AGRADECIMENTO

 

 

Em carta a Paulo Carneiro, dizia-lhe Anísio Teixeira ser mais fácil fazer-se uma casa do que um livro. Prova de jamais ter construído uma casa. O difícil, porém, é concluir-se um livro tal como imaginado. Este ensaio, por exemplo, seria apenas breve depoimento: minhas lembranças de Anísio Teixeira, meu contemporâneo, com o qual convivi na mesma roda de amigos quando, concluído o curso de Direito, no Rio de Janeiro, retornou ele à Bahia. Roda da qual participava, entre muitos, Hermes Lima, que, ao oferecer-me o seu estudo Anísio Teixeira estadista da educação, fê-lo com esta dedicatória: "Luís Viana Filho: Minha esperança, Governador, é que você encontre neste pequeno livro o Anísio que nós amamos." Em poucas palavras dizia tudo. Em verdade, nós, amigos de mocidade de Anísio, o amávamos, tal o fascínio da cintilante inteligência aliada à pureza, e até a certa candura. Atributos que faziam encantadora a sua amizade e convívio. Essa a imagem que pretendia fixar na evocação de dias distantes, mas não esquecidos.

Solicitou-me então o prof. Benedito Silva prefaciar o livro de Anísio Teixeira sobre o Ensino Superior, prestes a editar-se pela Fundação Getúlio Vargas. Sem ânimo para recusar, entreguei-me às pesquisas, que, ampliadas, deram origem a este trabalho.

Muitos me ajudaram, trazendo-me sugestões, cartas, documentos, e lembranças. De fato um mundo de amigos e admiradores de Anísio Teixeira sempre prontos para colaborar com um bom conselho ou achega esclarecedora de uma dúvida. Inicialmente, devo mencionar os familiares de Anísio Teixeira, Jaime Teixeira, seu irmão, e a filha Babi Teixeira Monteiro de Barros, que benevolamente atenderam às minhas solicitações. É com reconhecimento que lembro os nomes de Abgar Renault, Plínio Doyle, Juracy Silveira, Godofredo Filho, Thales de Azevedo, Alberto Venâncio Filho. Fernando Salles, Darcy Ribeiro, João Augusto Rocha, Edson Nery da Fonseca, Paulo Alberto Monteiro de Barros, Olímpio Mattos, Luciana Quillet Heymann Vianna, Zilma Parente de Barros e lva Waisberg Bonow.

Além do apoio de amigos, foi-me fundamental o acesso a alguns arquivos. Dentre estes ressaltarei o do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, cujo diretor, prof. Rui Gama, proporcionou-me consultar o valioso acervo, no qual se inclui a correspondência de Anísio Teixeira para Fernando de Azevedo, longo diálogo sobre a educação. Na Fundação Getúlio Vargas, que publicou as cartas de Monteiro Lobato e Anísio Teixeira, está o arquivo deste último. Ao dr. Trajano Carneiro, irmão do Embaixador Paulo Carneiro, e possuidor do seu arquivo, devo o conhecimento da sua correspondência com Anísio Teixeira durante décadas.

Dos períodos da América do Norte, deu-me valiosa ajuda o prof. Charles Wagley, da Columbia University, pioneiro brasilianista antropólogo, cujas pesquisas, inclusive na Bahia, ao tempo de Anísio Teixeira, ganharam renome universal. A Sra. Maria Luiza Pena Moreira, autora de importante ensaio sobre Fernando de Azevedo, realizou as diligências possíveis sobre a fase do Teacher's College.

Propositadamente, deixei para o fim referir-me ao dr. Paulo Duarte, médico, certamente o mais íntimo dos correspondentes de Anísio Teixeira, cujas cartas, cheias de observações, conceitos e confissões, são essenciais para o conhecimento dos trabalhos, das inquietações, das dúvidas e decepções do homem e do educador. Não tenho como agradecer-lhe m'as haver confiado.

Anísio Teixeira tinha razão ao considerar mais difícil fazer-se um livro do que uma casa. Este agora editado representa a contribuição de muitos, e a todos deixo aqui o meu reconhecido agradecimento.

 

 

Luís VIANA FILHO

 

Bahia, janeiro de 1990.