DIÁRIO DE NATAL. Escola presta homenagem ao educador Anísio Teixeira. Diário de Natal. Educação. Natal, 13 jun. 2000.

Escola presta homenagem ao educador Anísio Teixeira

Se estivesse vivo, o educador Anísio Teixeira estaria comemorando, este ano, um centenário de vida. E, ao olhar para trás, veria como marca de sua trajetória a luta por uma educação pública de qualidade, o que, infelizmente ainda está longe de acontecer. "Na realidade, já tivemos uma escola pública de melhor qualidade. Ao longo dos anos tivemos um retrocesso. seguramente, a escola de hoje não corresponde nada o modelo que ele preconizava", opina Carlos Antônio Ferreira Teixeira, filho do educador.

Professor da Universidade Federal da Bahia e psicanalista, Carlos Teixeira veio a Natal participar das homenagens feitas ao seu pai, a começar pela Escola Estadual Anísio Teixeira, onde viu as idéias e pensamentos do seu pai serem apresentadas através de encenações feitas por um grupo de alunos. Além disso, nas paredes da escola, cartazes enfocavam a história do educador. Na platéia, além da secretária municipal de Educação, professora Eleika Bezerra, representantes da Secretaria Estadual de Educação e da UFRN.

"Não sou educador, sou filho de educador. Talvez seja até pretensão da minha parte fazer uma avaliação do ensino", relatou sorridente. Assim mesmo, como professor de uma universidade federal, ele acredita que a instituição passa por um momento vulnerável. "Hoje temos 16 universidades paralisadas, e isso pouco mobiliza o governo, parece até que ficam satisfeitos. A nossa universidade ficou elitista, distanciada da sua realidade. Isso faz com que numa hora de crise, essa mobilização não exista. O espírito cartorial domina a nossa cultura", afirmou.

Mesmo diante dessa realidade, ele disse acreditar em mudanças. "O homem é, por excelência, um ser disposto a mudar. Com um pouco mais de educação, ele chega lá", ressaltou, lembrando que atualmente há "uma aparente educação para todos", e cita como exemplo o fato de que há computadores em várias escolas, mas parados pelo fato de o professor não saber usar.

Sobre o seu pai, ele lembra que era uma pessoa extremamente simples, de espírito aberto, surpreendia os amigos próximos com sua disponibilidade de falar com pessoas simples, como porteiros e crianças, até grandes intelectuais da époco. "Ele tinha um respeito profundo pelas pessoas", acrescenta, afirmando que em casa, dava total liberdade, em nenhum momento cerceava.

Com relação ao seu falecimento, ainda hoje há duvidas em torno do acidente que o vitimou. Segundo Carlos, coisas estranhas aconteceram, como o tipo de queda que sofrera e as características das lesões. É bom ressaltar que Anísio Teixeira era esquerdista, apesar de não ser militante, e incomodava alguns setores da vida nacional na época, com suas idéias avançadas.

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