DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Educação não é privilégio. Diário de Notícias. Rio de Janeiro, 1 ago. 1957.

O LIVRO DO DIA

<<Educação Não é Privilégio>>

ensaio de Anísio Teixeira, apesar do tratamento austero do tema é um libelo que seria dramático não fôsse o ceticismo com que os brasileiros se habituaram a ver os problemas do país. Examinando o quadro atual da educação brasileira, e documentando-o com dados estatísticos, conclui pelo sentido antidemocrático que a caracteriza. Temos um sistema educacional que resultante de sua própria formação histórica, e acessível apenas aos raros que podem usufruí-lo, constitui um privilégio. O ensaio foi escrito visando, não apenas denunciar, mas combater o privilégio.

Escrevendo êste livro (<<Educação não é Privilégio>>, Livraria José Olímpio Editôra, Rio, 1957), robustecendo-o mesmo com sua autoridade de pedagogo e sua experiência de administrador em órgãos técnicos integrantes do sistema escolar que condena, Anísio Teixeira põe na intimidade dos leitores talvez o mais grave de todos os nossos problemas. A gravidade dêsse problema - que se procura corrigir com a <<Lei de Diretrizes e Bases>> há dez anos adormecida nas comissões da Câmara dos Deputados - se entrosa numa revelação dolorosa. É Anísio Teixeira quem escreve: <<diminuímos a percentagem de analfabetos de 65% para 51%, em cinqüenta anos, mas em números absolutos, passamos a ter bem mais do dôbro de analfabetos>>.

Quase em extremo de agonia, como se vê, êsse sistema educacional exige medidas imediatas que Anísio Teixeira aponta não apenas em função de uma política educacional democrática, mas em todos os aspectos administrativos. Reivindicando <<educação para formação comum do homem>> e condenando o conceito de <<educação seleção>>, o ensaísta oferece um livro que desafia os estudiosos para o debate.

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