Este é o título do capítulo
escrito por Gustavo Lessa, analisando a obra de Anísio
Teixeira. Para o autor foi John Dewey ((reconhecidamente o maior
inspirador das concepções filosóficas e educacionais
seguidas por Anísio Teixeira", citando alguns exemplos
dessa influência:
"Em Educação progressiva, escrito em 1933, depois de falar no impacto da ciência e do progresso industrial sobre a sociedade de nosso tempo, ele acrescenta:
"A terceira grande tendência do
mundo contemporâneo é a tendência democrática.
Democracia é essencialmente o modo de vida social em que
"cada indivíduo conta como uma pessoa". O respeito
pela personalidade humana é a idéia dessa grande
corrente moderna."
Ainda referindo-se ao livro Educação progressiva, Gustavo Lessa ressalta o pensamento de Anísio quando afirma que a escola "deve hoje preparar cada homem para ser um indivíduo que pense e que se dirija por si, em uma ordem social, industrial eminentemente complexa e mutável".
Depois faz referência ao outro livro
de Anísio Teixeira, também editado pela Companhia
Editora Nacional, sob o título Educação
para a democracia, cujo comentário transcrevemos adiante:
"Três anos depois, em Educação para a democracia, ele assinala a profunda afinidade entre educação e regime democrático" e reitera uma verdade secular tantas vezes proclamada pelos políticos e tantas vezes desconhecida na realidade:
"Democracia sem educação e educação sem liberdade são antinomias em teoria, que desfecham, na prática, em fracassos inevitáveis."
"Termina o capítulo sobre a universidade e sua função, dizendo:
"Dedicadas à cultura e à
liberdade, as Universidades estão sob o signo sagrado,
que as fez trabalhar e lutar por um mundo de amanhã, fiel
às grandes tradições liberais da humanidade."
Na sua análise sobre o pensamento liberal
de Anísio Teixeira, a respeito da sua luta em defesa dos
recursos da escola oficial, afirma Gustavo Lessa:
"Não podemos deixar de referir
aqui que a campanha de Anísio Teixeira por mais recursos
financeiros, a fim de ser difundido entre nós o ensino
público, primário e médio, foi acoimada de
ter uma inspiração totalitária. Mas os acusadores
deveriam saber que nessa difusão estamos atrasados de uns
cem anos. Em toda a metade do século passado, o pensamento
liberal clamou por ela, e foi vitorioso em vários países."
Este é mais um depoimento em favor de Anísio Teixeira. Defender a escola oficial não significa necessariamente acusar a escola particular. Pugnar por maior número de vagas nas escolas do governo não é desejar que se reduzam as vagas das escolas particulares. Anísio defendia a educação democrática, e como tal não poderia ser contra a escola mantida pela iniciativa privada. Do mesmo modo, sempre defendeu maiores recursos para o ensino primário - o que jamais autorizou alguém a afirmar que Anísio Teixeira era contra o ensino superior.
Com essas palavras, conclui Gustavo Lessa:
"A sua bandeira de combate é a
municipalização do ensino. É lícito
objetar-se que tal devolução de poderes, em virtude
da apatia local criada por séculos de centralização,
devesse ser realizada entre nós cautelosa e progressivamente.
Mas o radicalismo com que o Prof. Anísio Teixeira defende
a idéia mostra o seu repúdio completo a um controle
central ideológico da educação popular. E
isto deveria bastar aos espíritos desapaixonados."