar os pontos principaes da orientação educacional brasileira jure constituendo, constituindo um Direito, um complexo de normas exequiveis no momento.

Sobre outro aspecto, menos importante, porem não menos valioso, essas Conferencias trabalharão como um corpo de technicos elucidado e ventilando todos os problemas de educação que forem apresentados, desde os nimiamente escolares, até os sociaes; incentivando o estudo e o interesse de todos pelas nossas questões educacionaes, pondo em fóco, ante os olhos de toda a Nação, os seus problemas e os seus assumptos, trazendo um movimento de attenção geral para elles.

OS RESULTADOS DA CONFERENCIA

Convencido disso, enviou o Governo bahiano á Conferencia de Curityba o Director da Secção do Estado Primario, Bacharel Jayme Junqueira Ayres.

Segundo Secretario da Conferencia, membro de uma das commissões de julgamento de theses, apresentou o representante bahiano uma memoria sobre a situação do ensino primario na Bahia enriquecida de graphicos e demonstrativos.

Relatada em plenario, foi proposta uma moção de especial louvor á Bahia, pela obra de ensino realizada, votada unanimente, ficando assentado que, nas futuras Conferencias tragam os representantes de todos os Estados memorias como a apresentada, para mais detido e seguro exame das realizações da instrucção publica no Brasil.

BASES PARA UM PLANO NACIONAL DE ENSINO PRIMARIO

Uma das theses officiaes da Conferencia Nacional de Educação foi a uniformização do Ensino Primario no Brasil respeitada a liberdade de programmas.

Era, sem duvida, o assumpto principal da Conferencia. O ensino no Brasil necessita de uma directriz nacional. Isso, entretanto, não importa em desconhecer que a forma, a organização escolar devem variar de Estado a Estado, de lugar a lugar, conforme as diversidades de zonas. Criar para todo o Brasil modelos rigidos de escolas, será traçar um plano inexequivel.

A idéa de uniformização de ensino adoptada como these official havia que soffrer restricções, ou, pelo menos, uma prudente e segura interpretação.

A uniformização do ensino, no seu sentido literal e absoluto, seria um retrocesso, implicaria no desconhecimento da situação brasileira. A necessidade que se impõe é de uma unidade no espirito do ensino primario, na sua orientação.

A finalidade da escola é a efficiencia social do individuo e, por meio della, a efficiencia nacional.

Levava essas instrucções o representante da Bahia.

Foi, de logo, abordado o assumpto da Conferencia.

Relator de uma these que versava o assumpto, o delegado bahiano, em seu parecer, consubstanciou idéas basicas em torno delle, tentando dar um perfil á questão da uniformização, que poderia ser indefinida. Partia da idéa de que a finalidade da escola deve ser a immediata efficiencia social do individuo. Num paiz de população pouco densa, com poucos braços para a obra de construcção social, o individuo ha que ser formado immediatamente para a vida. Por se ter entendido o contrario resultaram os programmas encyclopedicos, o professor sem a noção segura da sua missão, o serviço de ensino empyrico, e a escola vivendo sem expressão, sustentada por um vago ideal de cultura, mas sem realização pratica desse ideal, distante da vida.

Propoz, como base, que o ensino no Brasil rural ou urbano. O ensino rural não deve ser a simples alphabetização. Mas, tambem, a criança das zonas ruraes cêdo atirado á vida do campo, em cujos braços repousa, em alta porcentagem, a economia da família, não deve ser retido na escola pelo mesmo tempo que os das cidades ou villas. Além disso, immediatamente depois do periodo escolar, (ou dentro por vezes desse periodo) elle já vae ter todas as obrigações e encargos do trabalho que nos centros urbanos incumbem ao adulto.

Uma orientação profissional se faz mister na escola rural. A industria ou agricultura locaes devem ser as cadeiras centraes do curso.

Fixados estes dous pontos principaes: o da finalidade da escola brasileira como principio, e o plano do ensino como meio de sua realização pratica, a Conferencia, firmou ainda o traço eminentemente educativo que deve ter a escola brasileira pondo, de vez, um remate á questão que se levanta de tempos em tempos de que com a nossa porcentagem de analphabetos não pode a escola se demorar em educar, mas apenas em instruir intensivamente ao maior numero no lêr, escrever e contar, o que foi o 3º item do delegado bahiano.

Conforme esse item "a escola brasileira deve ser educativa, buscando exercitar nos alumnos os habitos de observação e raciocinio, despertando-lhes o interesse pelos ideaes e conquistas da humanidade; ministrando-lhes noções elementares de literatura e historia patria, fazendo-os manejar a lingua portugueza, como instrumento de pensamento e expressão; guiando-lhes as actividades naturaes dos sentidos por processos adequados: cuidando, finalmente do seu desenvolvimento com exercicios physicos, de accordo com as regras elementares de hygiene, cumprindo sempre não esquecer a Terra e o meio aos quaes a escola deseja servir; utilizando-se o professor de todos os recursos para adaptar o ensino ás particularidades das regiões brasileiras".

Essa deve ser a physionomia da escola brasileira.

Já é a physionomia da escola bahiana, conforme o art. 65 da nossa reforma de ensino, que a Conferencia acceitou para todo o paiz.

Foi acceita ainda, e preconizada, a escola primaria superior nos moldes bahianos, conforme o art. 114 da mesma lei.

Esse, o ponto principal da Conferencia: as bases de um plano nacional de ensino primario. A segunda Conferencia, a se reunir em Natal, deverá rever o resolvido na primeira, descer aos detalhes, polir esse plano, na feitura do qual a Bahia deu, de inicio, o melhor de sua collaboração, vendo firmados, para todo o Brasil, o que está nos arts. 65 e 114 da sua ultima lei de ensino.

* * *

A acção do delegado bahiano, quer orientando esse assumpto principal, quer discutindo outras theses da Conferencia de ensino primario, secundario e superior foi fiel ás instrucções recebidas. Portador, ainda, de convites, pela observancia dos quaes a Associação Brasileira de Educação, que promove essas Conferencias, verá suas relações estreitadas com a National Education Association dos Estados Unidos da America do Norte, entregou-os ao Presidente da Conferencia que os passou ao Presidente da Associação.

Esses convites fel-os a National Education Association por meu intermedio, pessoalmente, quando de meu regresso dos Estados Unidos.

Um delles é o convite ao Brasil para proceder a uma semana de educação, como se executa na America, e que devemos ver este anno, sem duvida, iniciada na Bahia e no Districto Federal.

Bahia, 20 de Fevereiro de 1928.

ANISIO SPINOLA TEIXEIRA.

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