BOAVENTURA, Edivaldo. Macaúbas, Isaías e Anísio. A Tarde. Salvador, 20 jul. 2000.

MACAÚBAS, ISAÍAS E ANÍSIO

Edivaldo Boaventura

As comemorações do centenário de Anísio Teixeira, um dos nomes de maior destaque da educação brasileira neste século, apelam para outras contribuições significativas da Bahia, com os exemplos de Abílio César Borges e Isaías Alves de Almeida.

Focalizando o período da educação imperial, quando reorganizamos o ensino depois da Independência, sobressaiu Abílio César Borges, barão de Macaúbas, paladino da condenação dos castigos corporais. Macaúbas formou toda uma geração de líderes, tanto na Bahia quanto no Rio de Janeiro. Foi mestre de Rui Barbosa e Castro Alves, os dois pólos da cultura baiana. Depois Rui, com os pareceres sobre a reforma do ensino, sistematizou o conhecimento pedagógico da época, em que se evidenciou a influência do imenso Comenius, o educador dos tempos modernos. Rui foi outro destado contributo da Bahia à educação nacional.

Até então, os dois maiores núcleos fomentadores do ensino, na Bahia, foram a Faculdade de Medicina e a Escola Normal. Do Terreiro saíram, dentre outros, além de Macaúbas, Manuel Vitorino Pereira, que em sua reforma educacional colocou em prática os pareceres de Rui, Sátiro Dias e Carneiro Ribeiro. O médico Edgard Santos criou a Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 1946, na condição de diretor da Faculdade de Medicina, e fixou nacionalmente um padrão de desempenho universitário. Depois, em 1968, a Ufba foi reformada pelo médico e educador baiano Roberto Santos, modernizador do ensino médico e eficiente presidente do Conselho Federal de Educação. Da Escola Normal, fundada em 1836, originou-se Isaías Alves de Almeida, outro expoente da educação, pioneiro da pesquisa em Psicologia e criador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, pilar básico para a fundação da Universidade Federal. Mas Isaías foi formado pela Faculdade Livre de Direito da Bahia, criada em pleno fastígio do positivismo, em 1891. Instalu-se, assim, um outro núcleo formador de lideranças educacionais, na Bahia, com nomes marcantes como Eduardo Ramos, Álvaro Augusto da Silva e mais recentemente Luiz Navarro de Brito. Duas marcantes inteligências baianas, formadas na mesma época por outra Faculdade de Direito, a da Universidade do Brasil, tiveram e têm papel destacado na educação: Anísio Teixeira, homem de pensamento e ação com invulgar capacidade de servir à causa da educação com entusiasmo e vigor, e Pedro Calmon, professor de Direito, mestre da História, reitor de universidade e ministro da Educação.

A entrada de Anísio na polêmica arena da educação operou-se pelo convite do governador Goés Calmon, professor do Ginásio da Bahia. Chamado demiúrgico que despertou a vocação para a educação de uma extraordinária inteligência formada pelos jesuítas e especializada pela Universidade de Colúmbia.

Edivaldo M. Boaventura é professor da Ufba e diretor-geral de A TARDE

| Articles from newspapers and magazines | Interviews |