O ESTADO DE SÃO PAULO. Educação não é privilégio. O Estado de São Paulo. São Paulo, 6 jul. 1957.

A SEMANA

E OS LIVROS

Educação não é Privilégio

Anísio Teixeira reúne em "Educação não é Privilégio" (Livraria José Olímpio) duas conferências - a que dá o título ao volume, e "A Escola Pública, Universal e Gratuita". Na primeira analisa a situação educacional brasileira á luz dos conceitos de "educação seletiva", para a formação de elites, e "educação comum", para a formação do cidadão comum da democracia. Suas conclusões são das mais melancólicas. Não estamos, assegura ele, apoiados em dados oficiais, liquidando o analfabetismo no Brasil, e sim aumentando-o. Diante do crescimento da população brasileira, as escolas estão sendo congestionadas, o ensino reduzido, e por isso a educação ministrada ás nossas crianças não as prepara para coisa alguma. O caminho que Anísio Teixeira encontra para sairmos do impasse é a municipalização da escola primária, com administração local, programa local e professor local, embora formado pelo Estado. A grande reforma da educação é, assim, também uma reforma política, permanentemente descentralizante, pela qual se criem nos municípios os órgãos próprios para gerir os fundos municipais de educação. Não é outro, aliás, o tema da segunda palestra. Volta o autor a defender a descentralização administrativa das escolas, pregando um curso primário de seis anos, em dois ciclos, com seis horas mínimas de dia escolas, 240 dias letivos por ano e professores e alunos de tempo integral. Temas da maior importância e atualidade, tratados por um espírito lúcido, credor de numerosos serviços já prestados ao ensino no Brasil, e que no momento ocupa o alto cargo de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos.

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