Assim, o conceito social de educação significa que, cuide a escola de interesses vocaciones ou interesses especiaes de qualquer sorte, ella não será educativa si não utilizar esses interesses como meios para a participação em todos os interesses da sociedade. Latim, grego ou a profissão de carpinteiro devem ser ensinados com o mesmo espirito de fazer do educando um membro da sua actual sociedade, com poder e opportunidade para participar em todos os seus interesses. O ideal de "cultura" no seu commum sentido especifico, ou o ideal de "praticalidade" ou "utilitarismo" são igualmente erroneos. Cultura ou utilitarismo serão ideaes educativos quando se constituirem processos para uma plena e generosa participação na vida social. "Cultura", no seu sentido escolastico, leva ao isolamento intellectual, a uma propensão para a contemplação do passado, a uma sorte de antinomia com a vida moderna e presente. "Utilitarismo", no sentido vulgar de simples acquisição de uma profissão, de uma technica, descura o alargamento espiritual da visão do educando e a sua funcção social. Um e outro termo não tem sentido na theoria de educação de Dewey, si não forem largamente comprehendidos e utilizados em funcção do ideal educativo de "efficiecia social".
   Além disso, como apontamos, a escola, em si mesma, será uma agencia dessa continua transformação social que constitue o processo democratico. Ella não será o que sempre foi, uma agencia para fornecimento de crenças, ideaes e conhecimentos fixos e herdados das experiencias anteriores, mas uma agencia de inquerito e reconstrução social. Só assim o seu conteúdo coincidirá com o conteúdo da sociedade democratica; só assim, ao invés de tornar as mudanças sociaes difficeis, ella collaborará na propria revisão social constante, que é a essencia da democracia.
   A escola deste geito não falhará na sua tarefa de levar os seus membros á intelligencia da actual ordem social, que não é rigida e estratificada, mas uma ordem social a que as transformações economicas e industriaes do mundo e as conquistas scientificas, obrigam a uma incessante e permanente mutação.
   A rigida sociedade do passado permittia a educação de seus membros para um pre-determinado status social.
   Hoje, com uma sociedade fugida á fixação de qualquer standard, deve-se exigir um novo ideal educativo.
   Essas considerações precisam a significação e a inprescindibilidade de um programma social na organização do curriculum.
   Mas, por outro lado, a moderna theoria educativa está convergida para as necessidades da criança, e as suas peculiaridades. A actual psychologia chegou a um conhecimento mais perfeito da infancia e a escola deve prover um ambiente adaptado ao seu crescimento. Dahi a emphase actual nas actividades infantis, e na independencia infantil e em um "enriquecimento de sua experiencia" por meio de processos vitaes de ensino.
   Tal tendencia tem levado a uma excessiva reverencia da infancia. Segundo certas theorias, é a propria criança que organiza o curriculum escolar.
   E isso justifica uma certa critica, não de todo destituida de fundamento, a essa moderna theoria de educação. Com efeito, a excessiva consideração de uma escola perfeitamente adequada ás necessidades e aos instinctos da infancia, leva muitas vezes a uma concepção educativa, cuja fraqueza se pode caracterizar pela sua superficialidade e desprezo dos interesses intellectuaes.
   O problema de reorganização do curriculum na escola americana é, assim, o problema, dentro do qual essas diversas tendencias se chocam. Todas ellas são verdadeiras. A criança, as suas necessidades e os seus instinctos, a actual ordem social, eminentemente distensivel, e as acquisições intellectuaes da humanidade, são os três factores que devem ser conciliados na reorganização da escola.
   É um problema de philosophia de educação. É um problema de descobrir a variante orientadora desse systema convergente de forças.


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