CORREIO BRAZILIENSE. Educador brasileiro elogia a Aliança para o Progresso. Correio Braziliense. Brasília, 18 nov. 1961.

EDUCADOR BRASILEIRO ELOGIA A "ALIANÇA PARA O PROGRESSO"

KANSAS CITY, Missouri - "Que maravilhoso seria, se a Aliança para o Progresso desse nascimento a uma séria e contínua cooperação entre as universidades dos Estados Unidos e as da América Latina" - declarou o dr. Anísio S. Teixeira, do Rio de Janeiro, falando aos delegados às comemorações do centenário da Associação Norte-Americana de "Land Grant Colleges" (universidades em terrenos doados pelo govêrno) e Universidades Estaduais.

O dr. Anísio Teixeira, Diretor de Estudos Comparados do Ensino Superior nas Repúblicas Americanas, foi um dos quatro intelectuais estrangeiros encarregados do pronunciamento de importantes discursos do centenário.

"Essa cooperação - acrescentou o dr. Anísio Teixeira - deve ser completamente alheia ao contrôle governamental. Considerando que as universidades estaduais dos Estados Unidos e as que funcionam em terrenos cedidos pelo govêrno constituem o melhor exemplo de ajuda federal não afetada pelo contrôle federal, por que não inicia agora a Aliança para o Progresso um programa de cooperação universitária em que não intervenha o govêrno? A meu ver, êsse programa contribuiria para revelar à América Latina o que realmente são os Estados Unidos: uma nação cuja revolução própria tornou possível o livre alvedrio".

Comentando as condições do presente, disse o dr. Anísio Teixeira que, "se não quiser o caminho de Cuba, a América Latina deve fazer dentro de seus próprios países sua própria revolução social democrática. Êste é o problema do momento. Os Estados Unidos estão dispostos a ajuda a América Latina a ajudar-se a si mesma. Porém, para isto, a América Latina deve fazer as mudanças e os sacrifícios que se tornarem necessários".

Declarou o dr. Anísio Teixeira que, desde a Política de Boa Vizinhança do Presidente Franklin D. Roosevelt, a Aliança para o Progresso é o movimento mais prometedor encaminhado a promover a revolução social e econômica na América Latina.

"Deve compreender-se - acrescentou - que um tal revolução não nos vai ser fácil. Uma das razões é que, durante 150 anos, os países latino-americanos conduziram seus assuntos independentemente. Não existiu uma verdadeira cooperação, no que diz respeito a seu desenvolvimento comum. Além disto, os Estados Unidos estiveram isolados durante muitos anos, enquanto avançavam em sua grande luta pela integração democrática e desenvolvimento econômico. Lamentamos que o seu país tenha deixado, durante tanto tempo, de oferecer à América Latina as lições que se derivaram da própria Revolução Norte-Americana. O êrro é agora corrigido com a Aliança para o Progresso. Vocês podem estar certos de que cada país latino-americano vai fazer a sua própria revolução com o seu próprio esfôrço. Podem estar certos também de que cada um dêstes países aprecia o interêsse manifestado pelos Estados Unidos. É alentador saber que o país não vai apoiar os reacionários de nosso Continente, os que têm a culpa de a América Latina não ser democrática, os que, mesmo agora, insistem em que devemos continuar aferrados ao regime feudal, impedindo, com isto, o progresso econômico e social ...".

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