ISNAR. A educação e a crise brasileira. Jornal do Comércio. Recife, 26 maio 1957.
"A educação e a crise brasileira"
Eis um livro que aconselho a tôdas as pessoas de boa-vontade ou amorosas do Brasil, entre estudiosos e mestres, administradores e homens públicos da nossa terra. Edição da "Nacional", enfeixa série de conferências do professor Anísio Teixeira, admiràvelmente ligadas pela unidade de pensamento impressa a tôda obra do atual diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos e nas quais são expostas clara e lùcidamente as causas mais remotas e próximas da nossa lentidão em acompanhar o progresso do mundo moderno, assim como os remédios para atenuar ou debelar as nossas crises ali tão bem caracterizadas e descritas. Aliás não é um livro somente destinado aos dirigentes da nação, mas que deve interessar a quem quer que deseje contribuir com o seu esfôrço, por mínimo que seja, para o progresso brasileiro. Nem tão pouco é um livro pessimista, pois que o professor Anísio Teixeira retira de nossas próprias insuficiências e condições negativas, razões para esperanças de salvamento, desde que estamos quase virgens e, portanto, mais em situação de tomar caminhos certos. O que espanta a nós outros, que sofremos sem nem de longe saber precisá-los com tamanha fôrça e clareza de argumentos, é vêr os nossos pensamentos e sentimentos em relação ao ensino no Brasil, apresentados com tal identificação do conteúdo, como se o mestre Anísio Teixeira dissesse por todos nós o que está fazendo falta ao país para se transformar em nação realmente adulta.
E por falar em figura da pedagogia nacional, transmito a Gilberto Freyre, Olívio Montenegro, Anibal Fernandes, lembranças cordiais dêsse outro mestre, Antônio Carneiro Leão, que, na minha pessoa (disse êle) quis reverenciar o magistério pernambucano, oferecendo-me chá, levando-me despedidas e livros seus à hora em que o "Bahia" se preparava para zarpar, na companhia amiga de Celeste Dutra, atitudes espantosamente gentis, dada a criatura a quem se dirigiram, êste "bicho de conta" que sou eu, tão distante de formalidades e delicadezas dêsse tipo.
ISNAR
