A ESCOLA NORMAL DE TOWSON, MARYLAND

   Dediquei o dia 6 de Outubro á visita da Escola Normal do Estado, em Towson, Maryland.
   Towson, distante algumas milhas de Baltimore, é a séde do municipio cujas escolas visitara no dia anterior. Automoveis e bondes fazem constantemente o trajecto entre a cidade e essa pequena e encantadora villa.
   A escola normal fica situada numa emminencia, com dois magnificos edificios circundados de campos e de grammados, esses mesmos campos e grammados que tornam os collegios americanos tão apraziveis e tão fascinantes para o visitante.
   Os espaços são tão amplos e tão largos, que lhe é impossivel resistir á sensação de belleza e de tranquillidade, e é com essa impressão de sympathia e de bem estar que elle penetra o edificio.
   A directora da escola veiu receber-me no hall, igualmente amplo, largo e florido como o de um hotel.
   Não pude me furtar a dizer-lhe logo de minha fascinação pelos campos e edificios da escola e dessa constante surpresa do estrangeiro pobre diante do aspecto perfeitamente novo, nitido e magnificente das cousas americanas.
   - Os nossos edificios são bons, mas já se podem fazer melhores. Não intervim na sua construcção; nomeada directora, já os vim encontrar como estão.
   Esse permanente e inquieto desejo de progresso distingue em educação, como em qualquer outra actividade, a civilização desse lado do Atlantico da outra estadeia na Europa as suas acabadas e satisfeitas conquistas.
   Visitei varios collegios na Europa. Nenhum delles, mesmo os melhores apresentam os aspectos materiaes prosperos e modernos dos collegios americanos. Depois, a nossa promeira impressão naquellas casas de ensino é a de fixidez, de estabilidade, de um equilibrio conseguido e que se quer manter.
   Na America, o espirito de continuo progresso domina tudo.
   A estabilidade america se mantem pelo movimento, do mesmo modo que se mantem em equilibrio uma bicycleta em corrida.
   Esse acabamento, essa solidez que dá uma especial harmonia aos systemas europeus não existe nessas terras do novo mundo. Ao entrarmos num collegio, na Europa, especialmente em França, entra-se num dominio de serena tranquilidade. Nessa casas se transmittem á geração nova as experiencias concluidas da raça e da civilização.
   O collegio americano, pelo contrario, participa da mesma febre com que a vida está perpetuamente se elaborando do lado de fóra dos seus muros.
   Em certo modo, já se realiza plenamente o conceito de Dewey: educação não é preparação para a vida, mas é vida.
   Nesse sentido os collegios são verdadeiramente laboratorios, onde os futuros dias da America se estão preparando, com as mesmas incertezas, mas com as mesmas esperanças, com que esses dias de amanhã se estão elaborando nos centros de industria e demais centros da formidavel e omnimoda actividade americana.


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