JORNAL DO SENADO. Senado celebra centenário do educador Anísio Teixeira. Jornal do Senado. Brasília, 27 jun. 2000.

Senado celebra centenário do educador Anísio Teixeira

O centenário do professor Anísio Teixeira, pioneiro na defesa da implantação, no país, da educação em tempo integral, será celebrado hoje pelo Plenário do Senado.

O requerimento de homenagem a Teixeira, criador na década de 30 de um moderno sistema de ensino na Guanabara, então Distrito Federal, e da inovadora Escola Parque de Salvador (BA), em 1950, tem como primeiro signatário o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Anísio Teixeira nasceu em 12 de julho de 1900 em Caetité (BA). Em 1914, partiu para Salvador, onde ingressou no Colégio Antônio Vieira. Em seguida foi para o Rio de Janeiro, diplomando-se em Direito em 1922. De volta a Salvador, em 1924, acabou sendo convidado pelo governador Francisco Marques de Góes Calmon para o cargo de inpetor-geral do Ensino da Bahia.

De 1931 a 1935, no governo do prefeito Pedro Ernesto no antigo Distrito Federal, Teixeira criou uma rede municipal de ensino da escola primária à universidade. Introduziu a moderna arquitetura escolar, ampliou as matrículas, criou serviços de extensão e aperfeiçoamento e as escolas técnicas secundárias e transformou a antiga escola normal em instituto de educação. O educador obteve projeção nacional por suas realizações na capital federal.

Em dezembro de 1935, motivos políticos teriam levado Anísio Teixeira a pedir sua demissão junto ao prefeito Pedro Ernesto. Muitos de seus colaboradores foram perseguidos e alguns acabaram sendo presos. O educador refugiou-se no sertão da Bahia e, entre 1937 e 1945, dedicou-se a negócios como a exploração e exportação de manganês.

Teixeira foi depois convidado pelo então governador da Bahia Otávio Mangabeira para o cargo de secretário de Educação e Saúde do estado. Uma de suas mais importantes iniciativas foi a construção do Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro, popularmente conhecido como escola-parque, no bairro da Liberdade.

A escola-parque, inaugurada em 1950, procurava oferecer à criança educação integral, cuidando de sua alimentação, higiene, socialização e preparação para o trabalho e a cidadania. A escola também privilegiava o ensino de artes plásticas. Participaram do projeto artistas de renome como Caribé e Mário Cravo. Durante toda década de 50, Teixeira manteve-se ativo no debate sobre educação popular, seja por meio de conferências, livros, manifestos, ou através de sua gestão na administração pública.

Em 1951, no Rio de Janeiro, assumiu a Secretaria-Geral da Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que seria por ele transformada na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). No ano seguinte, passou a acumular o cargo de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep), no qual permaneceu até 1964. O educador baiano faleceu em 11 de março de 1971.

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