SANTOS, Helena Lima. 12 de Julho - Anísio Spínola Teixeira. Tribuna do Sertão. Caetité, 19 jul. 1991.

12 DE JULHO

ANÍSIO SPÍNOLA TEIXEIRA

Helena Lima Santos

O dr. Anísio Spínola Teixeira era um caetiteense; nasceu na casa número 57 da praça da Catedral, que todos conheciam com o nome de "sobrado".

Seus pais foram dr. Deocleciano Pires Teixeira e Ana de Souza Spínola Teixeira. Teve muitos irmãos; eram 15 os filhos do dr. Deocleciano, de três casamentos com três irmãs, mas a maioria dos filhos foi do último casamento. Ainda vivem dois dos irmãos, um no Rio e uma em Salvador.

Anísio formou-se em Direito e dedicou sua vida a melhorar a educação do povo: ele tinha a plena convicção de que a raça humana só se eleva socialmente, diferenciando-se dos animais, pela educação. Dizia e escrevia, que "saber e virtude não chegam conosco do berço, mas são aquisições lentas e penosas por processos voluntários e organizados".

Reparem bem, ele, que nasceu numa família de posses, que teve seus estudos pagos por seus pais, conheceu aqui mesmo em Caetité, muitos meninos que NÃO PODIAM ESTUDAR PORQUE SEUS PAIS ERAM POBRES, e não podiam pagar escola, ou porque não havia escolas em número suficiente para todos.

Quando, depois de formado, foi trabalhar como secretário de Educação, lembrou-se de tantos de seus conterrâneos que não puderam chegar até onde ele e seus companheiros chegaram porque não tiveram escolas não tiveram onde estudar. E, no seu conhecimento do Brasil e do mundo, verificou ser isto uma verdade.

Na posição em que se encontrava, dirigindo uma secretaria de educação, jovem, tinha 23 anos - idealista e estudioso do assunto, empolgou-se pela causa da educação, e a ela dedicou sua vida.

O que se devia fazer para que o sertão baiano tivesse escolas, para todos? Começar pelo começo: tinha que haver professores, muitos professores, para que ensinassem nas escolas que iriam sendo criadas. E então, como primeiro passo, criou uma escola para preparar estes professores do interior do estado, na sua cidade, em Caetité.

Isto foi em 1926, há 65 anos. Até então só havia na Bahia uma escola Normal, na capital, em Salvador. Eram tão poucos professores e era ainda muito menor o número deles que se dispunham a vir ensinar em lugares tão distantes, no sertão.

Mas, o dr. Anísio conhecia bem a pobreza do sertanejo; se a escola exigisse uma taxa, de pouco serviria; por isso instalou a Escola Normal para servir ao povo, de graça. Em lugar nenhum do Brasil o ensino custa menos e está tão ao alcance de todos; aqui, só não se diploma quem não quer, porque só uma coisa se exige do aluno, que estude, que aprenda.

O objetivo que norteou sua política educativa era o de que a escola, onde se aprenderiam os princípios morais do homem e que constituiam a base da democracia de um povo, devia trazer três características bem marcantes: devia ser pública, gratuita e leiga.

PÚBLICA, porque é um serviço a que o povo tem o direito, que os governos são obrigados a oferecer;

GRATUITA, porque fica ao alcance de todos, nivelando ricos, pobres e remediados;

LEIGA, para que nelas todas as religiões possam ser ensinadas e respeitadas, a se aplicada a tolerância e o respeito à crença de cada um.

Mas, o dr. Anísio Teixeira ainda queria mais; queria que em países pobres como o nosso as crianças tivessem uma alimentação complementar a de sua casa, e ainda que o ensino fosse da melhor qualidade.

Na sua cidade, implantou um ensino como sonhava para todo o país: público, leigo, gratuito, ao alcance de todos e da melhor qualidade. (...) não tem escolas particulares, como em todas as outras cidades. Esta foi a herança de Anísio à sua terra, ao Brasil e ao mundo, por isto foi chamado "Estadista da educação".

Completaria no dia 12 de julho 91 anos.

Homenagem de uma auxiliar, uma pioneira da Escola Normal de Caetité.

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