DIÁRIO DE ALAGOAS. Educação é privilégio. Diário de Alagoas. Maceió, 5 mar. 1963.
Educação é Privilégio
Segundo a opinião do professor Anísio Teixeira, um dos maiores técnicos de Educação da América Latina, a educação escolar passou a visar – não a especialização de alguns indivíduos – mas a formação comum do homem e a sua posterior especialização para os diferentes quadros de ocupações em uma sociedade moderna e democrática.
Desse modo, a criança de todas as posições sociais, teria oportunidade de formar a sua inteligência, a sua vontade e o seu caráter, os seus hábitos de pensar, de agir e de conviver socialmente.
Ao tempo em que o ilustre educador patrício dissera estas coisas justas e belas – 1957 – naturalmente não suspeitava que a espiral inflacionária criaria condições, contrárias à realização do seu nobre ideal de democratização da cultura.
Hoje, decorridos seis anos de crescentes dificuldades, a educação escolar passou a ser privilégio de uma minoria abastada.
Para desmoralizar a tese de Anísio Teixeira, alinhamos abaixo dados calculados à base de informações fornecidas por livreiros daqui e do Recife, que esperam ainda novos aumentos, para nossa maior tristeza.
Um estudante universitário que no ano passado gastava Cr$ 10.000,00 em livros didáticos, terá que gastar, êste ano, no mínimo Cr$ 25.000,00, se quiser estudar, pois houve um aumento de 150 por cento no preço do papel.
Os livros, dos cursos primário e ginasial também foram aumentados: um simples livro de leitura, para escola de primeiras letras, custa uns Cr$ 300,00, e uma cartilha, que se vendia a 20 e 30 cruzeiros, passou a custar 200.
Assim um estudante do nível secundário, que no ano passado gastava Cr$ 2.500,00 na compra de seus livros, atualmente terá que gastar, no mínimo, três vezes mais.
Os preços dos livros e do material didático são cada vez mais altos impossibilitando a formação comum do homem brasileiro e em prejuízo da cultura nacional, tornando a Educação um privilegio da minoria bafejada pela fortuna.