De outra parte, as palavras, - symbolos das idéas, são, por esse processo, facilmente tomadas pelas idéas. Em outros termos, o nosso contacto com as idéas não é real, mas puramente verbal. Algum sentido permanece nas palavras, mas, insensivelmente, nos habituamos a satisfazer-nos com esse minimo de sentido. Esse resultado não é facilmente percebido. Acostumamo-nos, de tal sorte a uma pseudo-idéa, a uma meia percepção, que não damos fé de quanto é ahi semi-morta a nossa acção mental e em quanto seriam mais agudas e mais extensas as nossas observações, si as formassemos sob a condição de uma experiencia vital, que nos exigisse uso pessoal de raciocinio e esforço para a percepção de todas as connexões com que a cousa ou problema em questão lidam. Toda a illusão está em pensar que essas connexões, - que são todo o material intellectual de educação, - podem ser apprehendidas fora da experiencia. Dahi, o numero de semi observações, idéas verbaes e conhecimento inassimilado que afflige o mundo.
Só pela experiencia podemos nós entrar em contacto com os conhecimentos, só pela experiência podemos vir a pensar. Experiência é, em si, o acto de fazer alguma cousa e soffrer dessa cousa uma certa reacção. É um processo activo e passivo. A experiência é educativa quando nos leva á reflexão, a pensar. Pensamento é o discernimento da relação ou das relações entre o que experimentamos fazer e o que acontece em consequencia disso. É essa, a parte cognitiva da experiencia, a interpretação do seu elemento intelligente. E é isto que faz da experiencia um processo de inquerito, de investigação, o que, por outro termo, quer dizer um processo de pensamento.
Os passos desse processo envolvem, segundo Dewey, perplexidade ou duvida, antecipação conjectural, analyse dos elementos adquiridos consequente elaboração de uma hypothese e prova ou test. Esse é o nosso processo de apprender: O valor dos conhecimentos adquiridos em uma experiencia está subordinado á sua utilização em novas experiencias, em novos processos de pensamento.***
Na theoria de educação americana, pensar é o methodo do ensino intelligente. As crianças devem ser postas em contacto com uma real situação de experiencia, em cujo desenvolvimento lhe seja necessario pensar, reflectir, raciocinar e por esse modo adquirir o conhecimento. O trabalho, na escola, não deve começar com o material já elaborado em sua ultima forma scientifica e logica, em arithmetica, geographia, etc., mas com uma situação empirica de real experiencia e real problema, como as situações anteriores á escola. Os methodos efficientes em educação, são aquelles que dão alguma coisa a fazer e como fazer demanda reflexão e observação, o resultado é alguma cousa apprendida.
Nessa orientação, para que a escola possa offerecer reaes situações da vida e genuinos problemas, os actuaes educadores americanos batem-se por uma completa reforma, em que todos os antigos caracteristicos escolares desapparecem. As escolas de experimentação da America já não têm carteiras, não têm a classica e conhecida organisação; são porem casas especiaes, repletas de toda sorte de material, onde as crianças vivem uma vida de organica experiencia e constructiva actividade.
Essas experiencias não devem ser simuladas, mas de natureza tão pessoal que estimulem e dirijam a observação das connexões e relações envolvidas e guiem a inferencias e provas. Tanto qunto possivel os problemas hão de ser das crianças e não do alumno, no sentido tradicional desse termo.
A escola deve, por outra parte, prover dados, isto é, sufficientes elementos de informação para supprir as considerações sobrevindas no trato com as difficuldades especificas do problema. Essas difficuldades devem ser de tal ordem que estimulem, mas não desencorajem a criança. As suggestões de solução devem poder surgir com relativa facilidade. A materia para a reflexão pode ser fornecida pela observação, pela leitura ou por informação do mestre. Desses dados, a criança passa ás suggestões, inferencias, tentativas e soluções ou idéas, e, por ultimo, ao test, e prova dessas idéas.
A conclusão educativa, que nunca é demasiadamente repetida, é de que se não transmittem directamente idéa e pensamentos, mas factos. O que a criança recebe directamente do professor ou dos paes, sem emprego do proprio esforço, não é apprendido. O professor, na escola, deve ser apenas um associado, um participante da fructifera e intelligente actividade do alumno.
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