A idéa de que o processo educativo é um continuo processo de crescimento e desenvolvimento, tendo como fim uma maior capacidade de desenvolvimento, tendo como fim uma maior capacidade de desenvolvimento e crescimento, é posta em relevo pelo estudo comparativo de outras concepções de educação de que Dewey aponta as deficiencias e os erros.
Uma dessas theorias, de certo modo já indicada nesta breve analyse, é a de que o processo educativo é um processo de preparação da criança para as responsabilidades e privilegios da vida adulta. Filia-se á idéa de que immaturidade ou capacidade de crescimento é uma circunstancia meramente privativa ou negativa. Essa noção vicia todo o processo educativo.
Em primeiro logar elle perde em impulso. A criança vive no presente. O futuro, como futuro, não tem influencia na vida infantil. Vir a ficar prompto para alguma cousa distante, não se sabe o quê, nem o porquê, é um ponto de apoio demasiado vago, sem vigôr e sem urgencia sobre a psychologia do educando.
Depois, esse alvo distante é uma irresistivel tentação para adiar, para procrastinar. E a educação perde grande parte de aua actual efficiencia. Da actual vida presente decorrerá, por certo, algum valor educativo mas enfaquecido e dessorado, porque o sentido dos actuaes exercicios está ausente em um indefinido e longinquo futuro.
Esse mesmo facto, por outro lado, determina a fixação de um standard medio convencional a conquistar, o que leva ao desprezo pelas qualidades e differenças individuaes do educando. Si o futuro é remoto e impessoal, por força impessoal e remoto deve ser o objectivo da educação.
Por ultimo, essa concepção conduz ao emprego dos mil e um expedientes adventicios - penas, prazeres, engenhosas combinações - que galvanizam o estímulo e o interesse dessa educação desenraizada dos fortes motivos e solicitações do presente.
O erro dessa idéa não está em julgar que o processo educativo prepara para o futuro. Vivendo educativamente o presente todos nos preparamos para o futuro. Crescemos para o futuro. O manejo intelligente do dia de hoje nos auxiliará na lucta com o dia de amanhã. O erro consiste em fazer das necessidades do futuro o principal motivo para esforços do presente.***
Uma outra theoria educativa, que teve em Froebel e Hegel os seus dois mais eminentes systematizadores, faz de educação um como processo de desdobramento de qualidades e tendencias instinctivas e latentes até um pleno e perfeito desenvolvimento.
O dynamismo da idéa desapparece na immobilidade final do alvo a attingir. Essa perfeição terminal é idealizada differentemente por Froebel e Hegel. O primeiro a representa por uma serie de symbolos altamente mathematicos; o segundo a consubstancia nas grandes instituições humanas, - lingua, estado, religião, etc.
A fraqueza desta concepção está nos dois seguintes pontos: primeiro, o desenvolvimento, o progresso não são ahi conquistas, mas simples passos para uma perfeição imaginaria, e como tal, a theoria se identifica com a de preparação; segundo, a concepção mystica de uma perfeição para que tendemos, obrigou os dois organizadores da theoria a uma serie de determinações arbitrarias no processo educativo que é difficil justificar.
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