WELLS, Herbert George (1866-1946)
"Escritor inglês. (...) Criado na atmosfera liberal da metade do século, de otimismo científico e industrial, adquiriu ao mesmo tempo o desgosto da situação das classes pobres e uma ânsia de reformas sociais. Tornou-se professor, mas depois de 1893 adotou a carreira das Letras.
Em 1895, publicou com grande sucesso A Máquina do Tempo e A Visita Maravilhosa, de ficção científica. A estes, seguiram-se A Ilha do Doutor Moreau (1896), O Homem Invisível (1897), e A Guerra dos Mundos (1898). Ao sonho sobre o futuro, a obra de Wells acrescentou sempre uma preocupação com a reforma da sociedade, elevando-se com um verdadeiro espírito messiânico e profético, para anunciar a era do conforto pelo aumento da produção e do progresso técnico. Esta luta veio a tornar-se verdadeira obsessão; seus romances tornaram-se instrumentos de propagação de idéias, inclusive com o sacrifício do aspecto técnico da obra.
Apesar de grande parte de suas obras pertencer ao gênero da pseudoficção, Wells atinge muitas vezes estatura de novelista, como em Kipps (1905), O Amor e o Sr. Lewisham (1910) e A História do Sr. Polly (1910), obras que encerram algumas de suas mais caras lembranças, suas sombrias ternuras, seus torturados sonhos de beleza. Sob a influência das idéias evolucionistas de Darwin, escreveu Antecipações (1901) e Uma Utopia Moderna (1905). Alguns anos depois, suas preocupações sociais levam-no a escrever O Perfil da História (1920) e A Ciência da Vida (1931), este em colaboração com Julien Huxley e G. P. Wells. Suas últimas obras, uma série de fábulas e novelas curtas, traduzem certo pessimismo em relação às ameaças futuras. Entre elas: O Jogador de Croquet (1936), Os Irmãos (1938) e O Sagrado Terror (1939)." (ENCICLOPÉDIA BARSA, 1964, v.14, p.144-145)
Essa inquietação quanto aos "destinos da liberdade humana" era compartilhada por Anísio Teixeira, que foi um zeloso tradutor de Wells para o português. Em carta ao amigo George Counts, Anísio confidenciou: "Li sua conferência ( "Educação e a Fundação da Liberdade Humana") duas vezes e acho que você escreveu uma obra-prima neste delicado tema, antigo, e tão difícil para se discutir e defender nos dias de hoje. Nós ainda temos, você e poucos outros, para nos liderar em nossa permanente luta para a mais alta forma de governo, mas não irá a raça... abrir uma trajetória para o desastre? Eu estava em Londres, em 1946, quando morreu Wells, e um amigo comum disse-nos quanto ele estava desanimado nos meses derradeiros. Desde então temos estado na defensiva e somente agora (AT escrevia em 1970) há uma tênue esperança de pacificação mal entendida e coexistência competitiva. Mas, será isso a paz?" (apud Viana Filho, 1990, p.176)
Texto pesquisado em:
ENCICLOPÉDIA BARSA. Rio de Janeiro, São Paulo:Encyclopaedia Britannica, 1964. v.14, p.144-145.
VIANA FILHO, Luís. Anísio Teixeira: a polêmica da educação.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 210p.